Helena Ignez e o desnudar do anedótico Por Marco Fialho Devo confessar que desde que soube que a sempre surpreendente Helena Ignez havia realizado um filme cujo o ponto de partida eram os fakires fiquei com uma sensação de estranhamento sem igual. Ainda na minha infância, lembro de ouvir falar deles, mas sempre sem entender mesmo quem eles eram, em especial porque as explicações que vinham recrudesciam ainda mais minhas dúvidas sobre esses seres. Já na minha vida adulta o fenômeno rarefeito dos fakires pode ter colaborado para o meu esquecimento desses misteriosos seres. Não se tem como negar que em torno da figura de um fakir sempre haverá algo de pitoresco, e a pergunta óbvia do que leva um ser humano a ganhar a vida com provas tão duras, como a de ficar dias sem se alimentar num esquife cuja base são pregos e de quebra cercado por cobras. Quando soube desse filme, sempre imaginei isso: como fugir do pitoresco, do aspecto curioso e ir além, falar de algo a mais dentro desse ...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)