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BACK TO BLACK (2024) Dir. Sam Taylor-Johnson


Texto de Marco Fialho

É de entender que um filme sobre a cantora e compositora Amy Winehouse viesse imerso em expectativas e atraisse uma atenção fora do comum, afinal, ela foi uma artista que esbanjou talento e polêmicas enquanto esteve entre nós. Back To Black, dirigido por Sam Taylor-Johnson, ficou longe, e bota longe nisso, de impressionar o público. Infelizmente, todas as cenas ficam no superficial, se ressentindo da falta de ousadia narrativa.

Back To Black se mostra um filme monocórdico, que passa levemente por um furação que foi Amy Winehouse. O diretor Sam Taylor-Johnson não consegue passar do morno ao não provocar nenhum grande conflito em sua história e restringir demais a trama à relação amorosa da cantora com Blake, interpretado por um insosso Jack O'Connell. Se o diretor Taylor-Johnson acerta na escolha do elenco de apoio, erra feio nos protagonistas. Marisa Abela não emplaca como Amy (e não creio que seja apenas por questões de aparência física, apesar dela ser uma atriz que recentemente interpretou uma das Barbies de Greta Gerwig), talvez até pelo contexto da produção, que embora se esmere no acabamento, deixa a desejar no principal, no roteiro e na construção dos personagens. 

O roteiro de Back To Black embora caminhe em um terreno fértil, repleto de possibilidades de desenvolvimento, acaba indo por rumos por demais convencionais. A trama avança sempre aos atropelos, numa sequência de eventos que não se comunicam bem entre si e que vão amenizando os conflitos entre os personagens, o que lineariza por demais o enredo. O curioso é que Taylor-Johnson aposta em um sensacionalismo contraditório e raso, já que centra a discussão em questões pessoais, apesar de amenizá-los ao máximo, como se quisesse falar de algo sujo sem mostrar o lixo ou emporcalhar a mão. 

Mas o que mais me surpreendeu em Back To Black foi o tratamento careta que Taylor-Johnson impôs ao seu trabalho na direção. Amy Winehouse não era fácil de domar e merecia uma narrativa mais ousada, que apontasse para riscos e não soasse como domesticada pelo mercado. Se a cantora não se posicionava como uma Spice Girls, infelizmente Taylor-Johnson assim trata o filme, com uma ausência de assinatura, como um trabalhinho de casa que um aluno faz de má vontade para o professor. 

Confesso, que quanto ao filme em si, pouco tenho a dizer. Não há planos a destacar, tão pouco interpretações que impactam a ponto de sublinhá-las. Estranho ainda como o diretor se conforma em somente traçar a trajetória do romance entre Amy e Blake, desistindo praticamente de abordar a carreira, em especial na segunda parte do filme, mas eis que de repente surge uma festa e 5 Grammys em uma mesma edição do prêmio para Amy. O que posso dizer é que o filme me desceu como um café-com-leite frio, pouco palatável e sem graça. O talento e a personalidade desafiadora de Amy Winehouse mereciam um tanto mais do que isso.

Comentários

  1. Patricia Niedermeier18 de maio de 2024 às 20:23

    Exelente crítica como sempre!!! Tb achei o filme superficial, que aborda prioritariamente uma Amy adolescente e apaixonada pelo bobão Blake. Sem falar da maneira romantica da dependência química. Oque é muito perigoso para escrever o mínimo.

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  2. Amei sua crítica . Um filme morno sem alcance nenhum ao que se refere a grande potência desta artista.

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  3. Sou muito fã da Amy, lembro exatamente o momento que foi anunciada a morte dela ao vivo na TV... é muito triste que ela não tenha recebido uma cinebiografia à altura... É melhor ver o documentário mesmo :(

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