Diz-se que cada ser humano é um universo em si, embora o mesmo possa ser dito também de um lugar qualquer, por menor que ele seja. Penso aqui em um quintal, um gracioso quintal. Poderia dizer até que é um jardim, mas qual seria a diferença entre um e outro visto que essa diferença possa ser ínfima, ou mesmo de difícil precisão? Talvez a diferença seja mais organizativa do que de forma, já que em um quintal cabe um jardim enquanto o inverso jamais seria possível. Um quintal é anárquico, uma balbúrdia, uma festa de vida e alegria, nele cabe um universo, ou melhor conforma-se um universo. Ali tem tudo, coabitam famílias de bichos, invasores diversos e a escuridão, o mistério noturno. Nele há um desenho cubista traçado por árvores frutíferas portentosas a ofertar suntuosas sombras nos dias de calor. Meu quintal é assim, receptivo e convidativo, prestes a me sorrir com uma manga, uma acerola ou um cajá-manga. Nos dias mais festivos me brinda com um limão galego para uma caipirinha relaxante...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)