O progresso decadente da China por trás de Qiao e Bin Por Marco Fialho "Amor até às cinzas", novo filme do cultuado diretor chinês Jia Zhang-Ke, é por demais traiçoeiro. Há nele algo de escorregadio e isso não está propriamente explícito na trama. É necessário se pensar um pouco sobre seus personagens, pois eles são todos tão nebulosos que nos criam uma barreira, um distanciamento para com eles. Não à toa assistimos a diversas traições durante o transcorrer da história. Entretanto, a maior traição mesmo vem de Jia, pela forma como ele insere os personagens na trama. A impressão que temos continuamente é que tudo que vemos não é exatamente o que é, e esse parece ser o ardil proposto pela narrativa de Jia Zhang-Ke. Jia Zhang-Ke se impõe como um manipulador exemplar em "Amor até às cinzas" ao misturar artesania e autoralidade de uma só vez. Imprime minuciosamente sua visão acerca de uma China corroída por dentro, mas como se a sua própria narrativa também estive...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)