A vida imersa nos subterrâneos de Guarulhos Texto de Marco Fialho O mínimo que se pode dizer de "O estranho", filme dirigido por Flora Dias e Juruna Mallon é o tanto de surpresas que transborda dele. Tudo aqui é inesperado e incomum, desde a história até a narrativa que a cada momento parece que vai para um lado, o que torna o todo bastante desorientador. O filme, foi exibido na mostra Fórum, no Festival de Berlim. Logo nos primeiros planos aparecem imagens de um pedaço de montanha, pedras e limos. A câmera passeia em planos próximos até que há um corte para o inusitado: começamos a ver imagens em flashes, cada uma delas com uma data diferente. Assim, de repente a temporalidade se expande em datas desconexas: 1590, 1932, 1893, 1677, 1492. Apenas um elo entre tudo, o do espaço, o do território. Todas as imagens remetem a Guarulhos, o aeroporto. O mais interessante é como Flora e Juruna constroem uma narrativa nada fluida, que vagueia ora pela ficção, ora pelo documentário, o
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)