Sim, chegou a hora de mais uma lista de final de ano, agora do cinema internacional. E a primeira coisa que devemos assumir é que esse não foi um ano qualquer. Em especial, porque em 2023 foi um ano em que os cinemas independentes passaram por um duplo desafio pós-pandemia: o de fazer esses filmes acontecerem nas salas de cinema, enfrentando os velhos tubarões das grandes e tradicionais corporações do entretenimento vazio; e ainda de sobra, teve que enfrentar os gigantes do streaming, que se fortaleceram ainda mais na pandemia, o que nutriu muitas vezes no público o desejo de assistir aos filmes no conforto do lar. Mas por outro lado, a greve em Hollywood acabou por dificultar a realização dos filmes de grande produção, causando uma retração dos mega lançamentos em 2023.
Acredito que mesmo defronte a tantos óbices no caminho, em termos de qualidade, não faltaram obras instigantes, que dialogaram fortemente com um passado cinematográfico, nem que fosse para contrasta-lo em seus princípios mais essenciais. O cinema assim resistiu, lutou, não desistiu, mostrou facetas incontornáveis e duras, embora siga a nos encantar e estranhar, muitas vezes entoando as duas coisas ao mesmo tempo.
Os temas dos filmes estão cada vez mais enraizados na reflexão do passado, não mais como algo a ser meramente conhecido pelo presente, antes para se pensado como algo vivo e dinâmico para se compreender o nosso mundo contemporâneo. Assim, as mulheres estão aqui representadas, os povos originários igualmente, a luta LGBT também. Mas a crítica ao sistema opressor do trabalho está aqui muito bem representado em vários outros títulos. O mundo construído a partir da exclusão, seja ela de quaisquer natureza, não é mais aceita sem que haja uma revisão crítica muitas vezes feroz. Creio que é o cinema ocupando o seu lugar, o lugar de resistência aos desmandos, às opressões seculares e decoloniais, gritando sempre alto para todo o mundo ouvir. O cinema segue em sua saga sendo forte e relevante para a humanidade, principalmente ao mexer nas feridas históricas e fornecer novas abordagens a velhos temas, e retirando as teias da velha casinha prestes a ruir.
1) MONSTER - Dir. Hirokazu Kore-eda (JAP)
Crítica: MONSTER (2023) Dir. Hirokazu Kore-eda (cinefialho.blogspot.com)2) A MENINA SILENCIOSA - Dir. Colm Bairéad (IRL)
Crítica: A MENINA SILENCIOSA (2023) Dir. Colm Bairéad (cinefialho.blogspot.com)3) O ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES - Dir. Martin Scorsese (EUA)
Crítica: ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES (2023) Dir. Martin Scorsese (cinefialho.blogspot.com)4) FOLHAS DE OUTONO - Dir. Aki Kaurismäki (FIN)
Crítica: FOLHAS DE OUTONO (2023) Dir. Aki Kaurismäki (cinefialho.blogspot.com)5) BANSHEES DE INISHERIN - Dir. Martin McDonagh (IRL/ING/EUA)
Crítica: BANSHEES DE INISHERIN (2022) Direção de Martin McDonagh (cinefialho.blogspot.com)6) CLOSE - Dir. Lukas Dhont (BEL)
Crítica: CLOSE (2022) Dir. Lukas Dhont (cinefialho.blogspot.com)7) FOGO-FÁTUO - Dir. João Pedro Rodrigues (POR)
Crítica: FOGO-FÁTUO (2022) Dir. João Pedro Rodrigues / FANTASMA NEON (2022) Dir. Leonardo Martineli (cinefialho.blogspot.com)8) SEM URSOS - Dir. Jafar Panahi (IRÃ)
Crítica: SEM URSOS (2022) Dir. Jafar Panahi (cinefialho.blogspot.com)9) EMILY - Dir. Frances O'Connor (ING/EUA)
Crítica: EMILY (2022) Dir. Frances O'Connor (cinefialho.blogspot.com)10) O PEQUENO CORPO - Dir. Laura Samani (ITA)
Crítica: O PEQUENO CORPO (2023) Dir. Laura Samani (cinefialho.blogspot.com11) OS FABELMANS - Dir. Steven Spielberg
Crítica: OS FABELMANS (2022) Direção de Steven Spielberg (cinefialho.blogspot.com)12) OS DELINQUENTES - Dir. Rodrigo Moreno (ARG)
Crítica: OS DELINQUENTES (2023) Dir. Rodrigo Moreno (cinefialho.blogspot.com)14) TERRA DE DEUS - Dir. Hlynor Pálmason (ISL)
Crítica: TERRA DE DEUS (2023) Dir. Hlynor Pálmason (cinefialho.blogspot.com)15) PEARL - Dir. Ti West (EUA)
Crítica: PEARL (2022) Dir. Ti West (cinefialho.blogspot.com)
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