Texto por Marco Fialho O Grande Golpe do Leste , filme alemão dirigido por Natja Brunckhorst, me lembrou muito a divertida comédia A Parte dos Anjos (2012), do veterano Ken Loach, em especial o espírito rebelde que toma partido da união da classe trabalhadora frente o caos de viver em regimes opressores, independente da ideologia de quem está no poder. Em O Grande Golpe do Leste , a diretora constrói uma trama fictícia baseada em uma história real, acontecida com um grupo de trabalhadores de um pequeno bairro metalúrgico fabril logo depois da derrubada do Muro de Berlim em 1989. Tudo inicia com a descoberta por esse grupo de um bunker do extinto governo da Alemanha Oriental, onde se guardava as notas de dinheiro recolhidas para a implantação do marco como nova moeda oficial que passa a valer também na parte oriental do país. Natja Brunckhorst realiza tudo com imensa leveza e faz as quase duas horas do filme deslizarem a nossa frente. O melhor de O Grande Golpe do Leste reside no f...
Texto por Marco Fialho Eros , filme pernambucano dirigido por Rachel Daisy Ellis, pode ter muitos atrativos e curiosidades, afinal, o instinto humano de saber o que acontece na intimidade alheia pode ser alvo de muita gente por aí. Mas será que o que vemos em Eros é realmente intimidade? Creio que não e vou partilhar porque não considero possível filmar a intimidade nas condições em que o documentário foi realizado. Durante boa parte de Eros me reportei ao mestre Eduardo Coutinho e sua máxima de que qualquer pessoa defronte a uma câmera ligada se transforma de imediato e passa a performar, assim como é capaz de reinventar a história da sua vida. Sendo assim, como filmar a intimidade partindo desse viés levantado por Coutinho? A proposta de Ellis de fazer as pessoas se filmarem parte de uma premissa em que teremos de tudo ali filmado, menos a intimidade das relações. Aqui até o explícito parece falso, encenado porque claramente encenado para a câmera. A ideia de adentrar nas entran...