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EU SOU O CINEMA, O CINEMA SOU EU (2024) Dir. Cavi Borges e Patrícia Niedermeier


Texto de Marco Fialho

Intro
Se viajar é para a maioria uma oportunidade de conhecer outras paisagens e culturas, para Cavi Borges e Patrícia Niedermeier viajar representa algo maior, uma possibilidade de fazer novos trabalhos audiovisuais. Em Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu o casal cinematográfico se apossa da temática cinema para compor 14 novas videoartes para a sua filmografia, são pequenas peças cuidadosamente filmadas, com o esmero de quem ama o ofício do cinema.

Contudo, Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu tem uma abertura especial, uma curtíssima e luxuosa videoarte de Neville D'Almeida, como um preâmbulo temático e premeditório. Nela vemos Patrícia Niedermeier se enroscando em celulóides estilizados que emulam uma película de cinema, com imagens de cenas de filmes famosos. Há, sem dúvida, um apelo erótico na cena, uma aproximação carnal movida pelo desejo de estar perto do cinema, de se envolver com ele. Trata-se de uma bela introdução provocativa ao que virá: videoartes contaminadas pelo amor ao cinema. 

Eu Sou o Cinema, O Cinema Sou Eu se estabelece pelo sensível, pela força do táctil. Como uma ação que precisa ser guiada pelo desejo. Antes de ser entendida, a Videoarte clama por ser sentida em todas as suas camadas: sonoras, imagéticas e uma outra invisível, a sensorial, que incita o inconsciente do espectador assuma o controle da situação. Ou melhor, é preciso viver a videoarte. Sim, a videoarte é para ser vivida em sua brevidade, da mesma forma como se admira um objeto que balança com um sopro. A videoarte carrega consigo uma delicadeza que só pode ser acessada se o outro se colocar disponível de corpo e alma. A videoarte tem o poder de viver e morrer em sutis instantes. Tal como um poema haicai, a videoarte é uma evocação de algo que já não está lá, um sentimento que nasceu e se desfez bem na nossa frente. 

Se o trem do Lumière é como um fantasma, uma assombração que desperta o desejo de ser invadido por ele, em um lapso psíquico se instaura a atração pelo desconhecido, como um ritual macabro encarnado pelo looping de novas sessões talhadas pelo futuro implorando pelo eterno frescor. O ritual do cinema é uma vontade eterna de revisitar caminhos percorridos e eu vejo Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu como essa viagem cíclica ao cinema, vejo um grande olho a abrir um diálogo com essa história, que entre tantas coisas, também deseja fazer parte dela. Assim, Patrícia é atravessada por imagens (ou seria o contrário?), por olhares que veem o mundo, que nos dilaceram com sua intensidade. Qual o olhar mais poderoso, o que vem do filme ou o nosso enquanto espectador? Essa indagação é o princípio maior propulsor do próprio cinema, a equação irresoluta e misteriosa da nossa relação com o cinema.

O que faremos aqui é abrir um diálogo livre com cada videoarte, com o que cada uma delas suscitou em nosso corpo e pensamento. Inclusive, ela é indissociável do meu eu. Desde processos racionalizados até outros completamente soltos, analisaremos as 14 obras, como janelas que são, com poder tanto para iluminar quanto para se atirar por elas. Se Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu começou com uma viagem de Cavi e Patrícia, aqui iniciamos a nossa, particular, intimista, e igualmente entregue à paixão do cinema.      

Câmera Olho
Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu é perpassado por uma espécie de arqueologia do cinema, por um desejo de saber mais sobre as suas potencialidades. Por uma câmera que vai fundo no fundo do cinema, em suas origens, nos caminhos e descaminhos enfrentados. Aqui ouvimos umas das poucas palavras ditas nas 14 videoartes, e elas chegam como uma busca de uma essência, inclusive, pressupõem a plena existência dela. Truffaut, Barthes e Varda estão presentes de maneira a definir de que cinema está se falando, quais emoções estão em jogo, "o cinema é um ato de amor?" Essa pergunta fica a ecoar pelo ar e por nós. E dá para senti-la quase como um desejo de afirmação. 

Le Film Du Carrousel
Porém, o cinema tem lá suas facetas e idiossincrasias, ele pode ser tanto vertiginoso quanto terno, e a bela videoarte Le film du carrousel mostra tão bem isso, em uma bonita homenagem a Os Incompreedidos, de François Truffaut. Para apaixonados pelo cinema, viajar à França é como entrar em um parque de diversões. Na França está a origem do cinema por meio dos Irmãos Lumière, mas a magia também perambula por ali nas imagens persuasivas de um tal Georges Méliès. Lá ainda se pode encontrar diversos cinemas de rua e uma valorização da história, tendo os filmes como principal protagonista. E essa videoarte trabalha muito bem com o contraste entre o P&B proposto por Truffaut e as cores vívidas de Patrícia no carrossel. Outro contraste está na loucura do carrossel girando em Truffaut enquanto Patrícia está leve como uma pluma na videoarte. É o presente acrescentando sua inflexão.

Império da Luz
O cinema pode também ser um farol a decupar a imagem, pode ser a presença e o quebra-cabeça. O poder da luz é o que sintetiza o cinema, como um espécie de farol da humanidade. O filme só existe com a presença da luz, ele necessita diretamente dela para sair da escuridão da película. O cinema se constrói por meio de imagens que apagam para outras virem se encaixar pela ação da luz. Sem as peças certas juntas, a magia não acontece. Essa é a lei básica que a luz revela quando sentamos em um cinema como espectadores.

Olho Mágico
E o cinema como ilusão? Creio que essa faceta do cinema é a que mais alimenta o sonho de milhares de pessoas que tem o cinema como vício, como exercício de uma cinefilia. O desejo de Méliès se revela em Olho Mágico, uma das videoartes mais incríveis e alucinantes, em um jogo de imagens em sobreposição de encantar os sentidos. Melhor nem tentar entender, apenas viajar nas cores, nas imagens que se transformam e nos incitam à confusão. A beleza do ilusionismo a inebriar e fascinar. Um deleite para quem ama o cinema por ele poder ser como uma cartola de um mágico ou a máquina de um prestidigitador a nos entorpecer, sem que tomemos uma droga sequer. Apenas apague a luz, que o show vai começar. 

Solaris
E assim vamos da França à Holanda sem filtros, brincando na paisagem que esses territórios oferecem para enganar os sentidos. O cinema, tal como os lugares, são muitos. Pode tanto, por efeito, espelhamento, luzes piscantes e poderosamente caleidoscópico, múltiplo, alegre e soturno, tudo ao mesmo tempo, ou não. No cinema, se pode ir à lua ou no espaço sideral, e ficar a vagar sem gravidade, e com a devida permissão espiritual (digo, cinematográfica) do mestre Tarkósvki. À sensação de liberdade se associa uma de leveza, de um atordoar delirante. O chão é desnecessário e opressor. Para quê se prender a ele se podemos ser felizes libertos dele, afinal, voar é a experiência mais humana de todas. É o sonho sendo vivido na sua plenitude. Nossa mente pode nos levar aos céus. Que saudades me deu dos espelhos infinitos de Orson Welles! 

De Muybridge a Lumière
Nada é mais cinematográfico do que brincar com a ilusão ótica do cinema. Muybridge fez isso. Lumière também, e o que dizer de Méliès? Cinema diverte pelo que não podemos mais ter, a não ser pela ilusão. O cinema é uma caixa de ressuscitar mortos. Ou melhor, os fantasmas. A vida não existe no cinema, só a aparência dela. Quando o trem de Lumière chega, é uma tristeza só. Não podemos mais adentrar nele, não é Patrícia? Essa descoberta dói, dos joelhos até o inconsciente.

Mãos à Obra
E a mão, o que ela pode dizer sobre o cinema? Além do fazer cinema, a mão pode ser algo para além. A primeira mão que lembro do cinema é a de Chaplin a fazer dançar inúteis sapatos. Embora a mais marcante seja a de Buñuel a brotar formigas pelas culpas cristãs do catolicismo. No mosaico de filmes de Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu ambas estão ausentes. Contudo, a mão do filme Limite (1931), de Mario Peixoto, surge para redimir as mãos que tanto me marcaram. A mão de Limite é a da minha fase mais cinéfila, a da descoberta de um filme solitário de um cineasta genial que jamais filmou uma segunda obra. A imagem de Limite surge como evocação, como prenúncio de libertação e afirmação de um olhar. Poesia em estado máximo. De chorar. 

O Tempo Tem Cor
O cinema nasceu P&B. O P&B faz parte de uma época selvagem do cinema (que eu amo). A fase das descobertas sem freios. Do livre experimento, das amarras soltas. A dureza dos contrastes criavam as diversas tonalidades entre o preto e o branco (maravilhosos contrastes). Só o tempo trouxe a cor do nosso mundo para o cinema. Mas será que isso é mesmo possível? Quais seriam as cores do mundo? Vemos que o cinema em cada época produziu coloridos diferentes. A cor dos 60 era diferente dos anos 1970, e a dos anos 1980 igualmente, e assim, pode-se dizer até os nossos dias. E o que dizer das cores de Tarkóvski, que guardam a nostalgia do P&B? Hoje, o P&B revela um tempo de um passado mais distante. Para o cinema, o P&B são as cores mais bonitas. As outras cores que me perdoem a minha aparente contradição. 

Tempo Tempo Tempo
Essa videoartes é inspiradora. Ela representa, pra mim, a dança como manifestação sincera da felicidade e da realização pessoal. A dança como libertação e como afirmação de que a vida vale à pena ser vivida, entretanto ela deve ser como eu quero e na hora que eu quero. As cores da escada como inspiração, do tipo: "essa escada multicolorida vale uma dança!" E "eu preciso registrar o tempo que fui feliz sem me importar quanto tempo durou a minha performance". Seria a alegria de estar em frente à cinemateca francesa? Os planos sobrepostos dão a sugerir que Patrícia dançou muito tempo por ali, que reverberou a sua felicidade por todos que estavam ali. É o tempo e a felicidade ao cubo. E foi apenas com a dança que disse isso, como uma menina ardendo por comunicar a sua alegria, pela fala do corpo. 

Labirinto de Orlando
O labirinto no cinema que mais me impactou foi o de Kubrick, em O iluminado. O personagem de Jack Nicholson se esvaindo pelos labirintos, cavando a sua própria cova. Os labirintos são por natureza opressores. Eles testam o emocional de quem nele adentra. Será possível sair dele? Patrícia caminha nele sem perspectiva de saída. Sua inspiração é Orlando, de Virginia Woolf: "Natureza, natureza. Eu sou sua noiva. Me salve." No cinema, o labirinto parece mais desesperador ainda, a câmera vai lentamente nos sufocando numa perseguição implacável. A música angustia. A câmera oprime. O homem também. Se não conseguir sair, dance e morra menos infeliz. 

Sonhos de Van Gogh
Um país com vocação para o cultivo das flores é impossível não encantar os artistas. O mestre Akira Kurosawa bem sabe disso e nos seus Sonhos (1990) invadiu as telas de Van Gogh criando um universo pictórico tão fascinante quanto o do mestre holandês. Esse é o sonho que Cavi e Patrícia evocam, só que aqui adentramos não no quadro do pintor holandês, mas sim na bela paisagem. São planos que revelam o absoluto, a organização cartesiana das flores e de suas cores. São tulipas lilases, vermelhos e brancos. Patrícia está leve a deitar e correr em meio a tanta beleza. É uma beleza quase opressora, afinal, o absoluto assim o é. Os mosaicos dos vídeos, dessa vez, impactam pouco, perto do que é estar lá e presenciar a explosão de cores saindo pelo ladrão. Chegar na Holanda é adentrar no deslumbramento do inebriante. Os olhos agradecem o colírio que são essas cores. A música nos pega pelas mãos para que entremos no paraíso da floricultura. É deitar e rolar, literalmente. 

Gravidade Zero 2
Diante toda a desestruturação do espaço que caracteriza o vídeo, apenas a única personagem humana não está a vagar, mesmo que algo indique uma sombra a flanar fora do seu corpo. Esse desencontro entre espaço e personagem parece ser o elemento a guiar a nossa experiência como espectador. Prédios flutuam, assim como satélites e os mais impensáveis objetos estão à deriva. Os efeitos se somam à sobreposição das imagens criando uma sensação de suspensão. Patrícia vive uma mulher cuja mente viaja indefinidamente, embora o corpo permaneça no chão. A falta de gravidade pode aqui ser pensada como um estado de espírito, uma crise ou um momento de adormecimento. Visualmente, tudo é bem bonito e a música embala a instabilidade das coisas. Se o espectador se deixar levar, vai fazer uma viagem e tanto.     

Manifesto de Uma Cineasta
A história do cinema oprimiu as mulheres. Fato. Pode-se dizer, que politicamente, o masculino predominou e dominou o cinema por mais de 100 anos, silenciando no que pôde, as vozes das realizadoras. A releitura dessa história trouxe à tona várias mulheres cineastas e abriu caminho para tantas outras se afirmarem e soltarem seus gritos. Essa videoarte fala disso, apenas citando o nome de algumas (e elas já são tantas). Considero impactante e relevante a metáfora proposta pelos diretores, de representar o choque imaginário de dois trens vindo no sentido contrário um do outro, como ideia de um trem da história do presente avançando contra o passado, e redefini-lo. Curioso observar que esse manifesto se resume a listar nomes de mulheres. A potência dessa lista ecoa como um grito contra a história retrógrada e opressora, e reposiciona e reafirma um lugar digno, de destaque e a contrapelo para as mulheres na história do cinema. 

Todos os Caminhos Me Levam Ao Cinema
Viajar é caminhar bastante, conhecer lugares, desafiar o olhar viciado nas paisagens de sempre. É manter a atenção redobrada, observar o máximo e se deixar encantar. Eu Sou o Cinema, o Cinema Sou Eu não poderia terminar melhor. Essa é uma videoarte que resume a experiência, ela é síntese que estabelece as relações e os vínculos que levaram o casal ao exterior. Viver do cinema e para o cinema. Viver nele. Não é uma condição, é algo efetivo e irrefreável, tal como querer deter a água de um rio. Os lugares voltam como um esforço de memória que fazemos para não morrer. Mesmo que o cinema seja um culto fantasmagórico, é a vida que se enseja, talvez um rastro e um lastro dela. É ainda uma tentativa de fazer renascer algo que já morreu, afinal, todo o passado de alguma maneira está morto. A nós, só é possível acessar o presente, o tempo de agora, que logo será passado e estará em alguma cova do inconsciente. Esse é um filme que remeteu a minha história, de como cheguei no cinema, como se a minha vida só tivesse começado quando o descobri. Creio que essas videoartes acumulem em si a história de todo cinéfilo.

Comentários

  1. Que texto brilhante! Estou muito emocionada! Muito bonito ver como marco Fialho navega pelas video artes com tanta sensibilidade, inteligência poética e percepções! Esse é o maior presente que um artista pode ganhar! OBRIGADA Marco Fialho!!!

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  2. ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️👏👏👏👏👏👏👏

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  3. Ler suas "viagens" adensa os sentidos das viagens de Patricia e Cavi. Adorei.

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    1. Obrigado Carlinhos, meu mestre, pelo incentivo de sempre.

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