Texto de Marco Fialho O cinema alemão é sempre surpreendente, capaz de revelar obras diferenciadas e inusitadas. É o caso de "A Camareira", segundo longa do diretor Ingo Haeb. Por meio de uma personagem, a camareira Lynn, o diretor lança imagens que por si esboçam um viés no mínimo curioso sobre a sociedade alemã do início do século XXI, em especial a relação entre o mundo do trabalho e o mundo íntimo. Esse é um típico drama cômico, capaz de revelar um mundo que caminha a passos largos para a impessoalidade e dominado pelo asséptico, e Ingo Haeb pode ser visto como um cineasta a questionar um determinado status quo que tende a uma crescente indiferença frente ao humano. Desde a primeira cena de "A camareira", o que vemos é a fascinante personagem Lynn tentando entender o mundo com seu espírito curioso e sistematicamente se assustando com ele. A direção de Ingo Haeb é de um raro primor na composição dos planos, a maioria deles fixos ou com delicados movimentos de c
Texto de Marco Fialho "Frida", dirigido por Carla Gutiérrez, é um documentário no mínimo impactante e forte, que traça um retrato não só de uma grande artista, mas também de uma mulher e cidadã de alto calibre histórico. O filme redimensiona, em especial, a humanidade vigorosa que possibilitou Frida tornar-se um dos grandes nomes do século XX, uma referência de como ser mulher em um mundo tomado pelo poder masculino. O maior mérito da diretora Carla Gutiérrez é tornar Frida a maior narradora do filme pela voz calibrada de Fernanda Echevarría del Rivero, se utilizando dos diários e cartas da artista para que somente ouvíssemos a sua voz. Quando temos o ponto de vista de Diego Rivera ouvimos a voz de Jorge Richards, assim cada personagem vai assumindo a sua própria voz, o que faz o filme crescer eticamente. Carla Gutiérrez também incorpora à narrativa o fantástico trabalho de animação comandado por Sofia Inés Cázeres Lira, que atua na expansão das obras pictóricas de Frida Kah