Texto de Marco Fialho
"Rosa: a narradora de outros brasis" é um documentário em homenagem à carnavalesca, figurinista, cenógrafa e professora Rosa Magalhães. Uma pena que o filme não esteja à altura dessa grande artista do nosso Carnaval, retratada praticamente em um único plano, o que torna o registro enfadonho em diversos momentos. Faltou ainda vermos imagens dos desfiles conforme a carnavalesca falava sobre eles ou de croquis a mostrar suas ideias e concepções sobre a arte carnavalesca.
Alguns momentos são interessantes mais pelo discurso da personagem do que pela maneira como ela foi filmada. Há ainda depoimento de professores, carnavalescos e estudiosos da obra de Rosa que discursam acerca da riqueza de seu trabalho. Logo no início, Rosa explica que ser carnavalesca propiciou a ela ser diretora, artista, professora em um único combo e isso a fascinou seguir pela profissão. Aluna de Arlindo Rodrigues e Fernando Pomplona (na Faculdade de Belas Artes), a arte de Rosa Magalhães marcou uma época em que os desfiles reafirmaram a presença do luxo e o desenvolvimento dos carros alegóricos em importantes elementos dos desfiles das Escolas de Samba e os desafios para superar os desfiles do carnavalesco da Mocidade Independente de Padre Miguel, Renato Lage, nos anos 1990, quando Rosa defendia a Imperatriz Leopoldinense.
O documentário passa rápido pelos principais desfiles da carnavalesca, com destaque para o ano de 1982, com a vitória inconteste do Império Serrano, com o exótico tema sonoro "bum bum paticumbum prugurundum". Vemos ainda imagens do barracão da Acadêmicos do Tuiuti, em 2023, despedida oficial de Rosa Magalhães do Carnaval Carioca. Alguns croquis de roupas são mostrados pelos diretores, talvez as melhores imagens do trabalho cuidadoso que Rosa fazia nos bastidores, o que indica que poderíamos ter mais dessas imagens no filme. Faz falta não ver Rosa Magalhães trabalhando no barracão ou mesmo nos bastidores, seja desenhando ou discutindo suas ideias com a equipe de carnaval da escola de samba.
No todo, ficam umas ideias interessantes no ar, como a visão de Rosa sobre o Carnaval: "no Carnaval, o povo mostra que é criativo ao superar as limitações da vida". A melhor parte do documentário está no final, quando a câmera flagra um poema de uma de suas aderecistas sobre o sagrado feminino. É um longo poema, mas que muito diz acerca da presença das mulheres no Carnaval brasileiro. "Rosa: a narradora de outros brasis" falha ao não mostrar o principal: os sambas e os desfiles que cairiam como uma luva aos depoimentos dela e dos outros entrevistados.
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