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DIVINAS DIVAS (2016) Direção Leandra Leal

Divas de ontem e de sempre

Por Marco Fialho


Sinopse

Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram, na década de 1970, o grupo que testemunhou o auge de uma Cinelândia repleta de cinemas e teatros. O documentário acompanha o reencontro das artistas para a montagem de um espetáculo, trazendo à cena as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.


A atriz Leandra Leal vem de uma família tradicional da cena teatral e televisiva brasileira. Apesar de ainda ser jovem, já conquistou prestígio, fama e reconhecimento como uma das atrizes mais importantes de sua geração. Quando anunciou o projeto “Divinas Divas” muitos devem ter se questionado se ela por trás das câmeras atingiria os mesmos resultados do que obteve à frente delas. Bem, a dúvida é respondida nesse filme de estreia, onde ela reafirma sua versatilidade artística. 


As tais divas do título do filme são as “travestis”, ou as transformistas”, utilizando o linguajar pejorativo da época, que nos anos 1970 brilhavam e abalaram a noite carioca com shows e performances no Teatro Rival. Como o teatro pertencia a sua família, o documentário vem carregado de uma enorme carga emocional, do tipo, “ninguém melhor do que eu para contar essa história”. Esse é o ponto forte dessa obra, a verdade de uma diretora que à época, ainda criança bem pequena, transitava livremente nas coxias dos espetáculos que traziam personagens incomuns e com trajes audaciosos. 


A ideia de Leal é também a de reviver, ou melhor, reeditar em nossos tempos aqueles espetáculos que tanto a influenciaram na decisão de seguir na mesma profissão da mãe. Mas tamanha paixão pelo tema acaba acarretando algumas cenas a mais para o filme, mas que não comprometem o grande prazer que é ver e conhecer melhor a carreira dessas artistas tão vibrantes e apaixonadas pela profissão. A presença desses corpos, mesmo já idosos, é de uma força impressionante e impõe um respeito desmedido. Assim esse filme pode ser uma importante porta aberta para se combater preconceitos de gênero, pois o carisma dos personagens em cena não permite sequer aflorar uma manifestação sequer de intolerância. É na sua afirmatividade espontânea e na sua faceta celebratória que “Divinas Divas” cresce como obra.


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