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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Os 10 filmes que mais me impressionaram em 2018

Cada pessoa vê o cinema de uma forma. Sei que isso é evidente e até óbvio, afinal, assim vemos o mundo, sempre a nosso modo. Entretanto somos, além de curiosos, mutáveis, o que nos aguça a querer ouvir e ler opiniões alheias.  Mas isso não impede amorosas aproximações e distanciamentos críticos em relação ao que se lê. Se as pessoas em geral se relacionam nessa (in)conformidade, tente imaginar os críticos entre si. Mas os críticos(as) e cinéfilos(as) são ritualistas e metódicos(as) e dezembro é aquela epoca onde eles em todo mundo fazem suas listas de melhores. Alguns chegam a fazer inclusive dos piores, de certo há um exagero nessa opção, mas vamos lá porque as coisas não são tão óbvias quanto parece. Uns preferem os 20 mais, os 50, outros mais intensos, os 100 mais. Mas prefiro ficar no desafio dos 10, já que aqui há o gosto declarado pela concisão. Isso não quer dizer que os outros filmes assistidos não possuem valor. Há sempre muita dose de subjetividade nas escolhas.

YARA - Direção de Abbas Fahdel

Texto escrito por Marco Fialho Uma viagem ao tempo de Yara Um dos poderes mais sedutores das artes reside na capacidade de nos transpor para mundos que quiçá jamais conheceremos  in loco . E o cinema, com suas imagens e sons é um instrumento com potencial para nos fazer acessar as regiões mais insólitas e ermas do mundo. É o que acontece em Yara, filme do franco-iraquiano Abbas Fahdel. A vontade de atravessamento bate forte, de se transpor para aquele lugar fílmico e ali ficar, numa viagem sensorial onde as referências de espaço-tempo são abolidas e nossas vidas passam a ser partilhadas com aqueles personagens, sem qualquer julgamento a priori, apenas como uma mera razão do nosso existir. Se uma das grandes graças do cinema é a capacidade de propor uma nova relação de tempo com o mundo que nos cerca, de mostrar o quanto a percepção do tempo é mais do que simplesmente pessoal, que ela participa de uma grande construção onde estão alinhavadas estruturas de poder e controle so

O BEIJO NO ASFALTO - Direção de Murilo Benício

Um beijo de Benício em Nelson Em breve não poderemos falar do cinema realizado em 2018 sem mencionar "O Beijo no asfalto", dirigido por Murilo Benício. O diretor realiza de uma vez só uma análise profunda sobre a sociedade brasileira e sobre o papel das artes em nosso país. Inventivo, impalpável (sim, há algo nele que nos escapa e isso é cativante demais), cinematográfico e cênico. Profundo sem esboçar um sequer toque de esnobismo estético. Fluido, mas com camadas  ininterruptamente ricas, onde vê-se a mão precisa e hábil de Benício. Talvez Benício tenha conseguido a façanha de ser o primeiro a filmar Nelson Rodrigues e não soar como diluição, pois é assim que o cinema nos vem entregando Nelson, como uma obra menor, inadaptável para as telas grandes, como se fosse intransponível a passagem de uma linguagem para a outra, como se a obra rodrigueana soasse incompatível mesmo com o cinema.  O mérito de  Benício foi justamente a da escolha de um método para trazer