O filme parte de uma premissa absurda. Signe (Kristine Kujath Thorp) não se conforma com o sucesso midiático do namorado (Eirik Saether), um artista visual contemporâneo que cria arte a partir de objetos roubados. Tudo aqui é doentio e bizarro. Signe começa a se autoagredir até chegar a deformidade. Sua transformação facial é de tal ordem que ela acaba chamando a atenção da mídia.
O filme critica uma sociedade egocêntrica, profundamente infantilizada, em que as pessoas se submetem a diversos absurdos para chamarem a atenção. Depois de um certo momento, lá para o último terço, o filme não consegue mais desenvolver o próprio absurdo a que se propôs e perdendo consideravelmente o ritmo inicial.
A postura da direção me parece muito cômoda em relação aos fatos bizarros alinhavados. Tudo é tratado com muita naturalidade. Tem uma cena esdrúxula em que ele faz um discurso em meio a um jantar da alta sociedade e Signe justamente começa a passar mal nessa hora, ele não só ignora como diz que precisa terminar a sua fala.
Ao meu ver, esses filmes que se utilizam de uma proposta realista para tentar ultrapassa-lo, ao exagera-lo, lhe conferindo um tom sempre acima, soam muito forçados e querem se promover por meio do choque, embora não consigam desenvolver realmente as ideias que foram colocadas à mesa nos minutos iniciais.
"Doente de mim mesma" passeia por esse universo, mesmo não sendo um dos mais radicais nessa concepção do exagerar para chamar a atenção, e até tem alguns momentos bem-sucedidos que vale a pena conferir.
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