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Mostrando postagens de maio, 2019

INFERNINHO - Direção de Guto Parente e Pedro Diógenes

A beleza para além das aparências Por Marco Fialho É preciso se comemorar muito mesmo quando um filme com as características de "Inferninho", dirigido por Guto Parente e Pedro Diógenes, ambos integrantes do Alumbramento, o mais famoso coletivo audiovisual brasileiro, chega ao nosso afunilado circuito comercial. A obra já havia sido exibida na Mostra Caleidoscópio, do Festival de Brasília 2018, onde teve uma ótima repercussão. O filme consegue mesclar dois elementos que raramente são presentes em uma mesma obra, por serem bem díspares: estranhamento e doçura. O espectador então é permanentemente invadido por sensações aparentemente ambíguas, pois de uma só vez é mergulhado em um ambiente de submundo bizarro e eivado de ternura. Antes de tudo, "Inferninho" propõe um pensamento acerca do mundo aparente, ou melhor, sobre o mundo das aparências. Os diretores conseguem fazer de "Inferninho" uma ode ao amor, com personagens expressivos vindos desse submund

AMANDA - Direção de Mikhaël Hers

Contenção e explosão na medida certa Por Marco Fialho Tem filmes que são tiros certeiros. "Amanda" é um deles. O grande mérito de Mikhaël Hers está na economia de recursos narrativos. Todas as cenas são executadas sem excessos e com uma competência de quem sabe de qual ponto de vista contará a história. Apesar de ser um drama de muita intensidade há uma contenção das emoções que são represadas para apenas explodirem no momento exato e conclusivo. Toda a história de "Amanda" foi dividida para que fossemos lentamente nos relacionando com os personagens. Pouco a pouco, cena a cena, vamos nos envolvendo com eles, pelas suas humanidades, por tudo que faz deles pessoas comuns. Sim, porque não há nada mais tocante do que a vida de gente como a gente. E assim acompanhamos a rotina banal de Amanda (Isaure Multrier), seu tio David (Vincent Lacoste) e sua mãe Sandrine (Ophelia Kolb). Tudo caminha como previsto dentro de um universo de uma família de classe média pari

A SOMBRA DO PAI - Direção de Gabriela Amaral Almeida

O zumbi que somos Por Marco Fialho Em tempos de tantos super-heróis poderosos que ocupam quase todas as salas de cinema, porque não olharmos para o lado e enxergar aqui em nosso valoroso cinema, super-heróis potentes, daqueles que não se escondem em meio a fundos azuis e mega efeitos especiais? Penso mais especificamente em Dalva, a heroína do terror dramático "A sombra do pai". Inclusive, é muito difícil falar desse filme sem mencionar o expressivo trabalho dessa precoce Nina Medeiros, atriz que brilha ao construir essa enigmática Dalva, de meros nove anos, mas de um magnetismo de botar medo em muitos adultos por aí, com uma interpretação calcada integralmente no olhar da personagem. "A sombra do pai" é o segundo longa de Gabriela Amaral Almeida, diretora que foi muito incensada pelo grande sucesso de seu primeiro longa, "O animal Cordial". Comparando as duas obras, nota-se um refinamento da diretora na nova obra, um vigoroso movimento para o lapi