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ÁLBUM DE FILMES VISTOS EM 2024

Nesta página do CineFialho, o leitor encontra todos os filmes vistos no decorrer de 2024, com cotação, um pequeno comentário ou o link para a crítica do filme.


212) A FLOR DE BURITI (2024) Dir. João Salaviza e Renée Nader Messora

COTAÇÃO: 9


Crítica: A FLOR DE BURITI (2024) Dir. João Salaviza e Renée Nader Messora (cinefialho.blogspot.com)

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211) SALAMANDRA (2024) Dir. Alex Carvalho

COTAÇÃO: 3


Crítica: SALAMANDRA (2024) Dir. Alex Carvalho (cinefialho.blogspot.com)

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210) UM LUGAR SILENCIOSO: DIA UM

COTAÇÃO: 6


Crítica: UM LUGAR SILENCIOSO: DIA UM (2024) Dir. Michael Sarnoski (cinefialho.blogspot.com)

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209) CASA IZABEL (2024) Dir. Gil Barone

COTAÇÃO: 6


Crítica: CASA IZABEL (2022) Dir. Gil Barone (cinefialho.blogspot.com)

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208) TESTAMENTO (2024) Dir. Denys Arcand 

COTAÇÃO: 7

Crítica: TESTAMENTO (2024) Dir. Denys Arcand (cinefialho.blogspot.com)

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207) BANDIDA: A NÚMERO UM (2024) Dir. João Wainer

COTAÇÃO: 4


Crítica: BANDIDA: A NÚMERO UM (cinefialho.blogspot.com)

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206) CLUBE DOS VÂNDALOS (2024) Dir. Jeff Nichols 

COTAÇÃO: 7


Crítica: CLUBE DOS VÂNDALOS (2023) Dir. Jeff Nichols (cinefialho.blogspot.com)

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205) EU SOU O SAMBA, MAS PODE ME CHAMAR DE ZÉ KETI (2023) Dir. Luiz Guimarães de Castro

COTAÇÃO: 7 


Crítica: EU SOU O SAMBA, MAS PODE ME CHAMAR DE ZÉ KETI (2023) Dir. Luiz Guimarães de Castro (cinefialho.blogspot.com)

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204) RYUICHI SAKAMOTO | OPUS (2023) Dir. Neo Sora

COTAÇÃO: 8 


Crítica: RYUISHI SAKAMOTO | OPUS (2023) Dir. Neo Sora (cinefialho.blogspot.com)

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203) TUDO O QUE VOCÊ PODIA SER (2023) Dir. Ricardo Alves Jr.

COTAÇÃO: 7  


Crítica: TUDO O QUE VOCÊ PODIA SER (2023) Dir. Ricardo Alves Jr. (cinefialho.blogspot.com)

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202) NOSSO VERÃO DARIA UM FILME (2024) Dir. Zacharias Mavroeidis

COTAÇÃO: 6


Crítica: NOSSO VERÃO DARIA UM FILME (2024) Dir. Zacharias Mavroeidis (cinefialho.blogspot.com)

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201) UMA FAMÍLIA FELIZ (2023) Dir. José Eduardo Belmonte

COTAÇÃO: 7


Crítica: UMA FAMÍLIA FELIZ (2023) Dir. José Eduardo Belmonte (cinefialho.blogspot.com)

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200) ASSASSINO POR ACASO (2023) Dir. Richard Linklater

COTAÇÃO: 8


Crítica: ASSASSINO POR ACASO (2023) Dir. Richard Linklater (cinefialho.blogspot.com)

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199) MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ (2023) Dir. Paulo Machline

COTAÇÃO: 6


Crítica: MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ (2024) Dir. Paulo Machline (cinefialho.blogspot.com)

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198) A ORDEM DO TEMPO (2024) Dir. Liliana Cavani

COTAÇÃO: 4


Crítica: A ORDEM DO TEMPO (2024) Dir. Liliana Cavani (cinefialho.blogspot.com)

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197) O ANEL DE EVA (2024) Dir. 

COTAÇÃO: 5 


Crítica: O ANEL DE EVA (2024) Dir. Duflair Magri Barradas (cinefialho.blogspot.com)

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196) GRANDE SERTÃO (2024) Dir. Guel Arraes

COTAÇÃO: 3 


Crítica: GRANDE SERTÃO (2024) Dir. Guel Arraes (cinefialho.blogspot.com)

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195) 13 SENTIMENTOS (2024) Dir. Daniel Ribeiro

COTAÇÃO: 4


Crítica: 13 SENTIMENTOS (2024) Dir. Daniel Ribeiro (cinefialho.blogspot.com)

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194) A ESTAÇÃO (2024) Dir. Cristina Maure

COTAÇÃO: 5


Crítica: A ESTAÇÃO (2024) Dir. Cristina Maure (cinefialho.blogspot.com)

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193) MUNDO NOVO (2021) Dir. Álvaro Campos 

COTAÇÃO: 7


Crítica: MUNDO NOVO (2021) Dir. Álvaro Campos (cinefialho.blogspot.com)

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192) A FESTA DE LÉO (2023) Dir. Luciana Bezerra e Gustavo Melo  

COTAÇÃO: 5


Crítica: A FESTA DE LÉO (2023) Dir. Luciana Bezerra e Gustavo Melo (cinefialho.blogspot.com) 

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191) A METADE DE NÓS (2024) Dir. Flavio Botelho

COTAÇÃO: 7


Crítica: A METADE DE NÓS (2024) Dir. Flávio Botelho (cinefialho.blogspot.com)

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190) IMACULADA (2024) Dir. Michael Mohan

COTAÇÃO: 2


Comentário: Tem filme que já começam mal pelo roteiro. Este é o caso de Imaculada, uma obra cheia de irregularidades, mesmo que tenha ideias interessantes e uma protagonista forte e com motivações que poderiam fazer o filme deslanchar, como a crítica à instituição católica por sua excessiva rigidez e moral contraditória. Mas as peças não se encaixam, ficam soltas em demasia, já que o roteiro nada azeitado leva o filme para o buraco. A direção também é confusa, é apressada, sem cuidado algum. Alguns sustos são gratuitos, quase que primários, para dar a impressão que esse é um filme de terror raiz. Algumas cenas com sangue aparecem com o mesmo intuito. Um filme para esquecer.             

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189) FURIOSA (2024) Dir. George Miller

COTAÇÃO: 7


Crítica: FURIOSA: UMA SAGA MAD MAX (2024) Dir. George Miller (cinefialho.blogspot.com)

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188) CRÔNICAS DO IRÃ (2023) Dir. Ali Asgari e Alireza Khatami

COTAÇÃO: 8


Crítica: CRÔNICAS DO IRÃ (2023) Dir. Ali Asgari, Alireza Khatami (cinefialho.blogspot.com)

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187) FÚRIA PRIMITIVA (2024) Dir. Dev Patel

COTAÇÃO: 5


Crítica: FÚRIA PRIMITIVA (2024) Dir. Dev Patel (cinefialho.blogspot.com) 

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186) CHIME (2023) Dir. Kiyoshi Kurosawa

COTAÇÃO: 8


Comentário: Chime é puro suco de K. Kurosawa, a atmosfera falando mais alto do que a história e o mistério em um tom maior ainda. Muitas conjecturas podem ser pensadas a partir da construção que o diretor realiza com a sua mise-en-scène realista, onde o som funciona como o elemento desorientador tanto da cena quanto do espectador. Em certo momento, o personagem do menino encaminha a nossa atenção para um som que aparentemente está apenas em sua cabeça, mas eis que isso funciona como um chamado para que fiquemos intrigados com tudo o que ouvimos a partir dali. É um ótimo exercício de cinema de horror, pelo ambiência e câmera sugestivas, mas também como análise de personagem, como o mestre de cozinha que em seu perfeccionismo e emprego instável lidando com alunos aleatórios, vai se transformando na medida que precisa lidar com uma situação de morte na qual não tem o mínimo controle. Mais uma obra avassaladora e misteriosa de K. Kurosawa.  

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185) OSPINA, CALI, COLÔMBIA (2023) Dir. Jorge de Carvalho

COTAÇÃO: 8


Crítica: OSPINA, CALI, COLÔMBIA (2023) Dir. Jorge Carvalho (cinefialho.blogspot.com)       

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184) BACK TO BLACK (2024) Dir. Sam Taylor-Johnson

COTAÇÃO: 4


Comentário: BACK TO BLACK (2024) Dir. Sam Taylor-Johnson (cinefialho.blogspot.com) 

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183) ÀS VEZES QUERO SUMIR (2023) Dir. Raquel Lambert

COTAÇÃO: 6


Crítica: ÀS VEZES QUERO SUMIR (2023) Dir. Rachel Lambert (cinefialho.blogspot.com)

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182) O DUBLÊ (2024) Dir. David Leitch

COTAÇÃO: 3


Comentário: Para quem busca um filme pelo puro escapismo que ele proporciona, e na qual a indústria hollywoodiana é pioneira, O Dublê é o alvo perfeito. A começar por uma dupla de ator/atriz (Ryan Gosling e Emily Blunt) como protagonistas amparados em um conceito padronizado de beleza branca e loura; somado a uma série de cenas de ação, com explosões, perseguições e capotamento de carros; não bastando tudo isso, ainda oferece um mundo rigorosamente dividido entre os bons e os maus. O Dublê reúne todos esses elementos para no fim não discutir nada sobre nada, a não ser uma série de clichês baratos que mal cabem no bolso de trás. Tudo bem, pode até ser considerado uma homenagem aos dublês, esses profissionais que fazem as cenas mais duras para as estrelas brilharem, mas também pode ser visto como uma baboseira para ser consumida tal como um podrão na esquina mais próxima, cujo sabor já está mais do que manjado e conhecido.

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181) RUMO À OUTRA MARGEM (2015)

COTAÇÃO: 8


Comentário: Quem conhece as obras de terror de Kiyoshi Kurosawa vai em parte estranhar Rumo à Outra Margem, um drama enigmático e amoroso. Mesmo que a trama seja dramática, pode-se observar o quanto Kurosawa a filmou como se fosse um filme de terror. Ficamos meio que desnorteados e incrédulos, enquanto acompanhamos a trajetória inusitada de Mizuki em companhia do marido morto, que misteriosamente reaparece do nada para ela depois de 3 anos de sua suposta morte. O mais interessante é o quanto de delírio o filme se permite, e nos leva no embalo, justamente por embalar-se na imaginação fértil e rica de Mizuki rumo ao desconhecido mundo de Yusuke. Algumas cenas são tão surpreendentes que não sabemos para onde Kurosawa está levando a trama. Sem dúvida, uma brincadeira deliciosa de um mestre que sabe se utilizar do cinema como veículo da imaginação e do mistério que é a aventura humana na Terra.   

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180) A ESTRELA CADENTE

COTAÇÃO: 7


Crítica: A ESTRELA CADENTE (2023) Dir. Dominique Abel e Fiona Gordon (cinefialho.blogspot.com)

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179) UM DIA NOSSOS SEGREDOS SERÃO REVELADOS (2023) Dir. Emily Atef

COTAÇÃO: 8 


Crítica: UM DIA NOSSOS SEGREDOS SERÃO REVELADOS (2023) Dir. Emily Atef (cinefialho.blogspot.com)

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178) GARFIELD - FORA DE CASA (2024) Dir. Mark Dindal

COTAÇÃO: 4


Comentário: Garfield - Fora de casa pode decepcionar boa parte do público por ser um filme muito voltado para uma plateia infantil, apesar do desenho tradicionalmente ser admirado pelo segmento adulto. A história do filme é frágil, em especial por ter um desenvolvimento sem criatividade, que na maioria da trama parece algo requentada de outras animações. Em determinado momentos o filme fica enfadonho e desinteressante, mesmo que do ponto de vista da técnica o desenho seja eficiente e bem feito. As piadas são, em sua maioria, previsíveis e sem graça.

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177) TRANSE (2022) Dir. Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães 

COTAÇÃO: 8


Crítica: TRANSE (2022) Dir. Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães (cinefialho.blogspot.com)

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176) PLANETA DOS MACACOS:O REINADO (2024) Dir. Wes Ball

COTAÇÃO: 8


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/05/planeta-dos-macacos-o-reinado.html?m=1

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175) RIVAIS (2024) Dir. Luca Guadagnino

COTAÇÃO: 6


Crítica: RIVAIS (2023) Dir. Luca Guadagnino (cinefialho.blogspot.com)

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174) GUERRA CIVIL (2023) Dir. Alex Garland 

COTAÇÃO: 5


Comentário: O mais surpreendente em "Guerra Civil" é que não há sequer uma discussão política durante as quase duas horas de projeção. O filme é sobre uma guerra civil que não sabemos ao certo qual é, e quais os interesses e grupos políticos envolvidos nela. Só sabemos que se passa nos EUA. Ao final, é um filme de suspense em torno de um grupo de 4 jornalistas e 2 fotógrafas cobrindo o evento, mas que também ficamos sem saber quais são os seus interesses ou os de seus veículos de imprensa. Tudo, isto é, a guerra civil, é somente um pretexto para mais um filme de ação repleto de situações de tensão enfileiradas, um tour de force com cenas de suspense, momentos dramáticos e de dificuldades vividos pelos personagens em um cenário de guerra. Sem grandes desafios dramatúrgicos, os atores e direção dão conta do recado, prendendo a atenção até o fim. Talvez seja mais uma boa oportunidade para o público internacional conhecer melhor o nosso carismático Wagner Moura, mesmo que o filme não tenha realmente uma história para contar.

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173) O SIGNO DO CAOS (2005) Dir. Rogério Sganzerla

COTAÇÃO: 9


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/05/o-signo-do-caos-2005-dir-rogerio.html?m=1

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172) LOVE LIES BLEEDING - O AMOR SANGRA

COTAÇÃO: 5


Comentário: O melhor da trama de "Love Lies Bleeding" é a força do romance LGBT e como ele é filmado por Rose Glass, fora as interpretações vigorosas de Kristen Stewart, como Lou, e de Katy O'Brian, como Jackie. Há no filme ecos de David Lynch (Veludo Azul), entretanto, os excessos extrapolam de tal forma que a promissora diretora Rose Glass perde a mão, deixando a violência dominar de tal modo a situação narrativa, que qualquer razoabilidade fica abalada. Considero louvável as denúncias do filme sobre abusos sexual e de violência contra a mulher, mas esses aspectos perdem força quando os personagens flutuam entre a interpretação nonsense (Anna Baryshnikov como Daisy) e a realista das protagonistas. Essa falta de coesão no tom, faz o filme desandar. O meu maior senão à direção está numa ausente sutileza necessária até quando estamos a elucubrar no terreno da loucura. Lynch, por exemplo, constrói a dubiedade social, os papéis diurnos e soturnos de uma gente dita do bem. A violência de Rose Glass se limita à espetacularização, não sai da superfície e junta alhos com bugalhos, ficando apenas na promessa.

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171) ALMAS PERDIDAS (1977) Dir. Dino Risi

COTAÇÃO: 9


Comentário: Surpreendente como Dino Risi sai do seu universo e adentra em um drama obscuro, em uma Veneza gótica para lá de decadente. Vittorio Gassman está, como sempre, soberbo; Catherine Deneuve, um primor de composição de uma personagem nebulosa no limite da insanidade reprimida. Há ecos visíveis do terror gótico de Corman na construção dramática, como uma influência marcante de Vicent Price em Gassman. Que fotografia magistral, abusando das sombras. A cena em que a personagem de Deneuve sai das sombras é deslumbrante. "Almas perdidas" é um drama com pitadas de terror, um mergulho intenso na psiquê humana, no seu mecanismo mais assustador, de como o peso do passado ou de uma tradição pode soterrar as emoções dos indivíduos.

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170) PERFUME DE MULHER (1974) Dir. Dino Risi

COTAÇÃO: 8


Comentário: Clássico do cinema romântico italiano, dirigido por Dino Risi, um dos grande diretores do país. Só o fato de assistir à performance de Vittorio Gassman neste filme já vale o ingresso, como um capitão reformado cego que viaja em companhia de um jovem recruta até Napoli, local onde haverá dois acertos de contas, um deles um amor que ficou para trás. O jeito bonachão do capitão esconde uma grande melancolia e um trauma na alma do personagem. Aos olhos de hoje, algumas cenas demonstram o machismo de um personagem, mas o final inesperado subverte essa lógica, quando o capitão assume suas fraquezas físicas e um amor fadado ao fracasso. A música é um destaque à parte, com direito até a Pepino di Caprio. O filme foi adaptado nos Estados Unidos, nos anos 1990, por Martin Brest, com interpretação que deu um Oscar a Al Pacino.  

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 169) CIDADE RABAT (2023) Dir. Susana Nobre

COTAÇÃO: 6


Comentário: A diretora Susana Nobre faz um retrato melancólico da vida de Helena (Raquel Castro), uma mulher de 40 anos, separada e que perde a mãe, na qual nutria uma imensa reverência. Em uma narrativa lenta, vemos Helena se entregar de maneira inconsequente à vida, como uma espécie de segunda adolescência, se entregando à noitadas, mas sendo surpreendida inesperadamente pela vida adulta. Não deixa de ser um registro amoroso perante a vida que pode começar a qualquer momento. Mesmo que o filme rateie em algumas sequências, vale pela interpretação de Raquel Castro. Especial a cena em que Helena corta o sermão do padre no velório da mãe para dizer que ela não acreditava em nada.    

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168) BEBÊ RENA (2024) Primeira temporada da Série - Dir. Richard Gadd

COTAÇÃO: 6


Comentário: Essa série potencializa questões psicológicas pesadas, em uma narrativa que se aproxima do suspense. A personagem Martha (Jessica Gunning) é algo à parte em "Bebê Rena", um barril de pólvora prestes a explodir com a vida de Donny Dunn (Richard Gadd), um comediante que é obrigado a trabalhar em um bar para sobreviver. A série explora várias formas de assédio, não só o de Martha, mas também o de um diretor teatral que chega às raias maiores de agressividade, com a prática estupro depois de dopar Donny. "Bebê Rena" é uma série que atende às expectativas de uma narrativa clássica, com os conflitos bem desenvolvidos, mas nada para além disso, apenas mais uma história bem narrada, sem ousadias em uma estrutura cíclica, pensada para deixar uma possibilidade de continuidade. "Bebê Rena" não deixa de ser uma história interessante regida por uma narrativa convencional, bem ao estilo Netflix, com bom acabamento visual e sonoro, poucos ambientes e sem grandes audácias na plano formal. O velho truque de ousar na temática e apostar no impacto extremado da história, muitas vezes apelativa, o que atrai a audiência, e afinal, tem o que mais importa para os velhos tubarões do mercado audiovisual: o choque. 

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167) A JOVEM RAINHA VITÓRIA (2009) Dir. Jean-Marc Vallée

COTAÇÃO: 6


Comentário: "A Jovem Rainha Vitória" é um filme todo redondinho, uma típica produção esmerada de época, que consegue equilibrar os elementos sem exageros e sem abrir mão do luxo. O maior contratempo dessa obra é ela não ir além da superfície, se prendendo por demais nas intrigas palacianas e nas intimidades amorosas de uma das mais importantes rainhas da história, que possui um peso gigantesco para a consolidação do capitalismo inglês. O elenco está muito bem dirigido, com destaque para a interpretação de Emily Blunt como a Rainha Vitória. Quem buscar mais peso histórico e político vai se decepcionar, pois a produção dedica apenas uns minutinhos a essas questões.        

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166) O HOMEM DO NORTE (2022) Dir. Robert Eggers

COTAÇÃO: 4


Comentário: "O Homem do Norte" se ampara nas lendas nórdicas ao mesmo tempo que se inspira em paralelo em Hamlet, de William Shakespeare. O filme tinha todos os elementos para ser mais uma obra surpreendente de Eggers, tal como foi "A Bruxa" e "O Farol", inclusive um orçamento bem superior aos dois já citados. Mas o que acontece é que Eggers se perde em meio a tanto CGI, abusa da tecnologia, em especial dos filtros fotográficos na finalização e não consegue imprimir uma história para além da ação. Tudo fica com um aspecto visual por demais artificial e os exageros não estão só na imagem, eles podem ser encontrados também na caracterização dos personagens, a maioria com aspectos inumanos. Eggers se embrenha e se enrola na reafirmação de uma ideia de vingança que só vai crescendo e esquece de cuidar do desenvolvimento dos personagens. Como resultado, o filme torna-se rapidamente esquecível. 

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165) A FILHA DO PALHAÇO (2023) Dir. Pedro Diógenes 

COTAÇÃO: 8


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/05/a-filha-do-palhaco-2022-dir-pedro.html?m=1

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164) O MAL NÃO EXISTE (2023) Ryusuke Hamaguchi

COTAÇÃO: 8


Crítica: O MAL NÃO EXISTE (2023) Dir. Ryusuke Hamaguchi (cinefialho.blogspot.com)

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163) RAPTO (2023) Iris Kaltenbäck

COTAÇÃO: 5


Comentário: Filme traz uma história já bem batida, de um rapto de bebê realizado por uma amiga e parteira da criança. Tudo é morno e previsível, uma mulher que quer usar o nascimento do bebê da amiga para prender o namorado que a havia dispensado. As atuações são medianas, sem grandes surpresas, aliás como tudo no filme. A diretora Iris Kaltenbäck realiza um filme realmente sem atrativos narrativos, visuais ou sonoros. Uma sessão da tarde sem maiores emoções e sem atores que realmente segurem os poucos mais de 90 minutos do filme.   

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162) RETORNO DA LENDA (2024) Dir. Potsy Ponciroli

COTAÇÃO: 6


Comentário: A maior qualidade desse western é também sua maior fraqueza: se espelhar nas tramas mais tradicionais do gênero, sem promover nenhuma repaginada no gênero. O roteiro é bem amarrado e guarda uma surpresa para o fim, quando já achamos que a história havia acabado. A direção mostra que fez o dever de casa em estudar bem os planos mais usuais do gênero e utilizá-los com competência. No elenco, destaque para o protagonista Henry (Tim Blake Nelson), que segura o filme em todas as cenas em que está presente. De resto, é o já velho padrão Netflix de produzir, com poucas locações, enfoque na direção de atores e na direção de arte e fotografia, o que garante uma imagem bem cuidada, apesar de padronizada. 

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161) LUZ NOS TRÓPICOS (2020) Dir. Paula Gaitán

COTAÇÃO: 9


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/04/luz-nos-tropicos-2020-dir-paula-gaitan.html?m=1

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160) UMA BAÍA (2021) Dir. Murilo Salles 

COTAÇÃO: 7


Comentário: O diretor Murilo Salles faz um mosaico de uma vida invisível que flutua em volta da Baía da Guanabara. São trabalhadores (pescadores, estivadores, barqueiros, entre outros) que são filmados no modo observacional, em um documentário sem diálogo, inteiramente calcado nas imagens e sons inerentes aos lugares abordados. Servem de cenário a favela da Maré, Jurujuba, Niterói, Paquetá, as Docas, a Ilha do Governador e os pilotis da Ponte Rio-Niteroi, sempre mostrados em ângulos pouco comuns, como se não conhecêssemos estes lugares. Esse olhar enviesado empresta uma poética interessante no resultado final do documentário.

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159) LA CHIMERA (2023) Dir, Alice Rohrwacher

COTAÇÃO: 9


Crítica: LA CHIMERA (2023) Dir. Alice Rohrwacher (cinefialho.blogspot.com)

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158) AUMENTA QUE É ROCK'N ROLL (2023) Dir. Tomás Portella

COTAÇÃO: 7


Crítica: AUMENTA QUE É ROCK'N ROLL (cinefialho.blogspot.com)

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157) DORIVAL CAYMMI - UM HOMEM DE AFETOS (2023) Dir. Daniela Broitman

COTAÇÃO: 7


Crítica: DORIVAL CAYMMI - UM HOMEM DE AFETOS (cinefialho.blogspot.com)        

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156) ZONA DE EXCLUSÃO (2023) Dir. Agnieszka Holland

COTAÇÃO: 4


Crítica: ZONA DE EXCLUSÃO (2023) Dir. Agnieszka Holland (cinefialho.blogspot.com)

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155) E A FESTA CONTINUA! (2023) Dir. Robert Guédiguian

COTAÇÃO: 8


Crítica: E A FESTA CONTINUA! (2023) Dir. Robert Guédiguian (cinefialho.blogspot.com)

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154) NÉVOA PRATEADA (2023) Dir. Sacha Polak

COTAÇÃO: 6


Crítica: NÉVOA PRATEADA (2023) Dir. Sacha Polak (cinefialho.blogspot.com)

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153) SEM CORAÇÃO (2023) Dir. Nara Normande e Tião

COTAÇÃO: 9

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152) UM FILME PARA BEATRICE (2024) Dir. Helena Solberg

COTAÇÃO: 8


Comentário: A escritora Beatrice Andreose, depois de assistir ao documentário "A entrevista", de 1966, dirigido por Helena Solberg, lança uma pergunta à diretora brasileira: Como estão hoje as mulheres brasileiras? A partir dessa interrogação Solberg vai a campo tentar, se não responder, pelo menos jogar uma luz sobre o tema. Assim, a diretora assume a narração do filme para a partir de questões postas em seus filmes antigos até chegar aos nossos dias, onde em conversa com a professora Heloísa Buarque de Hollanda se esforça por entender a complexidade do feminismo dos nossos tempos. Fica evidente, que precisamos hoje expandir o campo do feminino, com vozes, negras, trans e não binárias. Conclui-se ainda que a discussão acerca do gênero precisa ser expandida para ser melhor compreendida. Um filme imprescindível, que parte de uma pergunta para chegar a tantas outras, o que faz dele um importante veículo de discussão sobre o feminino em nosso mundo atual.

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151) A PAIXÃO SEGUNDO G.H.

COTAÇÃO: 9


Crítica: A PAIXÃO SEGUNDO G.H. (2023) Dir. Luiz Fernando Carvalho (cinefialho.blogspot.com)

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150) UM FILME PARA BEATRICE (2024) Dir. Helena Solberg

COTAÇÃO: 8

Comentário: A escritora Beatrice Andreose, depois de assistir ao documentário "A entrevista", de 1966, dirigido por Helena Solberg, lança uma pergunta à diretora brasileira: Como estão hoje as mulheres brasileiras? A partir dessa interrogação Solberg vai a campo tentar, se não responder, pelo menos jogar uma luz sobre o tema. Assim, a diretora assume a narração do filme para a partir de questões postas em seus filmes antigos até chegar aos nossos dias, onde em conversa com a professora Heloísa Buarque de Hollanda se esforça por entender a complexidade do feminismo dos nossos tempos. Fica evidente, que precisamos hoje expandir o campo do feminino, com vozes, negras, trans e não binárias. Conclui-se ainda que a discussão acerca do gênero precisa ser expandida para ser melhor compreendida. Um filme imprescindível, que parte de uma pergunta para chegar a tantas outras, o que faz dele um importante veículo de discussão sobre o feminino em nosso mundo atual. 

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149) NADA SERÁ COMO ANTES: AS MÚSICAS DO CLUBE DA ESQUINA (2023) Dir. Ana Rieper

COTAÇÃO: 8


Crítica: NADA SERÁ COMO ANTES: AS MÚSICAS DO CLUBE DA ESQUINA (2023) Dir. Ana Rieper (cinefialho.blogspot.com)

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148) FERNANDA YOUNG - FOGE-ME AO CONTROLE (2024) Dir. Susanna Lira

COTAÇÃO: 7


Comentário: Ao filmar uma biografia os caminhos são os mais variados e Susanna Lira opta em "Fernanda Young - Foge-me ao controle" em focar mais na relação coerente entre obra escrita e a vida da escritora. Esse enfoque garante um olhar consequente ao documentário de Lira, dando voz à escritora por meio das palavras de Maria Ribeiro. Mas confesso que no plano das imagens o filme me incomodou pelo excesso (talvez numa tentativa de capturar o da própria personagem), não só pela quantidade, mas pela insistente intervenções nas texturas. O ponto alto está quando vemos Young tanto nos programas e entrevistas que participou como convidada (como Saia Justa, Marília Gabriela e Antonio Abujamra) quanto nos famosos programas que escreveu (Os Normais e Os Aspones). Lira consegue nesses momentos resgatar o cerne do pensamento de Young, questionadora implacável do papel das mulheres na sociedade brasileira contemporânea.              

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147) O CINEMA TEM SIDO O MEU VERDADEIRO AMOR: O TRABALHO E A VIDA DE LYNDA MYLES (2023) Dir. Mark Cousins

COTAÇÃO: 8


Comentário: O cineasta/crítico Mark Cousins se utiliza de seu já conhecido estilo de filmar dividindo o filme em capítulos e com uma voz em off recortando a narração com imagens dos filmes citados, mas aqui a visão de cinema é da produtora Lynda Myles, famosa por produzir cineastas como Alan Parker, Stephen Frears e Chen Kaige. Me chamou a atenção a maneira como Cousins filma Lynda se utilizando do close do seu rosto, o que revela a inquietude e a paixão dela pelo cinema. Lynda fala da influência de cineastas mulheres como Larissa Chepitko e Dorothy Arzner. É surpreendente as tomadas em que as projeções dos filmes engolem Lynda e por tabela nos arremessa em uma viagem no som e na imagem. O lema "ver filmes e fazer filmes" funciona como um mantra de amor ao cinema e promove uma identificação da produtora com o público. A sequência de Lynda atrás da tela de "Vertigo" é uma das mais impressionantes tanto pelo som quanto pela imagem. 

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146) VERÍSSIMO (2023) Dir. Angelo Defanti

COTAÇÃO: 9


Comentário: VERISSIMO (2023) Dir. Angelo Defanti (cinefialho.blogspot.com)

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145) OS MÉDICOS DE NIETZSCHE (2023) Dir. Jorge Leandro Colas

COTAÇÃO: 2


Comentário: Tem filmes que enganam pela sinopse, "Os médicos de Nietzsche" é um deles. Durante os 70 minutos da projeção não conseguimos captar a relação do filósofo alemão à proposta do diretor Jorge Leandro Colas. Tudo é tão solto e superficial, além de mal filmado, que não conecta o espectador à proposta. O médico protagonista não chega a impressionar, nem como médico e tão pouco como filósofo. Sem realmente vender um método de tratamento, o filme fica a flutuar, sem dizer para que veio. 

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144) O MEU NOME É ALFRED HITCHCOCK (2023) Dir. Mark Cousins

COTAÇÃO: 9


Comentário: O mais impressionante de "O meu nome é Alfred Hitchcock" é a maneira criativa como Mark Cousins aporta no universo múltiplo do diretor inglês. Cousins escolhe 6 temas (fuga, desejo, solidões, tempo, realização e altura) para durante duas horas brincar com os filme do mestre inglês, propondo pensamentos inusitados e originais, sem esquecer do humor cáustico e leve que o consagrou. Outra surpresa maravilhosa é a impecável narração em off realizada no presente, pelo próprio diretor, na voz do ator Alister McGowan, que emula Hitchcock com uma rara precisão. Cheguei a pensar que era uma voz vinda da IA. Se fosse um pouco mais enxuto (como vários filmes de Cousins), seria uma obra-prima. 

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143) BRIZOLA (2023) Dir. Marco Abujamra

COTAÇÃO: 7


Comentário: "Brizola" é um documentário que narra com competência a vida de um dos maiores líderes políticos da história do Brasil. O filme começa na volta do exílio durante o período de abertura política nos anos 1980. O diretor Marco Abujamra narra os momentos mais decisivos de sua trajetória, como suas ideias sobre a educação e justiça social, além de sublinhar nos discursos políticos a sua tão famosa verve como orador. O único senão do filme está em não centrar em uma época, mostrando uma sede de abarcar todas as épocas, o que torna o seu resultado muito generalista, o que leva a omissão de alguns contextos importantes como o discurso na Central do Brasil e a luta pela reforma agrária no período do Governo de João Goulart.           

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142) IGUALADA (2024) Dir. Juan Mejia Botero

COTAÇÃO: 8 


Comentário: "Igualada" é um filme colombiano que trata da campanha de Francia Márquez, uma ativista mineira que chegou à vice-presidência da Colômbia, numa frente de esquerda. O filme mostra as ideias de Francia em favor dos trabalhadores, dos afrodescendentes, dos LGBTs e outros grupos sociais excluídos secularmente na Colômbia. É um documentário forte, que mostra bem o engajamento dela na sociedade e a coragem dela em enfrentar os grupos paramilitares assassinos. O filme ainda mostra Francia em 2009, jovem e já se iniciando na luta política pelos direitos dos excluídos.

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141) ANTONIO CANDIDO - ANOTAÇÕES FINAIS

COTAÇÃO: 10


Crítica: ANTONIO CANDIDO, ANOTAÇÕES FINAIS (2023) Dir. Eduardo Escorel (cinefialho.blogspot.com)

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140) MARCHA SOBRE ROMA (2022) Dir. Mark Cousins

COTAÇÃO: 6


Comentário: O crítico de cinema Mark Cousins realiza mais um ensaio cinematográfico, agora, sobre a ascensão fascista de Benito Mussolini, analisando pormenores do filme "A Noi", destacando detalhes que passaram despercebidos. O diretor ainda cria uns contrastes com filmes que ressaltam a dança em contraposição à marcha fascista, como o clássico "Um dia especial", de Ettore Scola; "O conformista", de Bernardo Bertolucci. Entretanto, mesmo que divida sua obra em 5 partes, numa tentativa de organização, o todo revela-se irregular, e de certo modo cansativo, e às vezes repetitivo. Vale por colocar em suspenso as estratégias fascistas de poder pelas imagens e a sua volta desastrosa em nossos tempos.

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139) UNRELATED (2007) Dir. Joanna Hogg

COTAÇÃO: 7


Comentário: O que mais chama a atenção em "Unrelated" é o estilo sombrio que a cineasta Joanna Hogg imprime ao filme. Logo na primeira cena, a protagonista Anna (Kathryn Worth), uma mulher em crise no casamento, chega na casa alugada por uma família de amigos na Toscana. A imagem escura, sinistra, onde os rostos não são distinguíveis, demonstra como a história vai ser contada. Para acentuar essa sensação, a câmera de Hogg dificilmente se aproxima dos closes. "Unrelated" privilegia os planos gerais, pois o comportamento da família está no centro da trama, mesmo que a paquera de Anna com um rapaz mais jovem possa predominar em boa parte do filme. Esse é um retrato familiar bem áspero, que vale à pena ser visto.           
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138) AMMONITE (2023) Dir. Francis Lee

COTAÇÃO: 8


Crítica: AMMONITE (2020) Dir. Francis Lee (cinefialho.blogspot.com)

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137) A CAMAREIRA (2014) Dir. Ingo Haeb 

COTAÇÃO: 9


Crítica: A CAMAREIRA (2014) Dir. Ingo Haeb (cinefialho.blogspot.com)

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136) O REINO ANIMAL (2023) Dir. Thomas Cailley

COTAÇÃO: 8


Comentário: O mínimo que pode ser dito de "O Reino Animal" é que se trata de um filme extremamente perturbador. Muitas metáforas podem ser pensadas a partir desta fábula distópica: a animalização da vida moderna; a incomunicabilidade humana; o conflito geracional; e a intolerância à diferença. Mas a decisão do diretor Thomas Cailly de não se definir frente a tantas possibilidades é que faz o filme ser tão interessante. O roteiro é convencional, um misto de aventura e suspense, e permite que a obra flua e nos prenda a atenção. A camada sonora também colabora muito para que fiquemos imersos e maravilhados com esse universo tomado pela fantasia e a melancolia. Ficamos sem saber se é pior ser um humano medíocre (pois é isso que a sociedade faz conosco), ou um animal a ser perseguido por humanos intolerantes.           

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135) DELFIN (2019) Dir. Gaspar Scheuer

COTAÇÃO: 8


Comentário: Argentino sabe fazer um filme forte, sensível e dramático sem ser apelativo. Um filme todo bem azeitado, equilibrado em seus elementos constitutivos. Atuação dos atores, bom desenvolvimento do enredo, bom ritmo e uma fotografia que sabe ser efetiva à mensagem que o filme quer passar, com destaque para a iluminação sombria da casa de Denfin. Denfin é um personagem cativante, com uma força interior muito bem construída pela narrativa, mas o diretor sabe como jogar com a ambição do menino com a música e a sua total falta de preparo para o mundo. Mais uma vez, o cinema argentino demonstra que sabe falar de um contexto social difícil e desigual, embora jamais negue uma perspectiva de futuro para os seus personagens, por mais que ela seja do tipo de uma luz no final do túnel.           

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134) FRIDA (2023) Dir. Carla Gutiérrez

COTAÇÃO: 8


Crítica: FRIDA (2023) Dir. Carla Gutiérrez (cinefialho.blogspot.com)

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133) O PRIMEIRO DIA DE MINHA VIDA (2023) Dir. Paolo Genovese

COTAÇÃO: 4


Comentário: A maior sensação que temos após assistir a "O primeiro dia da minha vida" é a de que já vimos esse filme antes. Sem surpresas, parece uma cópia mal feita de "Asas do desejo", de Win Wenders. Previsível, quase sempre monótono, nem Toni Servillo foi capaz de salvar o filme da tragédia que ele é. A produção até é esmerada, cuidadosa, uma fotografia que sabe equilibrar o sombrio e uma cor quente de esperança, mas o roteiro sem brilho não deixa a história deslanchar. Para piorar, há uma autoindulgência, típica desses filmes que é difícil de aturar. Um filme esquecível logo após o final dos créditos.     

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132) PARA SEMPRE UMA MULHER (1955) Dir. Kinuyo Tanaka

COTAÇÃO: 10


Crítica: PARA SEMPRE UMA MULHER (1955) Dir. Kinuyo Tanaka (cinefialho.blogspot.com)
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131) AS MENINAS ESTÃO BEM!

COTAÇÃO: 5


Comentário: "As meninas estão bem!" parte de um plot já bem manjado, a de um grupo de teatro que se reúne para ensaiar uma peça. O diferencial aqui é que tanto a diretora do filme quanto da peça assim como todo o elenco é composto por mulheres. São vários ensaios, conversas íntimas, diversões em um verão agitado. Mas nada chega a surpreender e empolgar em nenhum momento. Tudo segue morno, convencional e careta. As atrizes não comprometem, porém não entregam nada de especial. O resultado é um filme morno, sem grandes atrativos, a não ser alguns diálogos que quase chegam em algum lugar. 

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130) LILITH (2023) Dir. Bruno Safadi

COTAÇÃO: 4 


Comentário: "Lilith" parte de uma história mitológica bíblica para tentar revertê-la, porém a execução se revela frágil e desiquilibrada. A verdade é que a história demora muito a caminhar e a dizer o que veio a dizer, mesmo que a imagem seja bem trabalhada e o elenco tenha uma atriz com a força de Isabél Zuaa, o filme se perde em seu experimentalismo e na sua teatralidade forçada, fora o insistente e nada criativo discurso em off a martelar e mastigar o que as imagens não conseguem exprimir. No final, o discurso contra o patriarcado, para onde o filme queria centrar suas forças, se mostra sem vigor e sem potência alguma.

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129) APARIÇÃO (2012) Dir. Isabel Sandoval

COTAÇÃO: 7


Comentário: "Aparição" é mais um filme filipino que aborda os tempos da ditadura militar de Ferdinando Marcos. Só que a história se passa em um convento. Mesmo que a diretora Isabel Sandoval tenha total domínio do tema, nota-se uma direção de atores frágil, que compromete algumas cenas. Mas a força dessa história que envolve a violência de um estupro de uma jovem freira e a conivência institucional da igreja bate forte no espectador. Sem dúvida, um filme que deixa registrada as marcas de injustiças e do patriarcado de uma sociedade hipócrita, violenta e autoritária.     

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128) BOLA PRO ALTO (2023) Dir. Cecília Lang

COTAÇÃO: 6


Comentário: Um documentário com a cara de um Rio de Janeiro da praia. Os personagens vão comentando sobre a arte de jogar altinha. A diretora Cecília Lang se mostra bem atenta à diversidade que cobre o tema e mostra as várias perspectivas desse curioso jogo, em que a mágica é não deixar a bola cair no chão. São muitas cenas bem filmadas, mostrando as acrobacias que distinguem o jogo. A poesia do jogo não é esquecida e tão pouco os personagens que foram os responsáveis pela propagação do jogo no seu maior reduto, o Coqueirão, na icônica Praia de Ipanema. A presença das mulheres também é um dos pontos altos do documentário.    

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127) SAUDOSA MALOCA (2023) Dir. Pedro Serrano

COTAÇÃO: 8


Crítica: SAUDOSA MALOCA (2023) Dir. Pedro Serrano (cinefialho.blogspot.com)

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126) QUE NADA DURMA (2023) Dir. Antonio Méndez Esparza

COTAÇÃO: 8


Comentário: Um filme essencialmente espanhol, que possui a verve de um Almodóvar ou até mais de um Carlos Vermut (A garota de fogo e Mantícora). Um filme apimentado, de uma personagem: Lucia, uma mulher de meia idade, independente, que parte para cima da vida e reverte os percalços com uma originalidade no mínimo cativante. Interessante como o diretor Esparza cria uma narrativa tortuosa, que ora parece ter contornos político-trabalhistas, ora romântico, ora feminista, ora vingativo, mas que é um pouco de tudo isso, repleto de um combustível criativo e imprevisível. Lucia é de certo um das grandes personagens dos últimos tempos e tentar defini-la pode ser uma perda de tempo sem tamanho. Eu só consegui admirá-la sem freios.      

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125) UMA VIDA (2023) Dir. James Hawes

COTAÇÃO: 4 


Comentário: Eis um filme que tinha quase tudo para não ser grande e realmente não foi. A velha temática de um heroi a salvar centenas de crianças durante o holocausto nazista. Agora é a vez de Nicholas Wilton, na velhice interpretado nada menos que por Anthony Hopkins. Mas essa é uma das decepções, pois a maioria do filme vemos as memórias dele e somos privados de ter mais uma interpretação magistral do célebre ator inglês. O maior problema de "Uma vida" é que o heroísmo de um homem se sobrepõe a própria história, o que torna um filme de uma camada única. O diretor desperdiça vários momentos cruciais ao se deixar levar para o apelativo. O final é só a comprovação do choro fácil que o filme quer evocar. 

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124) AZUL PROFUNDO PERMANENTE (1992) Dir. Margareth Tait

COTAÇÃO: 8 


Comentário: Um filme sobre memória, pertencimento, amor parental e sobretudo sobre espaço. Três mulheres de gerações diferentes se encontram em temporalidades diversas, embaladas por uma câmera norteada pelo balanço do mar de um lugarejo na Irlanda. Um filme perfeito para falar da diferença entre vivência e experiência em Walter Benjamin. A primeira trata do ato de viver e rememorar um determinado momento vivido, a segunda acontece quando se reflete sobre essa vivência, ação que a transforma profundamente, e mais do que isso, a ressignifica. "Azul profundo permanente" é um estudo cinematográfico a partir da experiência.           

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123) NOSSO ETERNO VERÃO (2020) Dir. Émilie Aussel

COTAÇÃO: 7


Comentário: O que mais interessante em "Nosso eterno verão" é o retrato cruel que só a vida pode revelar. De como se sai do mais alto grau de felicidade juvenil para a infeliz sensação de perda. Para Émilie Aussel a morte é não só a nossa vizinha mais indesejada como pode ser a mais próxima. O maior impacto do filme é como ele transita da euforia ao desespero. Se a juventude é ímpeto, aceleração, o fracasso também vem do mesmo modo. A câmera sabe flertar poeticamente com todos esses momentos, incorporando à forma fílmica, os sentimentos que a narrativa provoca, ora como euforia ora como reflexão. Esse equilíbrio cativa e deixa a impressão que as histórias daqueles jovens poderiam ter sido ampliadas.

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122) A LUA NASCEU (1955) Dir. Kinuyo Tanaka

COTAÇÃO: 9


Crítica: A LUA NASCEU (1955) Dir. Kinuyo Tanaka (cinefialho.blogspot.com)

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121) O SABOR DA VIDA (2023) Dir. Anh Hung Tran

COTAÇÃO: 8


Crítica: O SABOR DA VIDA (2023) Dir. Anh Hung Tran (cinefialho.blogspot.com)

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120) GARRA DE FERRO (2023) Dir. Sean Durkin

COTAÇÃO: 6


Comentário: "Garra de ferro", com uma narrativa clássica, traz à baila, uma típica história baseada na ideologia estadunidense da necessidade constante pela vitória, aqui, no caso, destaca uma família de lutadores de Luta Livre. Lembra muito os dramas dos anos 1980, com ênfase mais nos fatos do que no desenvolvimento psicológico dos personagens. Zac Efron é o maior destaque do elenco, como o irmão mais velho e introspectivo. O filme vai até bem, até derrapar numa certa curva espírita nada a ver. Podia ser um épico, mas o roteiro, ao final, descamba para um dramalhão daqueles. Incrível como essas produções estadunidenses conseguem deixar um final relativamente feliz até um drama pesadíssimo.    

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119) THE LAST REPAIR SHOP (2023) Dir. Kris Bowers e Ben Proudfoot

COTAÇÃO: 4


Comentário: Mais um filme que tenta empurrar para a ideia de cinema como um salvacionismo. Histórias edificantes, de luta pela sobrevivência e pelo amor à arte. Por mais que a intenção seja a melhor possível, esse lado apelativo é gritante demais e no documentário ele salta mais ainda aos olhos. Em caso de dúvida, reparem na música sempre propositalmente tocante inserida para comover o espectador. Personagens vindos das camadas mais pobres em contraste com homens magnânimos que dedicam suas vidas a salvar os mais necessitados. Há quem goste desse cinema que insiste em dizer que apesar de todos as desigualdades e tragédias ainda há esperança, em especial porque ainda existem pessoas boas. 

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118) THE BARBER OF LITTLE ROCK (2023) Dir. John Hoffman e Christine Turner

COTAÇÃO: 3


Comentário: Esse filme traz a impressão de que o cinema pode salvar o mundo das desgraças e de seus percalços. Os diretores tratam tanto a narrativa quanto o personagem como uma aula de um coach e transforma o filme em um grande merchandising de um empresário negro. É acreditar muito que o problema do sistema pode ser resolvido pela ação individual. Mas chega a ser irônico ler nos créditos finais a informação de que a distância patrimonial entre brancos e negros aumentou nos últimos anos, mesmo com a iniciativa individual e empreendedora de Arlo Washington. Mesmo que os personagens sejam negros, é a eterna repetição da crença no american self made man.                             

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117) THE ABCS BOOKS OF BANNING (2023) Dir. Sheila Nevins, Trish Adlesic, Nazenet Habtezghi

COTAÇÃO: 8


Comentário: Por mais que a sua forma narrativa gire em torno de uma fórmula bem batida, o conteúdo dos depoimentos são perfeitos, indo sempre no ponto nevrálgico de que qualquer tipo de censura ou proibição de livros é o maior crime cultural que uma sociedade pode oferecer aos cidadãos e para a democracia, ainda mais em um país como os Estados Unidos em que bate no peito para dizer que a defende com unhas e dentes. Para mim um dos mais contundentes documentários do Oscar 2024, que deveria ser exibido em todo o mundo. Bom ver as próprias crianças a defender a importância dos livros e da leitura em suas formações humanitárias.    

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116) MEET THE GRANNIES (2023) Chan Wang

COTAÇÃO: 8


Comentário: "Meet the grannies" é um filme feito por um neto para as suas avós que decidiram morar juntas. As velhinhas são um barato e o neto sabe aproveitar o upgrade que o filme trouxe para a vida delas, elas dizem isso explicitamente e isso é superinteressante. Um filme sobre duas velhinhas jovens, que se exercitam plenamente sem sair de casa, com uma rotina repleta de atividades para o corpo e a alma. Uma lição de um cinema pessoal que me atrai ao extremo. Um show de alegria, uma documentário casualmente cômico, uma maravilha de se ver.   

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115) ISLAND IN BETWEEN

COTAÇÃO: 6 


Comentário: Esse é um documentário interessante de um homem que transita permanentemente entre quatro territórios de três países diferentes (China, Taiwan e Estados Unidos). O melhor dele é mostrar como a história e a política forçam as pessoas a tomarem rumos para além de suas vontades. A Ilha taiwanesa de Kinmen, vizinha da China, serve de metáfora para esse turbilhão de transformações que o mundo impõe a cada um de nós.      

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114) 20 DIAS EM MARIUPOL (2023) Dir. Mstyslav Chernov 

COTAÇÃO: 2


Comentário: Parece uma reportagem de TV mal realizada. O jornalista Mstyslav Chernov transita por alguns ambientes da cidade de Mariupol poucos dias antes da Rússia dominá-la, mas como porta-voz de uma mídia ocidental. Se ele registra a dor da população civil, por outro lado, não aborda bem o contexto político. Nos seus vinte dias é incapaz de perguntar qual a contribuição do Governo de Zelensky em prol dos civis. Um filme totalmente calcado na visão de quem está pagando o jornalista. Essa concessão sem fim, fatalmente o levará ao Oscar de melhor documentário. O filme se resume ao dado sensacionalista de mostrar o sofrimento das pessoas, o cenário histórico vira uma balela desimportante para o diretor.   

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113) TODOS NÓS DESCONHECIDOS (2023) Dir. Andrew Haigh

COTAÇÃO: 5


Crítica: TODOS NÓS DESCONHECIDOS (2023) Dir. Andrew Haigh (cinefialho.blogspot.com)

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112) A NOITE DO DIA 12 (2022) Dir. Dominik Moll

COTAÇÃO: 5


Comentário: A primeira referência que me veio à cabeça ao assistir "A noite do dia 12" foi "Twin Peaks", sendo que Dominik Moll não é nem a sombra de Lynch. A partir do crime hediondo que vemos e ficamos sabendo da não solução das investigações logo de início, o que poderia restar é que a direção entregasse alguma reflexão que valesse à pena, inclusive cinematograficamente. Mas o que vemos é Dominik Moll se perder por diversos caminhos sem realmente focar em nenhum. Primeiro, no mais banal, o da investigação; depois no julgamento moral em relação ao comportamento da vítima; e a exploração da vida pessoal dos investigadores. A não opção por um caminho narrativo, leva o filme para a mesma encruzilhada do crime, a do lugar nenhum.         

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111) PARA MATAR UM TIGRE - To Kill a Tiger - (2023) Dir. Nisha Pahuja

COTAÇÃO: 7


Comentário: Esse é um documentário forte e importante sobre o caso de uma menina de treze anos que foi estuprada violentamente por três jovens. Pela tradição daquele lugarejo da Índia, a jovem poderia casar com um dos três jovens agressores, mas felizmente ela não faz o esperado e processa judicialmente os rapazes. O ritmo do filme às vezes deixa a desejar e se alonga demais, mas a importância de propagar essa história com tanta abnegação da diretora Nisha Pahuja vale à pena. Um filme em que a vítima e sua família se tornam protagonistas como deve ser, sem espaço e voz para os agressores. Incrível a parte em que a presença da equipe do filme é questionada, pela comunidade que quer abafar o caso.       

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110) RUNNER (2023) Dir. Marian Mathias

COTAÇÃO: 7


Comentário: "Runner" é um filme seco, que represa bem as emoções tanto dos personagens quanto da própria narrativa. A diretora Marian Mathias privilegia poucos diálogos e opta por planos mais gerais e médios em prol dos closes, estes quase inexistentes. Esse distanciamento da câmera não permite que a plateia adentre plenamente na história e sublinha a solidão, os silêncios e o abandono. O mais interessante é a interpretação austera de Hannah Schiller, que expressa uma permanente angústia pelo desamparo que bate à sua porta quando inesperadamente seu pai morre e ela descobre que nem a casa possuía mais. Mas é incrível como a esperança pode rondar até as mais tristes histórias e o amor pode emergir de um encontro casual. 

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109) SLEEP (2023) Dir. Jason Yu

COTAÇÃO: 5


Comentário: O cinema coreano é um dos mais diversos hoje do mundo. Nada escapa dele. Em "Sleep" o tema é o distúrbio do sono em uma abordagem de filme do gênero terror. Por mais que o diretor Jason Yu se esforce, o filme não consegue fugir do convencional e do esperado, com sustos, bizarrices e um roteiro ditado pelo exagero e pelo mirabolante. Por mais que "Sleep" tenha uma boa fotografia e boas atuações, acaba se perdendo em meio aos seus próprios impropérios narrativos. Ao final, perguntamos o porquê de tantos sustos e loucuras. Eu estou procurando até agora...   

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108) LUZES MULHERES AÇÃO (2019) Dir. Eunice Gutmann

COTAÇÃO: 6


Comentário: O valoroso filme de Eunice Gutman resgata fatos históricos importantes acerca do movimento feminismo, em especial, o caso brasileiro, com destaque para as conferências da ONU nos anos de 1975, 1985 e 1995. Mas talvez o maior mérito do filme traga em si o seu calcanhar de Aquiles, o de tentar dar conta de um universo muito amplo e cheio de camadas. Se como painel é potente, por outro lado, se sente falta de um maior direcionamento e aprofundamento em relação aos vários núcleos que o documentário aponta sua câmera. De qualquer maneira, é lindo ver e rememorar Heloneida Studart, Rose Marie Muraro e Benedita da Silva (à época da constituinte) discursando. Senti falta de ver mais a potência discursiva de Lélia Gonzalez, que aparece muito fugidiamente. 

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107) RUÍDO EXTERIOR (2023) Dir. Ted Fendt

COTAÇÃO: 4


Comentário: As 3 protagonistas de "Ruído Exterior estão sempre em trânsito, o que provoca nelas um constante jet lag. Mas o maior problema da direção de Ted Fendt é que a direção dele parece estar sempre insone e letárgica, tal e qual as personagens, o que torna a narrativa cansativa, vazia e sonolenta, como se não soubesse aonde quer realmente chegar. E olha que o filme só tem 1 hora de duração.

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106) SAINT OMER (2022) Dir. Mati Diop

COTAÇÃO: 8


Comentário: Uma obra impactante de Mati Diop, uma releitura contemporânea da peça Medéia, com interpretações fortes e marcantes. Um filme difícil pela temática do infanticídio, que analisa diversos tabus como o do etarismo nas relações amorosas, e dos amores maternal e paternal. Fantástica inserção das obras de Duras sobre filme de tribunal e de Medeia de Pasolini, o cinema como material bruto para o cinema. Destaque para a direção de arte, usando o ocre como uma cor expressiva para trabalhar o calor das relações humanas postas em confronto em um filme de tribunal onde os pontos de vistas são explorados com maestria.

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105) SANGUE MINEIRO (1929) Dir. Humberto Mauro

COTAÇÃO: 6


Comentário: De certo, não é o melhor trabalho de Humberto Mauro, em especial por um roteiro não muito criativo sobre uma história de amor em um bucólico e abastado interior mineiro. Os principais temas, como tradição contra modernidade, modos urbanos versus modos rurais, se perdem um pouco no decorrer da narrativa, que se prende por demais nas manjadas disputas românticas entre os personagens. À parte, em meio a atuações medianas e esteriotipadas masculinas, mais uma atuação cativante de Carmen Santos e uma bela fotografia de Edgar Brasil. 

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104) ARGILA (1940) Dir. Humberto Mauro

COTAÇÃO: 10


Comentário: Uma obra-prima de Humberto Mauro e uma ode do diretor à cultura brasileira. O filme é um pretexto para que Mauro fomente a nossa rica e diversa cultura. A festa de São João, a música de Villa-Lobos e a cultura marajoara estão presentes como protagonistas, há uma cena em que Roquette Pinto discursa sobre a importância da cultura da Ilha de Marajó. A presença luminosa de Carmen Santos é outro destaque, como produtora e atriz exuberante no papel de uma empresária ousada, feminista e que quer investir na cultura brasileira. Aqui, o filme popular flerta com planos vanguardistas que Mauro prezava em demasia. Na época, Mauro já atuava no INCE (Instituto Nacional de Cinema e Educação), criado no Governo Vargas e "Argila" reflete esse trabalho de valorização da cultura brasileira.

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103) GANGA BRUTA (1933) Dir. Humberto Mauro

COTAÇÃO: 9


Comentário: Um filme revolucionário para o cinema brasileiro, pela estética corajosa e ousada de Mauro na construção dos planos. Se o cinema no Brasil engatinhava nos anos 1930, Mauro mostra que já tinha uma visão objetiva do cinema. Uma obra situada entre o cinema silencioso e o falado, que contou com uma posterior inclusão de falas e uma música fabulosamente brasileira de Radamés Gnattali pontuando a trama. Se o filme traz uma visão estranha sobre um feminicídio logo nas primeiras cenas, ao mesmo tempo constrói uma visão contraditoriamente libertária quando analisa a personagem Sônia, que enfrenta o conservadorismo provinciano brasileiro da época. Maura esboça um cinema cachoeira fantástico, com a natureza sacolejando a alma humana, em cenas selvagens e belas.

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102) HISTÓRIA DE ABRIL (1998) Dir. Shunji Iwai

COTAÇÃO: 7


Comentário: Sensível filme japonês, muito bem filmado, com enquadramentos azeitados e alguns até originais, como o primeiro, em que a jovem Uzuki Nireno está no trem e temos o ponto de vista dela da família na estação, quando está indo estudar em Tóquio. Nesse primeiro momento não a vemos, mas ficamos sabedores que o filme terá a sua ótica do mundo. A verdadeira motivação de tanto estudo, só descobriremos no final, e o diretor Iwai consegue mesmo assim nos cativar durante os 66 minutos do filme, mesmo que a música às vezes soe excessiva em alguns planos.

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101) O NOSSO PAI (2022) Dir. Anna Muylayert

COTAÇÃO: 8


Comentário: A maioria dos cineastas brasileiros não tematizaram o duro período da pandemia da Covid-19. Anna Muylaert encarou a missão da melhor maneira possível: rodou um filme-síntese com sangue nos olhos e mais do que representar a maioria do povo brasileiro, incorporou o desejo de muitos, o de eliminar o cidadão que mais matou pessoas nos últimos anos no Brasil de 2019 a 2022, o ex-presidente da República. O mais legal desse curta é ele partir de um simples desejo de três mulheres (uma delas inclusive perdeu a mãe para a doença) que muitos de nós expressou, mas que nenhum levou a sério os seus instintos mais ferozes. O trio protagonista é um show à parte (Passô, Márdila e Pagu). Pra rir alto.  

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100) A MINHA VIDA LENTA (2001) Dir. Angela Schanelec

COTAÇÃO: 9


Comentário: Estupendo como Angela Schanelec vai cena a cena construindo uma rede de vínculos entre personagens, explorando espaço e vida cotidiana em contínuas micro explosões através do uso hábil de vários planos-sequências. Uma obra que apesar de buscar um distanciamento na sua mise-en-scène, não deixa de ser cativante a todos instante. A impressão é que a diretora faz o que quer com os atores e câmera.

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99) MARSELHA (2004) Dir. Angela Schanelec

COTAÇÃO: 9


Comentário: Schanelec traz um olhar comovente sobre os caminhos tortuosos da vida. Mostra cinematograficamente como a vida não se repete e que cada dia traz experiências diferentes. Schanelec filma seus personagens na rua como poucos diretores o fazem, ao quebrar a hierarquia entre rua e personagem, respeitando a vitalidade da primeira. Mais um trabalho incrível de Maren Eggert, como Sophie, atriz preferida da diretora.

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98) ENTARDECER (2007) Dir. Angela Schanelec

COTAÇÃO: 7


Comentário: um dos filmes mais complexos de Angela Schanelec, onde ela não elege protagonistas, e trabalha com a complexidade nas relações de cada membro de uma família. A narrativa parece estar mais no espaço da casa e da pequena cidade do que nos personagens, que vão se deixando levar pelos espaços e pelas suas carências mais profundas. Assim como os personagens, tateamos a realidade e patinamos conforme a oscilação de cada um deles na busca por significar a vida.

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97) O MENINO E A GARÇA (2023) Dir. Hayao Miyazaki

COTAÇÃO: 6


Comentário: Não está entre os filmes mais iluminados de Miyazaki, mas tem lá o seu encanto, embora a parte fabular no mundo de baixo se alongue mais do que o necessário. O menino vai adentrando em janelas sem fim e assim a história cai em repetições em demasia. Se plasticamente, o filme tem belos momentos, o roteiro peca por sublinhar determinadas ideias já antes assimiladas, o que pode gerar um cansaço no espectador. 

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96) BOB MARLEY - ONE LOVE (2023) Dir. Reinaldo Marcus Green

COTAÇÃO: 5


Comentário: Essa não é uma das mais felizes cinebiografias já realizadas. O diretor Reinaldo Marcus Green não consegue passar da superficialidade dos fatos, nem atingir a personalidade e o pensamento do maior nome do Reggae. O ator Kingsley Ben-Adir não convence minimamente como Marley, o que também atrapalha a nossa interação com o filme. O que salva são as várias músicas tocadas e todas com o próprio Bob Marley cantando.

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95) AS 4 FILHAS DE OLFA (2023) Dir. Kaouther Ben Hania

COTAÇÃO: 2


Comentário: Se existisse uma cartilha de como não se filmar um documentário, "As 4 filhas de Olfa" seria exemplar. Pra começar, o tema é um dos mais relevantes que se pode elencar, o da posição da mulher numa sociedade opressora ao gênero feminino. A abordagem começa em tom de brincadeira e até os 20 minutos finais, vemos uma historinha muito sem-graça e de mal gosto, com encenações ficcionais que beiram o ridículo. Para que se guardar o mistério sobre as duas filhas desaparecidas, como se fosse uma novela a querer prender o público para o próximo capítulo? Quanto desperdício de história em pouco tempo, um baita furo de montagem e uma fotografia das mais óbvias. Sem contar que o filme culpabiliza a Olfa pela opressão, como se ela também não fosse vítima da mesma sociedade.

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94) ZONA DE INTERESSE (2023) Dir. Jonathan Glazer

COTAÇÃO: 6


Crítica: ZONA DE INTERESSE (2023) Dir. Jonathan Glazer (cinefialho.blogspot.com)

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93) RED, WHITE AND BLUE (2023) Dir. Nazrin Choudhury

COTAÇÃO: 3


Comentário: Surpreendente como se pode ter uma história tão impactante nas mãos e se pode desperdiça-la por inteiro. Mesmo que as atuações não comprometam o resultado, o roteiro rasteiro e mal desenvolvido retira quaisquer perspectiva de salvação do filme de uma tragédia. Ao final, só ficamos com a impressão de que ficamos somente com o fato, sem que tenhamos elementos que possibilitem que façamos uma análise dele. Mais um filme bem estranho indicado a melhor curta no Oscar 2024.

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92) OPONENTE (2023) Dir. Milad Alami

COTAÇÃO: 7


Comentário: "Oponente" é um drama bem narrado sobre refugiados iranianos na Suécia. A construção narrativa contempla momentos de evocação do passado pontuados com esmero. Destaque para a ótima atuação do ator Payman Maadi como Iman. A inclusão da discussão sobre a sexualidade de Iman é muito bem orquestrada, inclusive no plano das imagens. O maior senão é o incômodo causado por uma insistente câmera na mão muito inquieta, em momentos em que ela deveria estar fixa em um tripé. Mas não tem como negar a eficácia de mais um filme iraniano calcado em um realismo social vigoroso.  

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91) DENTRO DO CASULO AMARELO (2023) Dir. Phan Thiên Ân

COTAÇÃO: 7


Comentário: Apesar do filme ter vários planos bem construídos, há uma alternância de outros planos demasiadamente longos que tornam o filme difícil de acompanhar. A câmera tem momentos de esplendor, enquadramentos inteligentes, mas prejudicados por uma montagem confusa por demais por embaralhar excessivamente as temporalidades. O resultado final até é satisfatório, pois a busca do protagonista simboliza um abandono maior que está no cerne da história vietnamita, de famílias desestruturadas e fraturadas, que rondam em busca do próprio rabo, sem sequer conseguir avistá-lo. Poderia ser uma obra-prima, se fosse melhor editado. 

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90) ERVAS SECAS (2023) Dir. Nuri Bilge Ceylan

COTAÇÃO: 10


Crítica: ERVAS SECAS (2023) Dir. Nuri Bilge Ceylan (cinefialho.blogspot.com)

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89) JANE B. POR AGNÈS V. (1988) Dir. Agnès Varda (visto em "My French Film Festival")

COTAÇÃO: 9


Comentário: Agnès Varda tem o dom de transformar cinema em uma aventura onírica fantástica, imaginativa e com toques de poesia imagética. Logo no início do filme, Agnès, também personagem, lança o desafio para Jane B.: "você não gosta de olhar para a câmera, né?" Mas com Varda não tem como fugir. Entre passeios por filmes e pensamentos de Jane B. sobre a vida, o documentário vai se revelando mais uma homenagem de Varda ao cinema e às artes. Um primor, um requinte cinematográfico que faz um documentário virar poesia a todo instante. É Varda fascinada por Jane B., a filmando como a própria beleza da vida. 

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88) SIBYL (2019) Dir. Justine Triet 

COTAÇÃO: 8


Comentário: "Sibyl" é um filme sobre as fronteiras, tanto as reais quanto as imaginárias. Uma escritora (Virginie Efira) em busca de si mesma no mundo. Mas o mundo não ajuda muito. Mais um filme carregado de emoções de Triet, mas considero este o mais intenso e o mais organizado dentro do caos que sempre é a dramaturgia de Triet. Um elenco bem dirigido, uma câmera bem administrada e que permite o brilho do ótimo elenco feminino (Adèle Axarchopoulos e Sandra Hüller). Um livro dentro do filme e um filme dentro do filme. O caótico narrativo que tão bem caí na verve alucinada de Triet.       

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87) NA CAMA COM VICTÓRIA (2016) Dir. Justine Triet

COTAÇÃO: 4


Comentário: A impressão que o cinema de Justine Triet passa é que sempre está em um tom acima. E "Na cama com Victória" talvez seja o momento mais estridente do seu estilo. O desenho narrativo é de uma comédia romântica, que constrói a advogada protagonista (a ótima Virginie Efira) como uma mulher assorbebada com o trabalho, as filhas e os casos amorosos, mas no geral, insatisfeita com a vida. Tudo na trama é meio desconjuntado, irregular e às vezes cansativo em demasia, em especial as cenas de tribunal que nem são assim tão importantes para o deslanchar da história.            

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86) HEROICO (2023) Dir. David Zonana

COTAÇÃO: 9


Comentário: "Heroico" é um retrato seco, preciso e contundente contra não só as forças armadas mexicanas, mas especial, aos métodos de treinamento utilizados por elas em várias partes do mundo, calcada na domesticação do espírito, na intimidação, no constrangimento, na violência física e psicológica utilizada pelos oficiais. O filme de Zonana ainda toca em um tema fundamental: o do abuso do poder e da corrupção. Ao viver nesse inferno, o potro (como são chamados os novatos) Luis, começa a ter pesadelos, o que nos faz confundir sonho e realidade. O final é duro e expõe ferozmente o estado da psiquê do protagonista. "Heroico" investe na ideia de forças armadas como órgão socialmente corruptor. Filme imprescindível. 

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85) MEMÓRIAS DE UM ESTRANGULADOR DE LOIRAS (1971) Dir. Julio Bressane

COTAÇÃO: 8 


Comentário: Bressane realiza uma comédia bizarra, inspirada no cinema silencioso, que contraria todas as convenções do filme de serial killers, ao desprezar as questões motivacionais e se prender no absurdo das ações. Fora isso, o estrangulador, interpretado laconicamente por Guará, cozinha, faz suas necessidades fisiológicas como qualquer ser humano. O uso do som por Bressane apenas salienta o ambiente selvagem de uma Londres supostamente desenvolvida economicamente. As moças loiras e magras e o detalhe da calça vermelha do início ao fim do estrangulador, são o toque de mestre para que as cenas bizarramente se assemelhem. Detalhe para as cenas do estrangulador bebê com sua mãe, que nada comunicam sobre o futuro obscuro do personagem.           

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84) A BATALHA DE SOLFERINO (2013) Dir. Justine Triet

COTAÇÃO: 6


Comentário: A vida conjugal pode ser um inferno, mas a vida pós-conjugal pode ser muito pior. Essa é a trama de "A batalha de Solferino", em especial quando duas crianças pequenas estão envolvidas. O filme de Justine Triet se passa em um dia de guarda do pai das crianças, Vincent (Vincent Macaigne), só que ele comparece apenas no dia seguinte, o que causa uma batalha entre eles. A câmera na mão ajuda a acirrar a sensação de conflito nas conturbadas relações. A ideia de batalha corresponde bem a visão que o espectador tem, bem ao feitio habitual de Triet. Será que a promessa de uma vida política melhor na França também marcará uma virada na relação conturbada entre os pais Vincent e Laetitia?      

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83) A SALA DOS PROFESSORES (2023) Dir. Ilker Çatak

COTAÇÃO: 7


Comentário: O grande mérito de "A sala dos professores" é o de transformar o ambiente da escola em um microcosmos da sociedade, com suas contradições, preconceitos, conservadorismos e jogos de poder. Nem todos os professores estão interessados nos processos educacionais dos alunos, assim como a maioria dos alunos não suportam a estrutura e a sabotam insistentemente. O modelo é equivocado porque reflete a sociedade massacrante e imediatista na qual está imersa. A perversidade e a violência dos jogos de poder são implacáveis e não perdoam absolutamente ninguém.

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82) DENTE CANINO (2009) Dir. Yorgos Lanthimos

COTAÇÃO: 7


Comentário: Lanthimos trata a sociedade do controle, fria e calculada como uma utopia inalcançável, e mais, como perversa. O cinema rigoroso e implacável do diretor grego não agrada a todos pelos exageros e atitudes bizarras dos seus personagens. A figura autoritária masculina mais uma vez sobressai em "Dente canino" e a subversão feminina mais uma vez ataca. Sem dúvida, um dos filmes mais radicais de Lanthimos, gélido na forma e quente na temática, com alusões à animais. A cena da quebra do dente é para fortes.      

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81) A MEMÓRIA INFINITA (2023)

COTAÇÃO: 8


Crítica: MEMÓRIA INFINITA (2023) Dir. Maite Alberdi (cinefialho.blogspot.com) 

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80) KNIGHT OF FORTUNE (2023) Dir. Lasse Lyskjær Noer

COTAÇÃO: 7


Comentário: Uma narrativa concisa, calculadamente cômica, sobre um homem que não sabe como agir frente ao corpo de sua esposa morta. Em sua fuga da realidade, encontra com um homem misterioso no banheiro que se aproxima dele. O diretor Lasse Lyskjaer Noer cria uma discreta comédia do absurdo sobre a dificuldade que nós humanos temos de lidar com a perda de pessoas queridas.  

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79) INVENCÍVEL (2023) Dir. Vincent René-Lortie

COTAÇÃO: 6


Comentário: Um curta produzido no Canadá, bem construído narrativamente, bem interpretado, apesar de não apresentar grandes surpresas em seu tom realista. O filme bem que poderia ser mais conciso, mas é importante pela discussão de um tema complexo, que é o da marginalidade na adolescência. Há uma tristeza e melancolia que implacavelmente ronda o filme.        

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78) JOGO JUSTO (2023) Dir. Chloe Domont

COTAÇÃO: 4


Comentário: Os dois primeiros terços do filme até prometiam uma intriga interessante, um thriller erótico tendo como pano de fundo o fervo do ambicioso e irrefreável mercado financeiro. No último terço tudo descamba para o apelativo e para o irreal, perdendo a força narrativa que antes se mantinha em pé. As discussões sobre a ascensão de uma mulher no seio de um casal que possuem a mesma profissão e atuam no mesmo emprego era o que tornava tudo interessante. Depois de expô-la no trabalho, na família, e dela insanamente quebrar uma garrafa na cabeça dele, tudo em questão de poucos minutos, não dá para entender a incoerência do roteiro do sexo no banheiro entre eles. Pôs tudo a perder.

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77) AMERICAN FICTION (2023) Dir. Cord Jefferson

COTAÇÃO: 4


Comentário: O filme aborda um tema importante e controverso: a importância de inserir os negros na  literatura, mas o faz de maneira equivocada na construção de personagens muito estereotipados e sem nuances, é tudo muito chapado, sem as nervuras necessárias para o complexo tema. Existiria uma literatura essencialmente preta ou ela serviria apenas para alimentar o mercado literário? O filme aos poucos vai descambando das discussões e apelando para as soluções mais fáceis de roteiro e acaba se igualando às críticas que tanto fez em relação à capacidade literária dos pretos.             

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76) OS GUARDA-CHUVAS DO AMOR (1964) Dir. Jacques Demy

COTAÇÃO: 9


Comentário: Um musical inebriante de Demy, o cuidado com cada plano é visível e o que dizer da música mágica de Michel Legrand, que consegue transformar um roteiro de diálogo em música da boa. O elenco é perfeito, a câmera coreografa belamente pelo decor luxuoso, colorido em vermelho, porque esse é um filme especialmente sobre o poder do amor. Destaque para a cena final em que Demy consegue juntar alegria e tristeza com a mesma intensidade e fulgor. Uma aula de leveza cinematográfica e uma Catherine Deneuve linda e plena em cena.     

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75) FECHAR OS OLHOS (2023) Dir. Victor Érice

COTAÇÃO: 10


Crítica: FECHAR OS OLHOS (2023) Dir. Víctor Erice (cinefialho.blogspot.com)

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74) LEVANTE (2023) Dir. Lillah Halla 

COTAÇÃO: 7 


Crítica: LEVANTE (2023) Dir. Lillah Halla (cinefialho.blogspot.com)

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73) FERRARI (2023) Dir. Michael Mann

COTAÇÃO: 3


Comentário: Adam Driver, com sua face inexpressiva, talvez seja a figura que melhor expresse o vazio que esse filme inspira, tamanha a insipidez que marca a falta de rumo e de consistência da trama. Aspectos pessoais da vida de Enzo Ferrari se sobrepõe à da indústria em si, ou até mesmo sobre a própria escuderia mais famosa do automobilismo. Não há nem emoção nem distanciamento, só apatia narrativa. As cenas de corrida de carro tampouco impressionam. Talvez a presença sempre marcante de Penélope Cruz preserve alguns poucos momentos de brilho em que o filme quase encaixa uma segunda marcha.  

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72) ATÉ O CAIR DA NOITE (2023) Dir. Christoph Hochhäusler

COTAÇÃO: 6


Comentário: Esse filme alemão faz uma curiosa releitura dos códigos clássicos do filme noir norte-americano, ao propor que a loura fatal seja substituída por uma mulher trans (Thea Ehrlich). Dentro de uma irregularidade narrativa, uma série de confusões vão se emaranhando, até que ao final vemos uma explícita citação a Acossado, de Jean-Luc Godard, o filme que de uma vez só, brincou e homenageou a estética noir. Destaque para a refinada fotografia e para a atuação marcante de Thea Ehrlich como Leni.

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71) A COR PÚRPURA (2023) Dir. Blitz The Ambassador

COTAÇÃO: 6


Comentário: A inserção de um musical na clássica história de "A cor púrpura" é justamente o que mais destoa e atravanca o fluxo narrativo da nova versão. Outro aspecto incomodativo é um certo artificialismo desnecessário na sua construção imagética. Fora isso, há uma atualização oportuna na abordagem, mesmo que a forma clássica seja mantida para a identificação do público. O protagonismo das personagens mulheres é o que mais salta aos olhos, assim como as interpretações marcantes do ótimo elenco negro feminino. A sororidade e um amor lésbico são os elementos mais renovadores sublinhados pelo diretor Blitz The Ambassador (natural de Gana), nessa nova adaptação do livro de Alice Walker. 

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70) SÓ AO MEU DESEJO (2022) Dir. Lucie Borleteau - My French Film Festival

COTAÇÃO: 6


Comentário: Narrado como uma fantasia onírica e erótica do universo feminino, tendo como base um clube de striptease em Paris. Os homens aqui são todos coadjuvantes. Mas ainda fiquei a pensar se o filme de Lucie Borleteau não idealiza muito a sua temática, já que em última instância, tanto o striptease quanto a prostituição envolvem a venda do corpo da mulher como produto para usufruto do homem. As duas jovens  protagonistas, Zita Hanrot e Louise Chevillotte, estão muito bem em cena. A narrativa flui deliciosamente do começo ao fim.        

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69) O CONDE (2023) Dir. Pablo Larraín 

COTAÇÃO: 4 


Comentário: Larráin derrapa feio ao levar o ditador Pinochet para o terreno do fantástico, o transformando em um vampiro filho da vampira Margareth Thatcher. A fotografia em P&B reforça uma atmosfera lúdica, como se o general se restringisse a uma peça literária. Se o intuito era sacramentar sua imagem de criminoso dos direitos humanos, aliciador do catolicismo e adorador do diabo, o que fez foi transformar sua imagem em algo inatingível e de outro mundo, em uma comédia insossa e sem graça. A metáfora pretendida correu feito sangue pelo bueiro da história chilena, que aparece como mera coadjuvante no enredo.    

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68) A NOITE QUE MUDOU O POP (2023) Dir. Bao Nguyen

COTAÇÃO: 7


Comentário: O documentário narra os bastidores da maior reunião de astros pop da música dos Estados Unidos para fazer uma música em prol da fome na África. O formato é bem tradicional, com depoimentos dos artistas e técnicos participantes da gravação mesclados com imagens da época. Claro que tem momentos emocionantes, e curiosidades sobre o nascimento da música (hilários), de conseguir conciliar as agendas de tantos astros para o mesmo dia, e ainda tem o momento tenso da gravação. Para quem viveu os anos 1980 vai ser especialmente emocionante.         

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67) NYAD (2023) Dir. Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi 

COTAÇÃO: 6


Comentário: Escorada na narrativa clássica, "Nyad" é uma produção bem acabada e narrada, ágil, bom uso de flashbacks (ficcionais e documentais), que conta com duas atrizes excepcionais em grande forma (Annette Bening e Jodie Foster) numa história épica e admirável. Interessante o filme começar com imagens reais da protagonista, o que normalmente não ocorre nesses filmes baseados em personagens reais. Destaque ainda para a montagem, em vários momentos muito eficiente. O único senão fica a cargo do final ceder ao sensacionalismo tanto nas imagens quanto na música. O filme é embalado por uma trilha musical dos anos 1960 e 1970 que funcionam bem na trama. 

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66) TODO MUNDO AMA JEANNE (2023) Dir. Céline Devaux

COTAÇÃO: 2


Comentário: O que mais irrita neste filme é a pretensão de ser moderno na narrativa, enquanto não verdade está sendo insuportável e intragável. O diálogo permanente da protagonista com uma animação imaginária do seu inconsciente corta constantemente o fluxo narrativo, além de ser ridiculamente constrangedora. Tudo soa forçado o tempo todo, inclusive as cenas cômicas sem graça que sustenta a trama. E os diálogos? Sempre são desinteressantes e sem brilho, não conseguem levar o filme para lugar algum. 

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65) FIFI (2023) Dir. Jeanne Aslan e Paul Saintillan - Na FILMICCA - My French Film Festival 

COTAÇÃO: 7


Comentário: "Fifi" narra o primeiro amor da jovem Sophia, de 15 anos, por um rapaz de 23 anos, irmão de uma ex-colega da escola. Tudo funciona na simplicidade da mise-en-scène proposta pelos diretores. Pode-se dizer que este é um encontro entre duas almas que estão buscando um caminho ainda nas curvas da vida. Os dois atores, Céleste Brunnquell e Quentin Dolmaire, fluem misteriosamente pela trama. A câmera passeia tão leve entre eles, que chegamos a esquecer dela. Um filme aprazível de assistir.     

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64) E DEPOIS? (2023) Dir. Misan Harriman

COTAÇÃO: 1


Comentário: Triste ver o Oscar selecionar um filme tão apelativo para concorrer à estatueta. Todos os clichês de um filme de catástrofe e de família estão ali concentrados. Foram os minutos mais longos que vivi recentemente no cinema, mesmo sendo esse um curta-metragem de 18 minutos. Não bastou o filme usar uma criança como apelo, precisou de mais uma para fechar o caixão de vez. Um filme trágico sobre uma tragédia.

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63) CHORÃO: MARGINAL ALADO (2019) Dir. Felipe Novaes

COTAÇÃO: 8


Comentário: Uma vantagem das cinebiografias de artistas é a oportunidade de aprofundamento que as ficções raramente oferecem. Esse documentário consegue mostrar muitas facetas desse compositor criativo e homem conturbado. Uma das qualidades é não fugir das discussões mais difíceis, como as brigas com os membros da banda original, as crises no casamento e o envolvimento com drogas pesadas. Faz isso tudo e consegue mostrar a humanidade de um artista talentoso, que marcou veementemente a sua geração.

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62) O LAGOSTA (2015) Dir. Yorgos Lanthimos

COTAÇÃO: 7


Comentário: Mais uma comédia ácida de Lanthimos. Dessa vez, o diretor grego investe criticamente contra a padronização do casamento como forma de organização da sociedade. Como seria a sociedade se negássemos o casamento? A narrativa é bem afeita ao estilo do diretor, onde o ambiente interpretativo se mantem frio e a música atua desferindo violentas estocadas. O elenco é estelar, mas Lanthimos retira deles o mínimo, dentro da sua proposta ousada, mais pelo roteiro do que pela mise-en-scène em si.

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61) EILEEN (2023) Dir. William Oldroyd

COTAÇÃO: 6


Comentário: A princípio parecia ser um filme sobre romance lésbico, mas o diretor William Oldroyd surpreende com um plot twist muito inesperado e de repente adentramos em uma trama macabra, com graves nuances patológicos tanto de Eileen (Thomasin McKenzie) quanto de Rebecca (Anne Hathaway). Vale atentar para o decor das casas como indício do macabro. Adaptado da obra de Otessa Moshfegh, que também colabora no roteiro. As atuações seguram bem a trama, já a direção claudica aqui e acolá.    

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60) TRÓPICO FANTASMA (2019) Dir. Bas Devos

COTAÇÃO: 7


Comentário: Bas Devos (Here) realiza um filme delicado sobre uma mulher imigrante de 58 anos, que de tanto trabalhar, adormece em um trem e tem como destino voltar à casa a pé, da estação terminal. O deambular dela vai falar um pouco sobre o seu coração, além de mostrar a dura vida noturna de Bruxelas. O que são os sonhos quando não conseguimos nem ver a nossa casa com a luz solar? 

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59) PERFECT DAYS (2023) Dir. Win Wenders 

COTAÇÃO: 10


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/02/perfect-days-2023-dir-win-wenders.html?m=1

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58) MONEYBOYS (2023) Dir. C. B. Yu

COTAÇÃO: 6


Comentário: De maneira geral, o filme retrata um contraste cultural entre cidades do interior e cidades grandes na China contemporânea. "Moneyboys" discute a prostituição masculina através de Fei, um rapaz que luta para manter uma vida razoavelmente confortável, enquanto recebe a pressão da família que não aceita seu trabalho. A fotografia é bem bonita, assim como alguns planos mais contemplativos. Uma pena o roteiro tatear muito sem ir mais fundo nas discussões que propõe.   
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57) A NATUREZA DO AMOR (2023) Dir. Monia Chokri

COTAÇÃO: 3


Comentário: Além da história ser banal, a de uma mulher casada que resolve trocar o marido pelo amante, nada realmente surpreende ou vai para algum lugar interessante. A câmera tem momentos sofríveis, algumas de suas movimentações agridem à sensibilidade do espectador. As músicas também não ajudam, chamam a atenção por serem tão inapropriadas para as cenas. Mais um filme daqueles aturáveis, mas esquecíveis.

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56) OS COLONOS (2023) Dir. Felipe Gálvez

COTAÇÃO: 9 


Crítica: OS COLONOS (2023) Dir. Felipe Gálvez (cinefialho.blogspot.com)

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55) POBRES CRIATURAS (2023) Dir. Yorgos Lanthimos

COTAÇÃO: 9


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/02/pobres-criaturas-2023-dir-yorgos.html?m=1

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54) NO MEU LUGAR (2009) Dir. Eduardo Valente

COTAÇÃO: 8


Crítica: NO MEU LUGAR (2009) Dir. Eduardo Valente (cinefialho.blogspot.com)

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53) VIAGENS (2024) Dir. Patrícia Niedermeier e Cavi Borges

COTAÇÃO: 8


Crítica: VIAGENS (2024) Dir. Patrícia Niedermeier e Cavi Borges (cinefialho.blogspot.com)

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52) MAIS UM DIA ZONA NORTE (2023) Dir. Allan Ribeiro

COTAÇÃO: 8


Crítica: MAIS UM DIA, ZONA NORTE (2023) Dir. Allan Ribeiro (cinefialho.blogspot.com)

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51) LEME DO DESTINO (2023) Dir. Julio Bressane

COTAÇÃO: 9


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2023/10/leme-do-destino-2023-dir-julio-bressane.html?m=1

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50) SEU CAVALCANTI (2023) Dir. Leonardo Lacca

COTAÇÃO: 8


Bate-papo CineFialho: 

https://www.instagram.com/reel/C2neg9BJ9A8/?igsh=NmdwaDR4OHBzeDl4

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49) LISTA DE DESEJO PARA SUPERAGUI (2023) Dir. Pedro Giongo

COTAÇÃO: 6


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/01/lista-de-desejo-para-superragui.html?m=1

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48) SOFIA FOI (2023) Dir. Pedro Geraldo

COTAÇÃO: 9


Crítica: SOFIA FOI (2023) Dir. Pedro Geraldo (cinefialho.blogspot.com)  

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47) AQUELE QUE VIU O ABISMO (2023) Dir. Gregorio Gananian e Negro Leo

COTAÇÃO: 10


Bate-papo CineFialho: https://www.instagram.com/reel/C2kxgmbpC_J/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

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46) NOT DEAD (2023) Dir. Isaac Donato

COTAÇÃO: 5


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/01/not-dead-2023-dir-isaac-donato.html?m=1

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45) MAÇAS NO ESCURO (2023) Dir. Tiago A. Neves

COTAÇÃO: 7


Crítica: MAÇAS NO ESCURO (2023) Tiago A. Neves (cinefialho.blogspot.com)

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44) SOAP (2023) Dir. Tamar Guimarães

COTAÇÃO: 2


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/01/soap-2023-dir-tamar-guimaraes.html?m=1

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43) O TUBÉRCULO (2023) Dir. Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thome Zetune

COTAÇÃO: 6


Crítica: O TUBÉRCULO (2023) Dir. Lucas Camargo de Barros Nicolas Thome Zetune (cinefialho.blogspot.com)

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42) A CÂMARA (2023) Dir. Cristiane Bernardes e Tiago de Aragão

COTAÇÃO: 6


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/01/a-camara-2023-dir-cristiane-bernardes-e.html?m=1

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41) FORAM OS SUSSURROS QUE ME MATARAM (2023) Dir. Arthur Tuotto

COTAÇÃO: 6


Crítica: FORAM OS SUSSURROS QUE ME MATARAM (2023) Dir. Arthur Tuotto (cinefialho.blogspot.com)

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40) YVY PYTE - CORAÇÃO DA TERRA (2023) Dir. Alberto Alvares e José Cury

COTAÇÃO: 7


Crítica: YVY PYTE - CORAÇÃO DA TERRA (2023) Dir. Alberto Alvares e José Cury (cinefialho.blogspot.com)

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39) TERROR MANDELÃO (2023) Dir. Felipe Larozza e GG Albuquerque

COTAÇÃO: 5


Crítica: TERROR MANDELÃO (2023) Dir. Felipe Larozza e GG Albuquerque (cinefialho.blogspot.com)

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38) FOGARÉU (2023) Dir. Flavia Neves

COTAÇÃO: 6


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2023/04/fogareu-2022-dir-flavia-neves.html?m=1

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37) O DIA QUE TE CONHECI (2023) Dir. André Novais Oliveira

COTAÇÃO: 9


Bate-papo CineFialho: https://www.instagram.com/reel/C2X5ka7JF5N/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA== 
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36) ESTRANHO CAMINHO (2023) Dir. Guto Parente

COTAÇÃO: 8


Crítica: ESTRANHO CAMINHO (2023) Dir. Guto Parente (cinefialho.blogspot.com) 

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35) QUANDO AQUI (2024) Dir. André Novais Oliveira

COTAÇÃO: 10


34) ROUBAR UM PLANO (2023) Dir. André Novais Oliveira e Lilcoln Péricles  

COTAÇÃO: 9

Crítica de ambos: QUANDO AQUI (André Novais Oliveira) E ROUBAR UM PLANO (André Novais Oliveira e Lincoln Péricles) (cinefialho.blogspot.com)

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33) MAL VIVER - Dir. João Canijo

COTAÇÃO: 8


Crítica:https://cinefialho.blogspot.com/2023/10/mal-viver-e-viver-mal-2023-dir-joao.html?m=1

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32) SEGREDOS DE UM ESCÂNDALO - Dir. Todd Haynes

COTAÇÃO: 8


Crítica: https://cinefialho.blogspot.com/2024/01/segredos-de-um-escandalo.html?m=1

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31) MINHA IRMÃ E EU - Dir. Suzana Garcia

COTACÃO: 1


Comentário: Uma comédia grotesca, cujo apelo mercadológico maior é atrair mulheres para ver corpos masculinos sarados. É um acinte ter que pagar um ingresso para assistir a um programa de TV mal ajambrado, sem graça, mal montado e com um texto que afronta a inteligência de qualquer mortal. Só satisfaz quem busca um riso fácil. Descartável e esquecível. 

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30) MEU AMIGO ROBÔ - Dir. Pablo Berger

COTAÇÃO: 8 


Comentário: Com "Meu amigo robô" se pode pensar em muitos simbolismos, ainda mais que essa belíssima animação se passa em Nova York. Mas antes de tudo ela discute o desamparo humano em uma grande metrópole, além da necessidade da amizade, do amor, da crença no recomeço. Consegue o mérito de provocar reações díspares como o riso e a tristeza uma seguida da outra. 

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29) O SUL (1983) Dir. Víctor Erice

COTAÇÃO: 10


Crítica: O SUL (1983) Dir. Víctor Erice (cinefialho.blogspot.com)

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28) SOBREVIVENTES - DEPOIS DO TERREMOTO

COTAÇÃO: 7


Comentário: O cinema coreano sempre surpreende. O design de produção aqui é magnífico, as cenas com escombros são realizadas com absoluta precisão. Mas o melhor é ver como um thriller consegue traçar uma metáfora cruel sobre capacidade de solidariedade da humanidade, além de trabalhar bem com a mentira e o convencimento como as mais poderosas armas de sobrevivência.

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27) PARE COM SUAS MENTIRAS - Dir. Olivier Peyon

COTAÇÃO: 6


Comentário: O diretor Peyon tem o mérito de saber jogar com presente e passado sem deixar um atrapalhar o outro. É um bom filme que dá conta de suas poucas ambições no quesito narrativo. Deveras, tudo é agradável, bem feito e comportado. Mas para que satisfazer tanto assim o espírito do espectador?  

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26) A ALEGRIA É A PROVA DOS NOVE (REVISTO) - Dir. Helena Ignez

COTAÇÃO: 9


Crítica: ALEGRIA É A PROVA DOS NOVE (2023) Dir. Helena Ignez (cinefialho.blogspot.com)

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25) EU CAPITÃO - Dir. Matteo Garrone

COTAÇÃO: 6


Comentário: Uma saga que transita entre a desencanto e o sonho. Se, por um lado, "Eu Capitão" opta por uma narrativa convencional, por outro, seu mérito é saber explorar um aspecto da história menos conhecido, o do esforço do caminho. O carisma e o talento do jovem Seydou Sarr consegue manter a atenção até o fim.        

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24) EM NOSSOS DIAS - Dir. Hong Sang-soo

COTAÇÃO: 9


Comentário: A simplicidade de Sang-soo jamais é fútil, mas antes arrebatadora. Às perdas são integradas perguntas e as respostas nem sempre são fáceis. Os planos fixos se contrapõem às conversas dinâmicas, algumas regadas as habituais bebedeiras à mesa. Como não se deixar levar pela insanidade lúcida do poeta?                 

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23) A SOCIEDADE DA NEVE - Dir, Juan Antonio Bayona

COTAÇÃO: 3








Comentário: Puro sensacionalismo. Um filme que você pesquisa a história no Google, fica sabendo de tudo, pois é tudo baseado em história real, mas com o ganho de não ter que aturar o melodrama e o som cafonas do filme.

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22) SALTBURN - Dir. Emerald Fennell 

COTAÇÃO: 2


Comentário: Como vender cinicamente uma ideia sórdida como se fora um anúncio publicitário? "Saltburn" mostra como se faz, e ainda recheia toda a sua mediocridade com atores famosos e cenas pretensamente sedutoras. 

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21) OS REJEITADOS - Dir. Alexander Payne

COTAÇÃO: 4


Comentário: Poderia funcionar, mas a indulgência com que Payne trata o professor, o aluno e a cozinheira, deixa tudo muito rasteiro, uma espécie de prato para ser facilmente digerido. Um roteiro repleto de furos, que precisava ser mais enxuto e que conta com apelos fáceis e baratos para fisgar o público. 

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20) O MELHOR ESTÁ POR VIR (2023) Dir. Nanni Moretti

COTAÇÃO: 4


Crítica: O MELHOR ESTÁ POR VIR (2023) Dir. Nanni Moretti (cinefialho.blogspot.com)


ESPECIAL AKI KAUSRIMÄKI

Artigo especial dedicado à obra de Aki Kaurismäki

O DESCONCERTO DO MUNDO NO CINEMA DE AKI KAURISMÄKI OU A REBELIÃO POSSÍVEL DOS DESPOSSUÍDOS (cinefialho.blogspot.com)

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19) ROCKY VI (1987) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 8 

Comentário: A analogia ao filme de Stalone é evidente e parece uma resposta ideológica, cínica e debochada acerca do poderio norte-americano. São socos potentes clarificados por cortes secos e boa música. Depois de "Rocky VI", o mundo do boxe e a política não serão mais os mesmos.

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18) CALAMARI UNION (1985) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Uma fábula mal-humorada realizada contraditoriamente com um humor cáustico sobre a separação de uma banda de rock em decadência passada nos subterrâneos de Helsinque. São vários Franks, cada um na sua trip desorientada, sem freio. Um Kaurismäki áspero e mais cruel do que nunca. 

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17) HAMLET GOES BUSINESS (1987) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Diferente das outras tramas de Kaurismäki, aqui são os ricos e poderosos os protagonistas, numa visão contemporânea e cínica da icônica peça de W. Shakespeare. Em alguns momentos lembra o expressionismo, em outros Orson Welles, mas o cineasta finlandês deixa a sua marca proletária em um final inusitado.

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16) SOMBRAS NO PARAÍSO (1986) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Um dos filmes mais ternos de Kaurismäki, que narra o encontro de dois solitários perdidos no mundo, interpretados com carisma por Kati Outinen e Matti Pellonpää, seu ator e atriz preferidos. Enquanto o mundo do trabalho se mostra insuportável, a vida entre eles vai renascendo como uma flor no lodo.

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15) CRIME E CASTIGO - Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 7


Comentário: Em sua estreia na direção, Kaurismäki adapta Dostoiévski e mostra personalidade artística ao trilhar um caminho bem diferente ao do escritor russo, menos angustiado e mais romântico. Um trabalho de direção de atores de respeito e um domínio narrativo difícil de alcançar em um filme de estreia.

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14) ARIEL (1988) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Kaurismäki lança mão do seu humor cáustico e do drama social para contar a história de almas solidárias em meio a um mundo podre e sem perspectiva, seja pelo trabalho ou pelo caminho do crime. Um filme árido na forma, mas cheio de ternura entre os protagonistas, com uma trilha musical perfeita.

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13) A GAROTA DA FÁBRICA DAS CAIXAS DE FÓSFOROS (1990) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 10


Comentário: Sem dúvida, uma das obras mais ferozes de Kaurismäki, em que ele consegue investir de uma vez só, numa curta história, uma vingança implacável de uma operária contra várias instituições sociais, como a família e o namorado aproveitador. Kati Outinen em uma interpretação seca e direta, como deve ser. 

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12) CONTRATEI UM MATADOR PROFISSIONAL (1990) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 8


Comentário: Um filme irônico sobre o absurdo que é a sociedade, em que um solitário executivo é demitido e perante a incapacidade de se matar procura um profissional para fazê-lo. Mais um filme em que Kaurismäki flerta com os códigos do cinema noir. Mas quem disse que o amor não é capaz de mudar tudo, até a vontade de morrer?  

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11) A VIDA BOÊMIA (1992) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 10


Comentário: Um dos maiores testamentos sobre a vida dos artistas na sociedade capitalista. Kaurismäki injeta sua verve cáustica no romantismo francês ao fazer uma viagem feroz ao subterrâneo de uma sociedade egoísta, fria e avessa às artes. Uma obra-prima em P&B, com interpretações sensacionais dos atores. 

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10) TAKE CARE OF YOUR SCARF, TATIANA (1994)

COTAÇÃO: 9


Comentário: Um road movie fascinante de Kaurismäki, uma aventura rumo a uma nova vida, ou não, apenas uma grande frustração. Esse filme encanta por conseguir juntar a esperança de dias melhores com a completa resignação de continuar vivendo a mesma vida medíocre de sempre. Grandes interpretações a do quarteto principal.

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9) NUVENS PASSAGEIRAS (1996) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 10


Comentário: Em um mundo ditado pelo trabalho, o desemprego é o maior simbolismo da instabilidade. Um casal vive essa tragédia cotidiana com o máximo de suas forças. Embora Kaurismäki retire qualquer indício de sentimentalismo da narrativa, esse é um drama avassalador e esperançoso: "as árvores ainda crescem", diz o protagonista à certa altura.

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8) JUHA (1999) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 8


Comentário: Essa é uma homenagem tardia de Kaurismäki ao cinema silencioso. "Juha" é uma fábula sobre o encantamento que sentimos pelo mundo da aparência e sobre os nossos sonhos mais profundos. Mas o cineasta nos mostra que nem tudo que reluz é ouro e que talvez nossa vida medíocre não seja de todo tão ruim.  

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7) O HOMEM SEM PASSADO (2002) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Um filme que ajudou a projetar Kaurismäki para o mundo. A pergunta do cineasta é clara: Se perdêssemos a memória poderíamos continuar a viver? Uma alegoria poderosa sobre a capacidade humana para recomeçar a vida do zero, mesmo com toda a violência que essa nova situação invoca.  

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6) LUZES NA ESCURIDÃO (2006) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Kaurismäki realiza uma estranha fábula noir pós-industrial em que um solitário segurança é seduzido por uma femme fatale em um plano de vingança de um poderoso mafioso. As cores desse filme seduzem tanto quanto a beleza da atriz Maria Jäevenhelmi. A ilusão passeia por cada quadro do filme, assim como um toque de tristeza.   

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5) THE FOUNDRY (2007) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 8


Comentário: Um curta simples e impactante de kaurismäki. O cineasta extrai de um ambiente fabril a magia de um instante. São sensações que só um artista como Kaurismäki e o cinema podem proporcionar.

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4) O PORTO (2011) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 8


Comentário: Um dos cineastas mais sociais do mundo, Kaurismäki mostra aqui o quanto o seu cinema é solidário com os mais necessitados, sejam eles meros trabalhadores ou imigrantes, como Idrissa, o menino negro que chega à França em um contêiner de um navio. Uma ode ao humanismo e contra o capitalismo.  

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3) TAVERN MAN (2012) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: Sem um diálogo sequer, Kaurismäki insinua o seu estilo inconfundível ao narrar a breve história sobre um taverneiro solitário que vive uma repentina paixão. As nuances de planos, enquadramentos, cor e direção de arte são de saltar aos olhos. Uma obra imageticamente preciosista e perfeita.  

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2) O OUTRO LADO DA ESPERANÇA (2016) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Comentário: O OUTRO LADO DA ESPERANÇA - Direção Aki Kaurismaki (cinefialho.blogspot.com)

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1) FOLHAS DE OUTONO (2023) Dir. Aki Kaurismäki

COTAÇÃO: 9


Crítica: FOLHAS DE OUTONO (2023) Dir. Aki Kaurismäki (cinefialho.blogspot.com)

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FIM DO ESPECIAL AKI KAURISMÄKI

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