Texto por Marco Fialho
Apesar de Fantasma ser irregular do ponto de vista de sua produção, oscilando entre umas cenas bem filmadas com outras que beiram o amadorismo, o tom cômico da película chilena em coprodução com o Brasil salva a concepção geral da obra.
O filme, dirigido por Martin Duplaquet, vem reafirmar o gosto do cinema produzido na América Latina pelos golpes e assaltos a banco. Os exemplos são muitos, como o recente Os Delinquentes (2023), Plata Queimada (2000), Odisseia dos Tontos (2019) e o clássico Nove Rainhas (2000), apenas para citar alguns. Fantasma é mais uma obra que explora essa situação. Claro, que a condição de falência que perpassa esses países alimenta essas ideias que envolvem muitos riscos, além de muita aventura e um quê de insólito.
Fantasma se valoriza muito pelo seu elenco que imprime grandes atuações como as de Willy Semler (Fantasma), Elisa Zulueta (Judi) e Dário Lopilato (Picasso). A direção de Martin Duplaquet sabe se aproveitar do absurdo inerente à história para extrair suspense e risos das situações inusitadas. A montagem garante o dinamismo da história, que sempre apresenta boas reviravoltas.
De uma maneira geral, Fantasma se aproxima muito das películas argentinas na maneira de narrar, na combinação de planos funcionais com uma pitada de humor, mas sempre buscando um diálogo com o público, sem subestimá-lo ou fazê-lo pensar demais. O fato de deixar os personagens sempre em fuga dá ao filme um tom de suspense sublinhado pela trilha musical original. Os momentos de mais tensão, o diretor opta por uma câmera na mão e ratifica a instabilidade que um filme de assalto a banco tanto precisa. Fantasma entrega uma boa diversão para o público, além de mostrar a eterna contradição social, em que roubar um banco se revela uma aventura sedutora e possível, pelo menos para alguns poucos malucos.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Quero saber o que você achou do meu texto. Obrigado!