Texto de Marco Fialho
"Samsara, a jornada da alma", do diretor espanhol Lois Patino, aborda a religiosidade budista, numa trama em que o protagonismo pertence a um espírito que desencarna, passeia pelo limbo e volta encarnado em uma cabra.
Dentro do budismo, a grosso modo, samsara designa o fluxo da vida, como nascimento, envelhecimento, morte e renascimento. O diretor tenta desenvolver uma linguagem audiovisual para dar conta de um desafio de traduzir em imagem e som essa experiência espiritual. A parte em que o diretor aborda o limbo, realmente é a mais criativa e impactante, chegando a comprometer quem sofre de fotofobia.
"Samsara, a jornada da alma" se passa em 2 cidades diferentes, em Laos e na ilha de Zanzibar. Na primeira, a história transcorre em um mosteiro budista e seus arredores, onde belas paisagens encantam e emolduram a trama. Na segunda cidade, numa pequena comunidade à beira-mar que fabrica sabonetes e outros produtos a partir das algas para os hotéis turísticos da região. Em Laos, o diretor aborda o espírito de uma senhora prestes a desencarnar, em que o neto lê para ela um livro sagrado. Em Zanzibar, esse espírito encarna no corpo de uma cabra, que trava uma amizade com uma menina.
O filme trabalha em um território híbrido entre o documentário e a ficção. O diretor Lois Patino até consegue momentos bonitos e plásticos, porém, no todo, a obra carece de uma maior uniformidade narrativa. Talvez, o diretor tenha ficado tão fascinado com o tema, que não conseguiu delimitar quais personagens seguir. São muitos focos escolhidos, o que enfraquecer a força narrativa do filme.
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