Texto de Marco Fialho
A Estação é uma coprodução entre Brasil e Uruguai que retrata de forma realista uma proposta calcada no absurdo, embora esse viés não seja explorado de fato, a não ser no argumento do filme.
A obra trata da chegada de Sofia (Jimena Castiglioni) a uma estação de trem inóspita, onde tudo parece fadado ao imobilismo, já que lá está um grupo de pessoas esperando sem perspectivas a chegada de um trem que nunca vem e ficam hospedadas na própria estação semi-abandonada.
A fotografia em preto e branco acentua a atmosfera de mistério na qual a diretora tenta emular, embora nem sempre com sucesso. A Estação tem alguns momentos promissores e outros que parece manter a história sem rumo. O maior problema da direção é não aprofundar as relações entre os personagens que estão presos irremediavelmente por uma situação insustentável, nem investir no absurdo que a história aponta desde o início.
Uma montagem mais azeitada poderia sintetizar melhor a ideia tal como ela foi filmada, e tornar mais concisa uma história que não oferece muitos fatos a cada nova cena. A direção de atores nem sempre funciona, já que alguns diálogos soam artificiais e sem potência.
Mesmo que o filme ralente em alguns momentos, muitas vezes se mostre sem ritmo, e se exceda na duração, tem elementos interessantes a destacar, como o final misterioso que deixa margem à leituras múltiplas.
Analisando com mais cuidado os personagens, pode-se especular o quanto sem vida eles se apresentam durante toda a projeção. Talvez a luz intensa que vemos ao final seja resultado da festa que todos os visitantes da estação fazem para comemorar o aniversário da única criança do recinto. O que a diretora sugere é que a felicidade, vivenciada na festa, pode ter levado a luz para diversas almas fadadas à escuridão.
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