O desperdício de uma atriz fora-de-série Crítica de Marco Fialho A primeira referência que nos remete o filme “Lola Pater” é a do espanhol Pedro Almodóvar. Um filho em busca de um pai que ele pouco conviveu na infância, que abandonou o casamento para mudar de sexo e casar com uma lésbica. Parece mesmo, mas as semelhanças param por aí. O tom adotado pelo diretor Nadir Moknèche é bem mais sereno, um drama delicado e terno sobre relações familiares incomuns. O grande trunfo de “Lola Pater”, sem dúvida, é o talento de uma das grandes damas do cinema francês, Fanny Ardant, que faz a personagem-título. O desafio desse papel salta aos olhos, pois representar uma mulher que já foi homem não é uma tarefa fácil, mesmo para uma atriz de primeira grandeza, musa de tantos clássicos como “A Mulher ao Lado” (Truffaut) e “A Família” (Ettore Scolla). Justamente são os traços masculinos a maior dificuldade de dar vida a essa complexa Lola, e Fanny consegue edificar esse personagem com tod...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)