Texto de Marco Fialho
Quero começar esse texto falando como são bem realizados diversos planos do documentário "Lista de desejo para Superagui", de Pedro Giongo, que me remeteu ao filme "Arraial do Cabo", de 1960, dos diretores Paulo Cezar Sarraceni e o famoso fotógrafo de cinema Mario Carneiro.
Esses planos precisos, bem enquadrados como uma espécie de registro do trabalho dos pescadores e do seu tempo, talvez seja a maneira que o diretor encontrou de manifestar o seu amor aos personagens e o ofício de pescador. Fora isso, o documentário não consegue penetrar muito na alma dos personagens Martelo e Cajá (pai e filho).
O ritmo do filme de Pedro Giongo entoa o mesmo evocado pelos personagens, suas músicas locais, seus rituais religiosos, mas também que não esquece da luta dos moradores pela dignidade do trabalho e da vida dos moradores dessa ilha paradisíaca, mas dura de quem trabalha e sonha, tudo ao mesmo tempo agora.
O único senão do filme são algumas cenas que vislumbram momentos que ficam deslocados dentro da narrativa, como o surgimento de um grupo de mulheres que se organizam para exigir melhores condições de trabalho. São situações que flutuam no meio da trama, que a princípio estava centrada no cotidiano de Martelo e Cajá.
Mas "Lista de desejo para Superagui" se impõe por sua beleza plástica e a realidade que servem de base para se pensar um país diverso culturalmente, onde o trabalho sempre é visto como algo tão complexo e envolto em camadas tanto em relação ao tempo quanto a sua funcionalidade. Os sonhos ainda podem habitar em um mapa de um suposto tesouro e mostrar que talvez o mais importante do que achar o ouro seja a eterna busca pela esperança.
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