Texto por Marco Fialho
O que mais Bernadette - A Mulher do Presidente, filme dirigido por Léa Doménach, nos faz lembrar é que nem todo o apagamento merece ser resgatado pelo cinema. Sinceramente, trazer à baila a imagem de Bernadette Chirac pouco acrescenta tanto à cena política quanto cinematográfica.
E tem mais, cobrir a narrativa com um invólucro de comédia tão pouco salva o filme do mais retumbante fracasso como cinema. Outra estratégia esperta é colocar Catherine Deneuve, uma das maiores atrizes francesas de todos os tempos para protagonizar, os equívocos em série que Bernadette - A Mulher do Presidente representa.
Vale registrar o quanto está na moda a construção de uma imagem de uma mulher emancipada, mas conservadora. É Assim Que Acaba, recentemente fez o mesmo, ao trazer à luz uma história de uma mulher apenas pretensamente emancipada. Já pensando especificamente em Bernadette Chirac, devemos lembrar que o seu gesto mais ousado na política foi contrariar o marido e apoiar Sarkozy, um dos políticos mais nefastos da recente história republicana francesa.
Mas independente do suposto resgate histórico que Bernadette - A Mulher do Presidente almeja alcançar, o filme em si é bem insosso em sua monotonia narrativa, muito porque a história de Bernadette Chirac é mesmo sem grande brilho, não há realmente nada a mostrar de fundamental, nem em seu pensamento político (que muito parece mais reativo do que consequente ou assentado em idéias pertinentes) nem como uma mulher à frente de seu tempo, apenas mais uma pessoa mimada, temperamental e exótica. Não casualmente o filme se prende muito na maneira diferente de Bernadette se vestir.
Talvez, esse filme sirva até para atestar o quanto a política vem se permitindo a ser servida de personagens mais exóticos do que consequentes, sendo levada pouco a sério. Não consegui identificar na direção de Léa Doménach algum traço de crítica a essa proliferação de oportunistas que circundam pelo meio da política, apenas para mim ela ratifica uma visão onde o fato político é gestado numa intimidade do tipo grandes rainhas, reis, príncipes e princesas.
Para mim, Bernadette - A Mulher do Presidente se comunga com um certo cinema francês cuja meta é somente ganhar uns trocados na bilheteria apelando para atores e atrizes de excelência. Um desperdício de talento que não merece grande destaque, afinal, dar força para políticos conservadores nem devia dar alguma pinta.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Quero saber o que você achou do meu texto. Obrigado!