Pular para o conteúdo principal

O CONDE DE MONTE CRISTO (2024) Dir. Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière


Texto por Carmela Fialho

O filme O Conde de Monte Cristo é um drama aventura baseado no romance homônimo de 1844 de Alexandre Dumas. O filme foi escrito e dirigido por Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière, e estrelado por Pierre Niney no papel de Edmond Dantès. Essa nova versão para essa famosa história é visualmente primorosa, em especial no trabalho de reconstituição de época, direção de fotografia e direção de arte.

O épico investe em personagens carismáticos e planos aéreos bem cuidados com o objetivo de mostrar a grandiosidade das cenas no mar, castelos e propriedades rurais dos nobres. As intrigas do poder político e econômico assumem a trama principal, onde o Conde de Monte Cristo é um misto de herói e vilão que pretende se vingar de sua prisão injusta, fruto de articulações jurídicas dos poderosos nobres franceses que invejavam a sua ascensão à condição de capitão e de desposar uma das mais bonitas jovens da nobreza.

O Conde de Monte Cristo conta com atuações marcantes de personagens femininas como Haydée, interpretada pela atriz romena-francesa Anamaria Vartolomei, e Mercédès, interpretada por Anaïs Demoustier, que conseguem trazer a força da mulher nas mudanças do rumo da narrativa e no seu desfecho. Entretanto, as interpretações masculinas como um todo, não fogem do esperado, com a devida ressalva à atuação de Pierfrancesco Favino como Abade Faria.

A narrativa clássica conduz o filme, que se desenvolve de maneira cronológica, dividida em duas partes: na primeira, a trama se passa na prisão, onde o protagonista conhece um abade Faria que o possibilita escapar e ter acesso a um imenso tesouro, tornando-se assim um novo personagem, o Conde de Monte Cristo; na segunda metade, o conde prepara sua vingança contra os seus detratores, e ganha aliados importantes na preparação de armadilhas e concretização de suas investidas contra os poderosos.

Apesar de contar com um design de produção esmerado, o filme não traz novos elementos narrativos a já conhecida história do Conde de Monte Cristo ao apostar numa estrutura convencional na adaptação dessa consagrada obra da literatura mundial. É indicado para quem gosta de um filme de aventura, romance e intrigas palacianas, esperar mais do que isso, pode trazer uma decepção ao final da projeção.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CINEFIALHO - 2024 EM 100 FILMES

           C I N E F I A L H O - 2 0 2 4 E M  1 0 0 F I L M E S   Pela primeira vez faço uma lista tão extensa, com 100 filmes. Mas não são 100 filmes aleatórios, o que os une são as salas de cinema. Creio que 2024 tenha sido, dos últimos anos, o mais transformador, por marcar o início de uma reconexão do público (seja lá o que se entende por isso) com o espaço físico do cinema, com o rito (por mais que o celular e as conversas de sala de estar ainda poluam essa retomada) de assistir um filme na tela grande. Apenas um filme da lista (eu amo exceções) não foi exibido no circuito brasileiro de salas de cinema, o de Clint Eastwood ( Jurado Nº 2 ). Até como uma forma de protesto e respeito, me reservei ao direito de pô-lo aqui. Como um diretor com a importância dele, não teve seu filme exibido na tela grande, indo direto para o streaming? Ainda mais que até os streamings hoje já veem a possibilidade positiva de lançar o filme antes no cinema, inclusiv...

AINDA ESTOU AQUI (2024) Dir. Walter Salles

Texto por Marco Fialho Tem filmes que antes de tudo se estabelecem como vetores simbólicos e mais do que falar de uma época, talvez suas forças advenham de um forte diálogo com o tempo presente. Para mim, é o caso de Ainda Estou Aqui , de Walter Salles, representante do Brasil na corrida do Oscar 2025. Há no Brasil de hoje uma energia estranha, vinda de setores que entoam uma espécie de canto do cisne da época mais terrível do Brasil contemporâneo: a do regime ditatorial civil e militar (1964-85). Esse é o diálogo que Walter estabelece ao trazer para o cinema uma sensível história baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. Logo na primeira cena Walter Salles mostra ao que veio. A personagem Eunice (Fernanda Torres) está no mar, bem longe da costa, nadando e relaxando, como aparece também em outras cenas do filme. Mas como um prenúncio, sua paz é perturbada pelo som desconfortável de um helicóptero do exército, que rasga o céu do Leblon em um vôo rasante e ameaçador pela praia. ...

BANDIDA: A NÚMERO UM

Texto de Marco Fialho Logo que inicia o filme Bandida: A Número Um , a primeira impressão que tive foi a de que vinha mais um "favela movie " para conta do cinema brasileiro. Mas depois de transcorrido mais de uma hora de filme, a sensação continuou a mesma. Sim, Bandida: A Número Um é desnecessariamente mais uma obra defasada realizada na terceira década do Século XXI, um filme com cara de vinte anos atrás, e não precisava, pois a história em si poderia ter buscado caminhos narrativos mais criativos e originais, afinal, não é todo dia que temos à disposição um roteiro calcado na história de uma mulher poderosa no mundo do crime.     O diretor João Wainer realiza seu filme a partir do livro A Número Um, de Raquel de Oliveira, em que a autora narra a sua própria história como a primeira dama do tráfico no Morro do Vidigal. A ex-BBB Maria Bomani interpreta muito bem essa mulher forte que conseguiu se impor com inteligência e força perante uma conjuntura do crime inteir...