O artista e a fumaça
Sinopse
Em uma íntima jornada, o documentário narra sobre os anos que formaram a vida do cineasta David Lynch. Desde sua criação idílica em uma pequena cidade até as ruas escuras de Filadélfia, acompanhamos Lynch à medida que ele traça os eventos principais para a sua formação, assim como para o seu estilo cinematográfico enigmático.
A primeira informação importante para compartilhar a respeito do filme “David Lynch, a vida de um artista” é a de que não se trata propriamente de um documentário sobre a sua carreira cinematográfica, o que pode a princípio causar uma certa decepção aos fãs de seu enigmático cinema. Mas esse fato, ao contrário do que se possa imaginar, ao invés de enfraquecer a proposta a enriquece, pois o que pouco se conhece é a sua relação com as artes visuais como um todo, onde o cinema está incluído.
Outra reflexão importante se ser feita é a de que o filme ao falar de seu processo de criação artística e de sua visão sobre a arte, vida e muito de sua infância, nos possibilita ampliar o nosso conhecimento acerca de sua forma de pensar o mundo, o que contribui muito para quem tem curiosidade sobre o universo artístico que envolve a fantástica obra de David Lynch.
O filme se sobressai ao trabalhar um David Lynch mais intimista, mergulhado no seu ateliê, no seu fazer artístico como artista visual. Fica a impressão de que Lynch influenciou muito o trio de diretores Jon Nguyen, Rick Barnes e Olivia Neergaard-Holm na concepção dessa obra, falando apenas sobre o que o interessava e revelando muito pouco (quase nada mesmo) sobre sua faceta mais pública e suas obras cinematográficas.
Mas David Lynch nos mostra facetas que podem ser ampliadas para sua obra como um todo. Fala muito de sua infância, seus pesadelos e permite o acesso às facetas sombrias de sua formação como indivíduo. Os diretores colocam David Lynch em conexão direta com o público, sem intermediários e comentários de terceiros sobre ele ou sua obra. O intimismo e a atmosfera sombria (visíveis nos filmes mas também na sua obra pictórica) também se revelam na opção de se filmar no seu ateliê, onde a fotografia salienta uma certa sensação de claustrofobia dos depoimentos, na sua relação com o espaço de trabalho e na fumaça do ambiente, que muito diz sobre a dificuldade de se penetrar na sua excêntrica personalidade deste artista genial.
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