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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

ME CHAME PELO SEU NOME - Direção de Luca Guadagnino

Elio e o mergulho no abismo Crítica de Marco Fialho Em uma propriedade não suntuosa, mas confortável e campestre no interior do norte da Itália vive uma pequena família (pai, mãe e o filho adolescente), com poucos funcionários, onde o pai é um pesquisador bem-sucedido e que todo verão recebe um aluno para ajudá-lo a organizar seu trabalho. Esse é o ambiente em que transcorre a história do filme "Me Chame pelo seu nome". O filme transita na relação entre memória e tempo, entre o permitido e o interdito. Tudo podia ser um belo melodrama, mas felizmente não é assim que essa historia nos chega, nela predomina uma cuidadosa decupagem, uma sofisticação inequívoca na construção de todas as imagens do filme. Tal como "A forma da água", de Guillermo Del Toro, "Me chame pelo seu nome" também é um filme sobre o amor, mais sobre a impossibilidade do amor entre dois homens em uma sociedade conservadora e que vive das aparências. Não podemos esquecer que dur

ACOSSADO - Direção Jean-Luc Godard

Esse texto foi escrito e publicado originalmente no catálogo da mostra "1959: o ano magico do cinema francês", em 2009, por ocasião dos 50 anos da Nouvelle Vague Francesa. O chiste de Godard na narrativa clássica Crítica de Marco Fialho O filme de estreia de Godard é um dos mais analisados e festejados da história do cinema. E toda a celebração é proporcional ao grande impacto estético produzido por Acossado (A Bout de Souflle). Não à toa, tornou-se o maior símbolo da nascente Nouvelle Vague Francesa, assim como sua maior expressão. Se fizermos um balanço geral do muito já discorrido sobre o filme, teremos a sublinhar a supremacia irrefutável de uma ideia: o frescor artístico representado pelo filme para o cinema no final da década de 50 e início dos anos 60. Todo o cinema antes de Acossado jamais conseguiu imprimir tamanho desprendimento artístico ao debochar não só do gênero humano, mas também do próprio fazer cinematográfico. Esse inclusive era um dos aspectos ma

A FORMA DA ÁGUA - Direção Guillermo Del Toro

A fábula bela e irriquieta de Del Toro Crítica de Marco Fialho "Que seu olhar se complete de um vazio possível. Sobre o que não é, se edifica o que é."                                                                                                                      Alejandro Jodorowsky "A Forma da Água" é um filme de monstro. Mas um filme de monstro dirigido por Guillermo Del Toro e esse detalhe diz muito sobre essa obra. Na minha opinião é o seu melhor filme desde o fenomenal "O Labirinto do Fauno". Del Toro mostra em "A Forma da Água" que é um importante esteta do gênero fantástico. Mais uma vez sua aposta recai em realizar uma fábula, todavia uma fábula moderna, adulta e consistentemente embasada na história, no caso, durante o período da Guerra Fria (1945-1989), onde Estados Unidos e União Soviética disputavam a primazia política para além do Planeta Terra, com projetos mirabolantes de conquista espacial. Logo na cena inicial Del