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Mostrando postagens de maio, 2020

ME CUIDEM-SE - PARTE 4 Direção Bebeto Abrantes e Cavi Borges

"O poeta não morre" Por Marco Fialho "Os que lavam as mãos,  o fazem com uma bacia de sangue"                                                     Bertolt Brecht Já escrevi nesse blog sobre a parte 1 da série "Me cuidem-se", dedicada aos efeitos do isolamento social na vida de alguns personagens, argutamente escolhidos pelos diretores Bebeto Abrantes e Cavi Borges para relatarem seus sentimentos e vidas nesse doloroso momento. Acabo de assistir a 4ª parte dessa série e me confesso deveras estupefato. Senti um turbilhão de emoções, um misto de tristeza profunda e resignação com uma pontinha de esperança no humano (que nem tudo está perdido ainda). Como estrutura fílmica, me parece que esse episódio é o mais bem acabado da série, onde os personagens mais recorrentes começam a esboçar um maior domínio acerca tanto da narrativa quanto de suas participações e histórias, provavelmente por já estarem mais familiarizados e confortáveis com o ato da autofilmagem.  C

VAGA CARNE E SETE ANOS EM MAIO

   Retratos performáticos acerca dos apagamentos históricos na  terra brasilis     Crítica por Marco Fialho "...O cante a palo seco é um cante desarmado: só a lâmina da voz sem a arma do braço; que o cante a palo seco sem tempero ou ajuda tem de abrir o silêncio com sua chama nua..." fragmento do poema "A palo seco" extraído do livro "Quaderna", de João Cabral de Melo Neto  De qual lugar o cinema historicamente fala? Quais são as vozes que nos chegam e quais imagens elas ratificam ou questionam? São perguntas que muitas vezes não fazemos aos filmes, mas que são fundamentais não só para melhor compreendê-los como também para situá-los eticamente no mundo. É o caso de "Vaga carne", dirigido por Grace Passô e Ricardo Alves Jr. e de "Sete anos em maio" de Affonso Uchôa, que estão sendo lançados on line, juntos, em um tour de force  pela distribuidora Embaúba Filmes. Lançá-los em uma única sessão faz sentido por diversas razões: ambos são

NOSTALGIA - Direção Andrei Tarkovski (1983)

"Nostalgia" e a epístola ética de Tarkovski para a humanidade Por Marco Fialho "Só em presença de sua visão pessoal, quando ele se torna uma espécie de filósofo, é que o diretor emerge como artista - e o cinema como arte"                                                            Andrei Tarkovski em "Esculpir o tempo" (p.68 da 2ª edição) O cineasta russo Andrei Tarkovski é um artista que me é muito caro. Até ingressar no curso de cinema no ano 2000, mesmo sendo já um cinéfilo, pouco havia ouvido sobre ele, apenas ideias dispersas e nenhum filme visto. E foi "Nostalgia" a primeira obra descoberta, em uma aula de desenho de som ministrada pelo professor Mário Silva. Lembro que dos 40 alunos que começaram assistindo ao filme, só ficamos uns 4 ou 5 até o fim. Dali em diante, o meu fascínio foi tanto que comecei a procurar seus outros títulos, além de comprar seu livro "Esculpir o tempo", para tentar compreender melhor aquele univ