Texto de Marco Fialho
"Vidas Passadas", dirigido por Celine Song, é um filme coreano que mora numa bifurcação. A história fala da relação entre um coreano (Hae Sung) e uma coreana (Nora) que vai morar no Canadá na infância e depois em Nova York na vida adulta. Até os doze anos eles estudaram juntos, disputavam quem era melhor aluno na escola, além de rolar aquela paquerinha básica entre eles. Por incrível que pareça, o filme não consegue sair dessa vida sitiada no passado.
A imagem principal do filme acontece quando eles se despedem numa bifurcação antes da viagem dela para o Canadá, o que faz com que eles não se vejam durante 20 anos. O filme narra a história desse momento decisivo, em que ele demora a perceber que desde aquela bifurcação da infância, a vida entre eles já havia traçado rumos inconciliáveis.
Mas esse é um filme que apesar de ser bem realizado tecnicamente, chove no molhado e pouco acrescenta às centenas de filmes sobre amores não correspondidos. A trama se mostra bem frágil e banal, com os simbolismos já batidos e em determinados momentos com cenas que parecem requentadas de romances bem mais quentes.
Talvez um dos elementos que mais fruste em "Vidas Passadas" seja as interpretações, em especial a falta de luz cênica de Greta Lee como Nora. John Magaro, como Arthur, o marido norte-americano também não ajuda. Quem segura mais o filme é Teo Yoo (Hae Sung), que ainda tem alguns lampejos de carisma.
O tom meloso da direção, principalmente na criação de uma ambiência regada por uma música daquelas que sublinha o que a cena já está a dizer, faz tudo parecer banal por demais. Nada surpreendente nem encanta nessa "Vidas Passadas", já que o roteiro já vai entregando no decorrer da trama o quanto aquele desejo de Hae Sung era despropositado, sem sentido e jamais seria realmente correspondido (como aliás nunca foi).
Assim "Vidas Passadas" passou por mim, como um xarope com a data de vencimento vencida e sem sabor. As cenas da visita do coreano ao Estados Unidos beiram o constrangimento, com o marido pacientemente assistindo a tudo com um olhar de assombro. E o meu olhar se coadunou com o de Arthur, assombrado com a banalidade de um filme que fica mais de 90 minutos parado na mesma encruzilhada.
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