Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2025

BABY (2024) Dir. Marcelo Caetano

Texto por Marco Fialho Baby dramaturgicamente se escora em uma mistura de romance LGBT com um intenso drama social. Faz lembrar filmes como Pixote e o teatro de Plínio Marcos. O conceito estético que o diretor Marcelo Caetano propõe perambula lá pelo final dos anos 1970 e início dos 1980, em especial pela maneira como os personagens marginalizados são construídos. Por isso Baby não deixa de ser um exercício interessante de roteiro e direção.  O filme se guia por meio das ações dos personagens Baby (também chamado de Wellington), numa interpretação magnética do jovem ator João Pedro Mariano e sua relação com Ronaldo, interpretado por Ricardo Teodoro. O roteiro de Marcelo Caetano, coescrito por Gabriel Domingues, aposta numa narrativa onde os diálogos são curtos e precisos, nunca repetitivos à imagem, sempre a alimentando com sugestionamentos e olhares. A fotografia, a cargo do experiente Pedro Sotero e Joana Luz, sustenta imagens fortes vindas das interpretações muitas vezes duras e...

BABYGIRL (2024) Dir. Halina Reijn

Texto por Marco Fialho  A diretora Halina Reijn filma Babygirl como um típico filme de amor entre adolescentes. O estranhamento que sentimos é provocado pelo fato da personagem Romy (Nicole Kidman) ser uma CEO de uma grande empresa de sucesso no ramo do ecommerce enquanto o seu par romântico está saindo da adolescência.  Se na teoria Romy deveria ser uma mulher madura e Samuel, o jovem estagiário, o imaturo, na prática ocorre o inverso. Ela é a adolescente da relação. Essa premissa poderia até ser interessante caso Romy fosse uma tirana como chefe, o que não é verdade. Mesmo porque praticamente não vemos Romy exercendo efetivamente o trabalho como CEO. Não há uma preocupação do roteiro em marcar Romy como uma líder autoritária, ao invés disso, ela aparenta ser bem quista pelos subalternos. Fica pouco factível ver essa mulher tão supostamente empoderada não só ser como querer ser dominada pelo estagiário inexperiente. E a dominação aqui não é só sexual, é mais um tipo de domin...

NOSFERATU (2024) Dir. Robert Eggers

Texto por Marco Fialho Tem diretores que se colocam diante de um desafio extremo, tal como Robert Eggers faz ao lançar uma refilmagem do clássico Nosferatu (1922), do genial Friedrich Wilhelm Murnau. Queria aproveitar e até promover um desafio aos diretores: façam refilmagem de filme fracassado, sem grande importância, porque refazer filmes de sucesso e bem-sucedidos é em certos aspectos bastante decepcionante. Não que o filme de Eggers seja ruim, apenas não tem a inspiração e o brilho da versão de Murnau. Nem cito O Nosferatu (1979) de Werner Werzog já que o diálogo que Eggers busca visivelmente é com a versão de 1922.  O Nosferatu de Eggers esbarra em excessos desnecessários, são tantos planos filmados para serem intactos e belos que tudo soa com certo artificialismo, o enredo se encaminha para um segundo plano, tal é o esmero pelo visual, por uma fotografia que impressiona a ponto de nos tirar do filme. Em certo momento fiquei observando a imagem, sem me importar com o que estav...