Texto de Carmela Fialho O filme Queer Alma do Deserto da diretora Mónica Taboada-Tapia constrói a sua narrativa na trajetória da trans indígena Georgina Epiayú na luta para colocar o nome de mulher no seu documento de identidade. A diretora realiza um documentário de personagem, de cunho observacional, tentando posicionar a câmera como um instrumento de registro do cotidiano dessa mulher, sem que a mulher interaja diretamente com a câmera. Sem a documentação definitiva com o nome feminino, Georgina, com o documento provisório, não tem direito a receber os benefícios do governo, nem pode votar. Assim, Alma do Deserto aborda não só o preconceito em relação a essa mulher trans, mas também uma de suas mais cruéis consequências, a invisibilidade. Georgina é oriunda do povo Wayúu, do clã Epiayú e vai à Uribia, capital indígena da Colômbia, para tentar resolver a questão da identidade definitiva, mas não obtem sucesso em suas investidas. A fotografia calcada no cotidiano árduo e de resistên...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)