Texto de Marco Fialho
Esse "Kansas City" está longe de figurar entre os melhores Altman, embora não seja de se jogar fora. Vale ressaltar a bela fotografia e direção de arte e a ótima atuação do elenco, com destaque para Harry Belafonte, Miranda Richardson e Jennifer Jason Leigh. Altman consegue traçar um painel da sociedade norte-americana do início dos anos 1930, dominada por políticos corruptos e pela violência nas relações cotidianas.
A trama se passa em pouco mais de 24 horas e enquanto os personagens se confrontam, os músicos de jazz de uma das locações do filme, não param jamais de tocar, bem no estilo de que por trás do espetáculo musical algo estava em ebulição. Como é comum nos filmes de Altman, os planos são muito bem pensados e nesse "Kansas City" vemos vários posicionamentos de câmera soberbos, em especial com uso de espelhos, que brincam com perspectivas de uma burguesia hipócrita que pouco dialogam com as camadas mais pobres da sociedade. Blondie (Jennifer J. Leigh), uma fora da lei, representa o amor, enquanto Carolyn (Miranda Richardson), o interesse financeiro; a primeira é pobre e luta para sobreviver com Johnny (Dermot Mulroney), o marido que vive de pequenos ganhos, até que é capturado por Seldom (Harry Belafonte), um grande criminoso de Kansas City.
É um enredo baseado na diferença de classe e sobre os políticos corruptos compradores de voto. "Kansas City" não consegue manter o ritmo o tempo todo, mas é interessante como o jazz vai serpenteando o filme. Tem uma cena específica em que Altman parece se perder em uma apresentação de jazz, com músicos improvisando e a câmera se deliciando com o som que sai dos saxofones, quando vemos o filme fica de lado para que o espectador possa curtir a beleza da música. Mais Altman do que isso não tem.
Verei
ResponderExcluirUma vez me perguntaram sobre possíveis pontos de contato entre as mulheres de Altman e as mulheres de Almodóvar. Fiquei devendo
Os melhores filmes do Altman são os dos anos 1970, em especial, "Três mulheres", com a Shelley Duvall, e amo também "Onde os homens são homens" (1971), com a Julie Christie, um faroeste estupendo, com a cara do Altman, contemplativo e insólito.
ExcluirTrês mulheres .. lembro do impacto que tive. Onde os homens... Não conheço. Será que acho no YouTube? Acabei de ver Kansas.. Valeu rever. Mas não posso deixar de mencionar Dr T e as mulheres e Short curso.
ResponderExcluirShort cuts...
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