Texto de Marco Fialho O cinema alemão é sempre surpreendente, capaz de revelar obras diferenciadas e inusitadas. É o caso de "A Camareira", segundo longa do diretor Ingo Haeb. Por meio de uma personagem, a camareira Lynn, o diretor lança imagens que por si esboçam um viés no mínimo curioso sobre a sociedade alemã do início do século XXI, em especial a relação entre o mundo do trabalho e o mundo íntimo. Esse é um típico drama cômico, capaz de revelar um mundo que caminha a passos largos para a impessoalidade e dominado pelo asséptico, e Ingo Haeb pode ser visto como um cineasta a questionar um determinado status quo que tende a uma crescente indiferença frente ao humano. Desde a primeira cena de "A camareira", o que vemos é a fascinante personagem Lynn tentando entender o mundo com seu espírito curioso e sistematicamente se assustando com ele. A direção de Ingo Haeb é de um raro primor na composição dos planos, a maioria deles fixos ou com delicados movimentos de c...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)