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Mostrando postagens de abril, 2025

NOEL ROSA - UM ESPÍRITO CIRCULANTE (2025) Dir. Joana Nin

Texto por Marco Fialho Noel Rosa - Um Espírito Circulante vem se somar a outros filmes que trataram do jovem gênio do bairro de Vila Isabel, conhecido por sua magreza, boêmia e enorme talento para compor músicas. Afinal, esse menino esqualido que morreu antes de completar 27 anos, revela em suas composições o próprio feitiço de que tanto cantou.  Mas qual seria o diferencial desse documentário dirigido por Joana Nin em relação aos outros filmes já realizados sobre o bamba da Vila? Logo nas primeiras imagens isso já é evidenciado, em um drone que passeia pelo conhecido Boulevard 28 de Setembro, avenida que corta todo o bairro e na qual a famosa Escola de Samba Vila Isabel realiza seus ensaios com a comunidade nas semanas que precedem o grande desfile do Carnaval. As imagens de hoje ensejam o diálogo que a diretora quer estabelecer entre Noel e o presente do bairro. Isso é o que mais fascina em Noel Rosa - Um Espírito Circulante , a busca por um Noel do presente, e não uma mera estát...

MISTY - A HISTÓRIA DE ERROLL GARNER (2025) Dir. Georges Gachot

Texto por Marco Fialho O mínimo que podemos começar a dizer o quanto é justo realizar um documentário sobre Erroll Garner, que embora seja muito conhecido e respeitado no mundo do jazz , fora dele, ainda é bastante desconhecido. Misty - A História de Erroll vem para mitigar essa insipiência de informação de um músico absolutamente fantástico e fora do comum.  A direção do cineasta franco-suíço Georges Gachot (reconhecido pelos documentários sobre música, inclusive a brasileira, ver Onde Está Você, João Gilberto , Samba e outros) vem colaborar para que nos aproximemos desse talento nato, que segundo o próprio artista, não precisou de professor para aprender a tocar piano na mais tenra idade. Um ouvido para lá de apurado, nascido inteiramente para a música. E o filme conta com uma bela pesquisa de imagem e da própria vida de Erroll Garner, para trazer não só a personalidade introvertida do músico, mas também o seu talento, com o resgate de muitas apresentações em várias épocas desde ...

O ÚLTIMO MOICANO (2025) Dir. Frédéric Farrucci

Texto por Marco Fialho  A primeira imagem de O Último Moicano é de Cucchi, um senhor de idade que fala rapidamente sobre a desvalorização da cultura tradicional da Córsega. Logo depois o diretor Frédéric Farrucci corta para um homem trabalhando em sua terra e recebendo a visita de outro homem, de uma imobiliária, que quer comprar as suas terras para construir um grande empreendimento.  Descrevi essas duas cenas para demonstrar o quanto o filme de Farrucci vai direto ao ponto, sem rodeios e essa é a grande qualidade desse tipo de cinema, o de mostrar o quanto predatório e violento são os métodos de uma máfia capaz de tudo para conseguir seus objetivos abjetos, movidos pelo lucro a qualquer custo.  O Último Moicano fala sobre essa guerra desigual, entre o poder econômico e o humilde pastor de cabras, Joseph (Alexis Manenti), que as redes sociais apelidaram carinhosamente de O Último Moicano. Quem gosta de filme de super-herói, essa é uma obra imperdível, só que o herói aqui...

VOCÊ É O UNIVERSO (2024) Dir. Pavlo Ostrimov

Texto por Marco Fialho  Tem filmes que são surpreendentes, inesperados e desconcertantes. Esse é o caso de Você é o Universo . Jamais podia esperar uma ficção científica, inteiramente passada no espaço, ser realizada na Ucrânia. O filme todo praticamente temos apenas um ator em cena, o que é mais incrível ainda é o fato dele não ser cansativo em nenhum momento.   A realização é fantástica? Sim. Tem efeitos bem elaborados e convincentes? Sim. Mas o que mais impressiona é a sua capacidade de lançar reflexões filosóficas existenciais profundas. Saímos do filme virados de ponta à cabeça, pensando acerca do que estamos fazendo aqui, como estamos vivendo e encaminhando nossa vida. O mais interessante de Você é o Universo não são seus efeitos especiais, mesmo que esses sejam incríveis, mas a sua capacidade de conexão entre o personagem Melnyk e o público, a maneira como o diretor Pavlo Ostrimov consegue fazer dessa experiência individual algo universal, e não digo isso como um m...

SÍNDROME DA APATIA (2024) Dir. Alexandros Avranas

Texto por Marco Fialho e Carmela Fialho  Mais um filme de Alexandros Avranas, grande diretor grego, chega ao Brasil, agora pelas mãos da distribuidora Imovision. Se em Miss Violence a direção de Avranas mostrou todo o peso de suas mãos, agora com Síndrome da Apatia a dose é igualmente forte e dilacerante, sendo que este é baseado em uma história real e para lá de sinistra. O cinema de Avranas é um cinema que não negocia com discursos ou poderes estabelecidos, seja na Grécia ou na Suécia, país abordado em Síndrome da Apatia . O diretor trata da entrada massiva de imigrantes russos na sociedade sueca, onde o governo investiu tão pesado contra eles que faria inveja até a Donald Trump. O esquema oficial é humilhante, com um controle exacerbado dos imigrantes, sem que dê uma contrapartida sequer e logo na primeira sequência, a da vistoria do imóvel do casal Sergei e Natalia tentam que seu visto de permanência seja aprovado e eles percam a mancha de refugiados.  No melhor estilo Avr...

DREAMS (2024) Dir. Dag Johan Haugerud

Texto por Marco Fialho  Dreams , vem fechar a trilogia do cineasta norueguês Dag Johan Haugerud iniciada por Sex e Love . Eu diria que Dreams , premiado com o Urso de Ouro no 75º Festival de Cinema de Berlim,   é o que mais se aproxima das narrativas francesas ancoradas especialmente no exercício do texto escrito, um cinema que evoca, em certos parâmetros, a obra mais contemporânea de Éric Rohmer, em seu ensejo de discutir as relações humanas a partir de sensações e subjetividades. Não casualmente, uma das bases da trama de Dreams  é um texto lido em voz over ,   que tudo sugere ser os escritos da própria adolescente Johanne (Ella Overbye). É possível ainda dizer que Dreams é um filme sustentado basicamente mais por um roteiro bem azeitado do que por uma encenação caprichada e o início do filme explicita muito sua proposta de realização: enquanto vemos imagens de céu e nuvens, ouvimos a voz de Johanne ao fundo falando de seus sentimentos, de um ponto de vista de uma ...

COBERTURA CINE FIALHO DO FESTIVAL DE CINEMA EUROPEU IMOVISION

Críticas:  A ARTE DO CAOS Dir. Thomas Arslan Link da crítica:  A ARTE DO CAOS (2024) Dir. Thomas Arslan __________ EMMANUELLE  Dir. Audrey Diwan Link da crítica:  EMMANUELLE (2025) Dir. Audrey Diwan __________ QUANDO A LUZ ARREBENTA  Dir. Rúnar Rúnarsson Link da crítica: QUANDO A LUZ ARREBENTA (2024) Dir. Rúnar Rúnarsson __________ DREAMS Dir. Dag Johan Haugerud  Link da crítica:  DREAMS (2024) Dir. Dag Johan Haugerud __________ O ÚLTIMO MOICANO  Dir. Frédéric Farrucci Link da crítica:  O ÚLTIMO MOICANO (2025) Dir. Frédéric Farrucci __________ SÍNDROME DA APATIA  Dir. Alexandros Avranas  Link da crítica:  SÍNDROME DA APATIA (2024) Dir. Alexandros Avranas ]___________ VOCÊ É O UNIVERSO  Dir. Pavlo Ostrimov Link da crítica:  VOCÊ É O UNIVERSO (2024) Dir. Pavlo Ostrimov __________ ÓPERA - CANÇÃO PARA UM ECLIPSE Dir. Davide Livemore e Gep Cucco Link da crítica:  ÓPERA - CANÇÃO PARA UM ECLIPSE (2024) Dir. Davide Liver...

A ARTE DO CAOS (2024) Dir. Thomas Arslan

Texto por Marco Fialho Tem filmes que não precisam de muito malabarismo narrativo para chegar longe. A Arte do Caos é desses. Ele é preciso em envolver o espectador e extremamente simples na realização. Quem dera os filmes fossem tão descomplicados e diretos como esse o é.  A direção e o roteiro de Thomas Arslan são brilhantes pela eficiência. A economia dos diálogos é uma característica que outros filmes de ação poderiam adotar para a nossa felicidade cinematográfica. Os planos também são de uma limpeza necessária, tantos os fixos quanto os em movimento, inclusive as competentes cenas de perseguição de carro, sem os exageros frequentes e aqueles malabarismos de câmera e montagem de som e imagem.  Mas o que é mais fascinante em A Arte do Caos é como o diretor adentra em um mundo desconhecido por nós pobres mortais, o do submundo dos trambiqueiros profissionais, dos golpistas de toda a ordem, que invadem casas para roubar relógios e outros objetos de valor. O modo de vida arris...

EMMANUELLE (2025) Dir. Audrey Diwan

  Texto por Marco Fialho Apesar do nome Emmanuelle nos remeter diretamente ao clássico filme dos anos 1970, o filme de 2025 não se trata exatamente de uma refilmagem, pelo menos em um viés costumeiro dessa palavra, já que vários aspectos da obra original foram modificados e relidos para os nossos dias. O desejo mais evidente da diretora Audrey Diwan é o de trazer para a contemporaneidade uma nova visão acerca da sexualidade feminina, um desejo de atualização nesse contexto, o de ver o corpo da mulher não mais como um simples objeto para a satisfação do olhar e da libido masculinos. Entretanto, essa atualização não pretende ser algo sectário ou mesmo almeja trazer um discurso feminista explícito. O feminismo está ali sim, mas está incorporado às ações e falas, não como discurso direto, mas na própria construção da personagem. De certa maneira, Emmanuelle é um filme sobre o desejo, mas não exclusivamente o masculino, como ocorria na antiga versão, onde a personagem de Sylvia Kristel...

QUANDO A LUZ ARREBENTA (2024) Dir. Rúnar Rúnarsson

Texto por Marco Fialho Quando a Luz Arrebenta é um filme vindo da Islândia, que trata do difícil tema da perda, em especial quando ainda se é jovem, com uma vida inteira pela frente. O diretor Rúnar Rúnarsson aborda com grande sensibilidade a história de Una, uma menina que enquanto luta para se tornar a namorada oficial de Diddi (Baldur Einarsson), que está prestes a largar Klara (Kátia Njálsdóttir) para enfim assumir Una e retirar o romance deles do segredo.  Com o acidente fatal de Diddi, todo esse drama se desloca para os sentimentos de perda que todos os amigos sentem com muita intensidade. Diddi é jovem e líder de uma banda de rock, em que Una também faz parte. Apesar do peso que cada imagem possui, pegamos a câmera de Rúnnar em movimentos constantes nas cenas, como no túnel e mais ao final no mar, como se ele dissesse da necessidade de sempre ir para frente e da inevitabilidade do tempo.    O melhor de Quando a Luz Arrebenta é a direção de Rúnar, como ele conduz to...

INVERNO À LUZ DA LUA (2019) Dir. Dae Hyung Lim

Texto por Marco Fialho A delicadeza é um dos principais traços de Inverno à Luz da Lua , drama singelo que trata de tabus e interdições familiares. O mais interessante é como o diretor Dae Hyung Lim trabalha o tema sem expô-lo de maneira direta, mas até certo ponto mantendo o mistério da trama.  Tudo é narrado como se os pontos centrais do filme fossem voltados para as duas famílias que aparecem no enredo, a de Yoon-Hee (Kim Hee-Ae) e a de Jun (Yuko Nakamura). O filme ainda transita entre a Coreia do Sul e o Japão, pois a família de Jun, apesar de coreana mora no Japão. Yoon-Hee, é separada do marido e vive em companhia da filha Sae-Bom (Kim So-Hye). Sae-Bom é a filha de Yoon-Hee que inconformada com a infelicidade estrutural da mãe, lê uma carta de uma antiga amiga (no caso, Jun) que não fala há 20 anos e planeja uma viagem ao Japão para tentar entender quem é essa mulher misteriosa. O diretor Dae Hyung Lim investe nos personagens, os desenvolve a contento, com sensibilidade, e en...

12.12: O Dia (2024) Dir. Kim Sung-Soo

Texto de Marco Fialho  Com quantos militares se faz um golpe? Essa é a pergunta que ecoa enquanto vemos 12.12: O Dia , filme coreano dirigido por Kim Sung-Soo (não confundir com outro coreano, o Hong Sang-Soo). O diretor transforma a narrativa em um thriller político de ação e nos atropela com uma câmera vertiginosa e uma montagem aceleradíssima, com muitos cortes rápidos e no momento crucial, com a introdução de uma multi-tela. O ritmo é frenético, com o diretor explorando detalhes dos bastidores de uma conspiração militar ocorrida no final dos anos 1970.   Realmente, o ritmo de 12.12: O Dia  é alucinante, o que faz com que os 142 minutos do filme voem. Entretanto, se por um lado, tamanha velocidade e competência narrativa são eficazes para prender a atenção do espectador, ela nos atropela de tal forma que deixamos de fazer perguntas cruciais ao que estamos assistindo. Se, a princípio parecemos envolvidos por uma trama shakespeariana, em que traições perpassam as re...

GRAND TOUR (2024) Dir. Miguel Gomes

Texto por Marco Fialho O termo grand tour era usado por parte de uma elite europeia no século XVIII, inclusive inglesa, e depois da América, para designar um tipo de viagem de jovens para as principais capitais europeias reconhecidas como berço da humanidade, com lastro histórico e cultural sobretudo na Antiguidade Clássica.  O filme homônimo de Miguel Gomes se utiliza do mesmo termo, mas o subvertendo sobremaneira. Primeiro na época histórica, já que Edward (Gonçalo Waddington), nosso protagonista, é um homem do século XX, um funcionário inglês em um país do Oriente, que foge da noiva Molly (Crista Alfaiate) no dia em que ela está chegando para concretizar o casamento. Segunda subversão é a realização do tal passeio como fuga, não como um plano educacional, em conformidade com a tradição. Terceira subversão, e talvez a mais importante, é que esse tour histórico não é realizado em países europeus, como rezava a tradição, mas em capitais asiáticas, muitas delas berço de culturas m...

SOBRE BORBOLETAS E OUTRAS HISTÓRIAS (2025) Dir. Sávio Tarso

Texto por Marco Fialho O bom cinema não tem a ver só com o orçamento que o diretor possui para realizar seu filme, mas sim com o conceito de cinema que está incrustrado nele. É o caso de Sávio Tarso, diretor que atua em Ipatinga, conhecida como uma das cidades do Vale do Aço de Minas Gerais. Logo no primeiro frame de Borboletas e Outras Histórias vemos escrito em um quadro escolar "Atividade: O Mundo Animal" numa sala de aula vazia, enquanto passa os créditos e ouvimos uma música que nos remete às tradições afro-brasileiras. Isso parece pouco, mas não o é.   Quem filma com poucos recursos não pode se dar ao luxo de desperdiçar um só minuto, precisa pensar nos mínimos detalhes. Teria duplo sentido essas palavras no quadro que citei acima? O racismo, tema preferencial do diretor e desse filme, já está indagado logo de cara. Seria oportuno lembrar que o segundo frame do filme se parece com o primeiro, só que agora no quadro está escrito: "20 de novembro, dia da consciência ...

SERRA DAS ALMAS (2024) Dir. Lirio Ferreira

Texto por Marco Fialho O Brasil mais interiorano, mais arcaico, profundo e com menores possibilidades econômicas, vem sendo explorado de maneira exitosa pelo nosso cinema em 2025. O exemplo mais bem-sucedido desse cinema é Oeste Outra Vez , filme goiano de Érico Rassi, que opta por um registro árido que se alinha ao próprio universo do filme. Serra das Almas , do diretor pernambucano Lírio Ferreira, também retrata o interior de Pernambuco, embora a abordagem aqui seja mais intensa, com cortes mais abruptos e uma violência mais explícita.  Mas o maior atributo de Serra das Almas é a sua montagem (trabalho magistral de André Sampaio) que reconstrói e remonta o tempo ao seu bel-prazer, até que este sirva aos propósitos do filme. Cenas do passado e do presente se embaralham e forçam o espectador a ficar remontando constantemente a história em sua cabeça, como se estivesse montando um quebra-cabeça de mil peças. Logo nas primeiras cenas somos arremessados em uma montagem paralela que mo...

A MAIS PRECIOSA DAS CARGAS (2025) Dir. Michel Hazanavicius

Texto por Carmela Fialho  A Mais Preciosa das Cargas do premiado diretor francês Michel Hazanavicius é uma animação que se passa durante a Segunda Guerra Mundial em uma aldeia no meio de uma floresta no leste europeu. Um primor de beleza, a cena onde a pobre camponesa em um dia de muita neve acha uma bebê que foi lançado de um vagão de trem. A camponesa que não tinha filhos, reza para que o "deus trem" lhe dê uma dádiva e consegue realizar o seu desejo nesse dia.   O filme vai revelando lentamente os horrores do holocausto e as razões que levaram o pai biológico judeu a lançar sua filha bebê pela janela do trem. A questão do antissemitismo perpassa o filme no discurso do lenhador, que chama os judeus de sem coração. Mas o elo afetivo com a bebê vai se construindo durante a narrativa, a ponto do lenhador defender a vida da pequenina contra a agressividade dos outros lenhadores, que se intitulam patriotas, e queriam mata-la pelo fato dela ser sem coração. Os traços da an...

LOVE (2024) Dir. Dag Johan Haugerud

Texto por Marco Fialho Depois da explosão de Sex , o primeiro filme da trilogia de Dag Johan Haugerud sobre os relacionamentos dos noruegueses na contemporaneidade, Love soa formalmente leve em demasia aos olhos do espectador. A crueza dos diálogos do primeiro não encontra continuidade nesse drama romântico, com ares de compaixão e solidariedade.  Os personagens principais são dois. Um deles é a médica Marianne (Andrea Braein Hovig) e o outro é o enfermeiro Tor (Toyo Cittadella Jacobsen). Ainda tem uma terceira, uma trabalhadora da cultura, Heidi (Marte Engebrigtsen), que Dag Johan deixa meio de lado no decorrer da trama e pouco sabemos de seus relacionamentos. Marianne é uma mulher que representa bem o feminino do nosso tempo, independente, convicta de sua solteirice e livre para o sexo, pelo menos até conhecer o geólogo Ole Harald (Thomas Gullestad), um homem desquitado em busca de um terceiro casamento. Já Tor é um homem que busca mais sexo do que amor nas relações com outros ho...