Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de abril, 2022

VITALINA VARELA (2019) Direção Pedro Costa

As sombras da escuridão  Texto de Marco Fialho  "Vitalina Varela" é uma obra rara, com ela, o cineasta português Pedro Costa se insere em um seleto grupo de diretores que dialogam idiossincraticamente com o cinema. Em um Festival do Rio passado, já havia me defrontado com "Cavalo Dinheiro" (2014), seu trabalho anterior, que me assombrou sobremaneira pelo vigoroso traço autoral do diretor. Inclusive Pedro Costa conhece Vitalina Varela quando buscava locações para esta obra anterior e o encanto foi tanto que não hesitou em incluí-la no elenco para depois aprofundar essa relação em um filme inteiramente dedicado (devotado?) a ela.    Apesar de "Cavalo Dinheiro" ser um filme potente, em "Vitalina Varela" observa-se um apuro de método e um maior rigor nos enquadramentos e fotografia. A manutenção da parceria com o fotógrafo Leonardo Simões muito colabora para o impressionante resultado estético com o uso do conceito pictórico do chiaroscuro , o que de

BELCHIOR: APENAS UM CORAÇÃO SELVAGEM (2022) Direção de Camilo Cavalcanti e Natália Dias

A beleza de um mito que se impõe pela própria grandeza  Depois de assistir a tantos documentários sobre cantores e cantoras populares por aí, confesso meu profundo desânimo quando anunciam um novo trabalho baseado nessa mesma ideia. Mas eis que "Belchior: apenas um coração selvagem" vem a redimir esses formatos biográficos de antes. O diretor Camilo Cavalcanti e a diretora Natália Dias fazem uma obra cirúrgica, nevrálgica e potente sobre um dos maiores mitos da nossa música, o rebelde compositor e cantor cearense Belchior. Tudo é tão preciso e ao mesmo tempo de grande profusão artística. Um dos méritos da direção é saber ouvir o material que tinham em mãos, de transformar o filme na própria voz de Belchior.  Chama muito atenção a montagem do experiente documentarista Paulo Henrique Fontenelle, que consegue dosar música, temporalidade, depoimentos sem jamais ser didático, ou óbvio, e sem perder de vista a condução narrativa do próprio Belchior, sendo cantando ou falando de man