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O CINEMA E AS ARTES CÊNICAS - Dicas de filmes para quarentena


Cinema, teatro e poesia no campus | FACCAT - Faculdades Integradas ...













Por Marco Fialho

As Artes Cênicas estão na base do cinema e isso é um fato. Desde a sua origem, a genética do cinema está inoculada por elas. O teatro, o circo e a dança sempre estiveram presentes no cinema e hoje ainda estão. De Meliès, passando por Griffith, Chaplin, Keaton, Fellini e tantos outros, essas três artes centenárias contaminaram e se misturaram ao cinema. A própria popularização do cinema muito se deve a arte transbordante e circense de Charles Chaplin e seu Carlitos.

O próprio impulsionador da narrativa cinematográfica, David W. Griffith, veio do teatro. Meliès pensava seu cenário e enquadramento como um palco de teatro. O peso das primeiras câmeras impunham a imobilidade, ficando para os atores a mobilidade dentro desse palco delimitado pelo enquadramento fixo da câmera. Mas essa relação entre cinema e artes cênicas germinou tanto que durante toda a história do cinema seus ecos foram ouvidos, o que resultou em muitas vezes obras ora cativantes ora densas, provocativas e até mesmo permeadas pelo hibridismo. 

Devido ao grande número de filmes aqui indicados, resolvi dividir os filmes em grupos para facilitar o entendimento sobre as possibilidades existentes nessa relação entre cinema e artes cênicas. Claro que como qualquer lista, por mais numerosa que ela seja jamais se dará conta do todo. De qualquer forma, ofereço aqui um volume expressivo de dicas de filmes dentro de uma ideia de classificação das obras. Primeiro pensei em organizar os filmes por ano, mas creio que não daria conta de importantes aproximações possíveis, que os grupos que aqui organizei podem trazer para quem acessar esse conteúdo. Esse é o início de uma pesquisa sobre essas relações. Qualquer ideia ou dicas vindas de leitores serão analisadas sua aceitação para uma possível inclusão.

Os grupos de filmes serão organizados da seguinte forma:     
1) O teatro, o circo e a dança em cena;
2) Filmes adaptados de peças de teatro
3) O cinema e William Shakespeare
4) Especial Nelson Rodrigues no cinema



O TEATRO, O CIRCO E A DANÇA EM CENA
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SATYRICON (1969)
Direção: Federico Fellini
Livremente adaptado da obra de Petrônio, Fellini consegue conferir a ela uma atmosfera que mescla algo de psicodelia e teatro grego. O contemporâneo invade implacavelmente a antiguidade clássica, criando um visual repleto de artificialismo cênico e tão colorido como o circo.
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OS VISITANTES DA NOITE (1942)
Direção: Marcel Carné 
O uso das artes cênicas pode trazer ao filme algo de mágico e é isso que Carné faz com seu filme. Nele vemos menestréis inundam a tela de lirismo, nessa clássica obra do realismo poético francês. 

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TRILOGIA FLAMENCA - CARLOS SAURA
Direção: Carlos Saura
Bodas de sangue (1981), Carmen (1983), Amor bruxo (1986)
Essa trilogia é uma obra-prima de Saura e tudo começou com a adaptação de Saura para a peça teatral de Federico Garcia Lorca, com destaque para as participações de Antonio Gades, Paco De Lucia e Cristina Hoyos. Um espetáculo apaixonante sobre a influência cigana na cultura espanhola.

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VOCÊS AINDA NÃO VIRAM NADA (2011)   
Direção: Alain Resnais
Aos 90 anos de idade, Resnais exibe mais uma vez sua verve criativa que parecia ser infinita. Ele estabelece uma espécie de jogo e provocação cênica com seus atores (ótimos por sinal). É o eterno perguntar sobre as possibilidades infinitas da criação artística e aqui mais especificamente do texto teatral.

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O BOULEVARD DO CRIME (1945)
Direção: Marcel Carné
Ousadia narrativa marca esse épico inusitado e cativante. Aqui os artistas são tratados como integrantes do povo. Uma mistura explosiva amor, submundo e filme histórico, no melhor estilo do realismo poético francês. Destaque para a participação do ator/mímico Jean-Louis Barrault. 
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PERSONA (1966)
Direção: Ingmar Bergman
Obra máxima de Bergman, retrata a crise de uma atriz que resolve se isolar do mundo após sofrer uma crise durante uma apresentação da peça Electra de Sófocles. Uma enfermeira é escalada  para cuidar dela e a partir de então se estabelece uma difícil relação entre elas, onde as máscaras da vida e do teatro são cada vez mais evidenciadas. Drama introspectivo, uma obra-prima de grande densidade dramática, onde o teatro engendra a linguagem cinematográfica como poucas vezes se viu. De tabela, um show de interpretação de Liv Ullmann e Bibi Andersson.

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NA PRESENÇA DE UM PALHAÇO (1997)
Direção: Ingmar Bergman
Nesse filme, a cada cena o teatro vai assumindo o protagonismo. Bergman dialoga com as duas linguagens que ele tanto se dedicou em sua carreira: a do cinema  e a do teatro, a ponto de uma filmagem de cinema se transformar em teatro. Na presença de um palhaço é uma declaração de amor de Bergman à força e o poder transformador do teatro.

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DOLLS (2002)
Direção: Takeshi Kitano 
Seguindo a tradição de apuro visual do cinema japonês, Takeshi Kitano realiza em "Dolls" uma obra calcada no tradicional teatro de marionetes Bunraku. Um belo exercício artístico que consegue juntar a tradição milenar com histórias contemporâneas que versam sobre as dores do amor.     

A Viagem do Capitão Tornado - 1990 | Filmow
A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1990)
Direção: Ettore Scola
Obra mágica que acompanha a arte mambembe de uma trupe medieval. O filme mescla o cotidiano duro desses artistas com um universo fantasioso da vida "profissional" deles. Destaque para a atuação de Massimo Troisi. Um filme que nos faz lembrar do memorável clássico do Ingmar Bergman "Sétimo selo". 

Resultado de imagem para A carruagem de ouro capa
A CARRUAGEM DE OURO (1952)
Direção: Jean Renoir
Obra impecável do mestre Renoir, uma grande homenagem à Comédia Dell'arte e que também aborda as relações entre arte e poder. Destaque para a grande atuação da atriz Anna Magnani.

Resultado de imagem para o sétimo selo
O SÉTIMO SELO (1957)
Uma ode de Bergman ao teatro e a vida. Diante da eminência da morte o teatro entra como uma possibilidade de elevação na Terra. Uma atuação marcante de Max Von Sydow e Bibi Andersson, além da icônica e inesquecível presença física da morte misteriosamente incorporada por Bengt Ekerot.

Tangos, el exilio de Gardel - Filme 1985 - AdoroCinema
TANGOS, O EXÍLIO DE GARDEL (1985)
Direção: Fernando Solanas
"Tangos" une teatro, cinema e política de maneira poética e contundente. Solanas realizou uma obra de resistência à ditadura militar argentina, baseada em um grupo de teatro exilado em Paris, que tem como objetivo montar uma peça. Curioso como o filme se organiza como uma peça, em atos. Um filme hoje que é pouco visto e comentado, mas que foi premiado no Festival de Veneza de 1985. Destaque para a trilha sonora exuberante de Astor Piazzolla.    

Vou Para Casa - Filme 2001 - AdoroCinema
VOU PRA CASA (2001) 
Diretor: Manoel de Oliveira
Ator em crise emocional abandona inesperada e abruptamente uma peça "O Rei está morrendo", de Ionesco. Filme que discute de maneira veemente o papel do teatro e das artes na humanidade. Destaque para à mise-en-scène afiada de Manoel de Oliveira e à atuação magistral de Michel Piccoli.

Trem da Vida - 5 de Setembro de 1998 | Filmow  
TREM DA VIDA (1999) 
Direção: Radu Mihaileanu
A força da arte como resistência é o que mais chama a atenção nesse manifesto pela vida e relações humanas. Vindo da Romênia, "Trem da vida" opta pelo humor para retratar a realidade trágica da guerra. Destaque para a direção de Radu Mihaileanu que dá conta de uma mise-en-scène dinâmica, com muitos atores envolvidos.

Dogville – Wikipédia, a enciclopédia livre
DOGVILLE (2003)
Direção: Lars Von Trier
Antes de escolher a polêmica como marca registrada, Von Trier realizou obras impressionantes e "Dogville" talvez seja a mais impactante e criativa. A referência teatral é notória na maneira como o espaço se organiza, por isso o mair destaque é a proposição da cenografia do filme.

A VIAGEM DOS COMEDIANTES - Theo Angelopoulos - DVD
A VIAGEM DOS COMEDIANTES (1975)
Direção: Théo Angelopoulos  
Angelopoulos é o cineasta grego mais profícuo que conhecemos. Em "Viagem dos comediantes" ele junta teatro, literatura e cinema. Uma trupe teatral viaja pela pela história da Grécia e sua cultura. Destaque para os diversos planos-sequências que organizam o filme. 

Jogo de Cena - Filme 2007 - AdoroCinema
JOGO DE CENA (2006)
Direção: Eduardo Coutinho
Aparentemente, esse filme nada tem de teatral, mas se observarmos bem veremos que ele atinge em cheio um elemento central no jogo cênico: a representação. Não à toa os depoimentos acontecem em um palco. Destaque para o truque engendrado por Coutinho de confundir depoimentos de atriz com o de não atrizes.

DVD Poderosa Afrodite - Mira Sorvina - Amz - Filmes de Comédia ...
PODEROSA AFRODITE (1995)
Direção: Woody Allen
Mais do que fazer uma simples adaptação, Allen opta por incorporar, com humor, o próprio coro grego. Por isso mesmo, o maior destaque do filme é esse coro greco, fora a interpretação de Mira Sorvino como uma ingênua prostituta.

Noite de Estréia - Filme 1977 - AdoroCinema
NOITE DE ESTREIA (1977)
Direção: John Cassavetes   
Se John Cassavetes nunca impressionou como ator, como diretor foi fundamental para o cinema independente. Trabalhou muitas vezes como ator para financiar seus filmes autorais. Em "Noite de estreia" a excepcional Gena Rowlins vive uma atriz de teatro em crise existencial. Mais uma obra pulsante, de intensidade à flor da pele, ao melhor estilo Cassavetes.

O Maior Espetáculo da Terra - Dvd
O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA (1952)
Direção: Cecil B. DeMille
Cecil B. DeMille pode ser apontado como um diretor ligado a grandes produções e aqui não é diferente ao mergulhar no universo das apresentações circenses. O destaque fica para as longas cenas onde vemos artistas realizando seus shows incríveis. 

Mephisto - 1981 | Filmow
MEPHISTO (1981)
Direção István Szabó
 Filme premiadíssimo, inclusive com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, baseado no romance de Klaus Mann, aborda a vida de um ator de teatro talentoso que se deixa cooptar pelo nazismo em troca de dinheiro e posição social. Mephisto é a reencenação do Fausto de Göethe, que vende sua alma ao diabo. Destaque para o trabalho fenomenal de Klaus Maria Brandauer como o ator em busca de prestígio junto aos nazistas.                               

Lola Montes - 23 de Dezembro de 1955 | Filmow
LOLA MONTÈS (1955)
Direção: Max Ophüls 
Requinte, apuro visual e narrativo definem essa obra-prima do cinema francês, em que coloca o circo e seus personagens como protagonistas nessa obra. Os movimentos de câmera de Ophüls são uma aula de cinema, assim como a sua proposta de narrativa descontínua. Espetáculo imperdível, com destaque para o talento da atriz Martine Carol, como Lola Montès.        

SPACETREK66 - DVD O HOMEM QUE RI 1928
O HOMEM QUE RI (1928)
Direção: Paul Leni
A história de Victor Hugo teve uma versão recente em 2012, mas não se iluda, a versão de 1928, marcada por fortes traços do expressionismo alemão é muito mais bem realizada. Aqui a deformidade social é tratada a partir da deformidade física de um homem quando este vira atração de circo. O trabalho do ator Conrad Veidt é tão impactante que influencia o trabalho de atores ainda hoje, basta pensar as visíveis semelhanças entre o Coringa de Joaquim Phoenix e o Gwynplaine de Veidt.          

Amazon.com: Il Rito (Dvd+E-Book): ingrid thulin, ingmar bergman ...
O RITO (1969)
Direção: Ingmar Bergman
A ideia de "O rito" está relacionada com as duras críticas que Bergman vinha sofrendo de suas peças teatrais. Mesmo sendo produzido para a televisão, Bergman nos entrega uma obra densa, que encara a censura conservadora vinda tanto de esferas oficiais quanto do público e o contraponto do dever e necessidade de independência do artista perante a sua obra. Destaque para os planos próximos opressores que junto com a fotografia sombria de Sven Nykvist muito dizem acerca das intenções de Bergman ao criar esse telefilme.

Noites de Circo - Filme 1953 - AdoroCinema
NOITES DE CIRCO (1953)
Direção: Ingmar Bergman
Mais uma ode de amor ao teatro desse genial cineasta sueco, só que dessa vez, o enfoque é na penúria da vida dos artistas de circo. A fotografia expressionista de Sven Nykvist acentua esse quadro de dificuldades cotidianas. Destaque para a interpretação Anders Ek.  
   
Underground - Mentiras de Guerra - 1995 | Filmow
UNDERGROUND (1995)
Direção: Emir Kusturica
Kusturica realiza com "Underground" uma obra soberba, exuberante e grandiosamente provocativa. Ele consegue juntar uma série de guerras acometidas no território da Sérvia no século XX, não como um inventário, mas sim como um mosaico que esbarra na estética surrealista. Há também traços fellinianos nessa obra que arrebatou o Festival Cannes de 1995 por sua proposta de teatralizar a vida. Destaque para o estilo vertiginoso e inconfundível de Kusturica em conduzir sua direção.

 
QUERELLE (1982)
Direção: Rainer Werner Fassbinder
Mesmo sendo inspirada em uma novela e não em uma peça, a sua autoria é do importante dramaturgo francês Jean Genet. Fassbinder emprega uma cenografia artificial, toda recriada em estúdio, o que aproxima muito o filme de uma atmosfera teatral. Destaque para a bela fotografia que transita entre o amarelo e o vermelho e acentua ainda mais o artificialismo da proposta.

Fale com Ela - 15 de Março de 2002 | Filmow
FALE COM ELA (2002)
Direção: Pedro Almodóvar
A sensibilidade de Almodóvar é por demais conhecida e em "Fale com ela", o consagrado diretor espanhol estava com as emoções a flor da pele. Não casualmente logo na primeira cena vemos a encenação de "Café Müller", o estupendo espetáculo da coreógrafa Pina Bausch. O espetáculo detona as emoções intensas que virão mais à frente. Destaque para a atuação de Javier Cámera e para a participação musical de Caetano Veloso, cantando a bela canção "Cucurrucucu Paloma". 

A Alma da Gente – Wikipédia, a enciclopédia livre
A ALMA DA GENTE (2013)
Direção: Helena Solberg e David Meyer
Documentário cativante sobre o projeto desenvolvido pelo coreógrafo Ivaldo Bertazzo na Favela da Maré (RJ). O filme trabalha o processo que abarca muito mais do que um mero processo de criação de uma arte coletiva, apesar de também ser isso, mas como as artes conseguem provocar um diálogo sobre a sua presença transformadora na vida das pessoas. Destaque para a pesquisa da dupla de diretores e para a montagem que agrega dois momentos temporais diferentes do projeto de Ivaldo.

O Baile - 21 de Dezembro de 1983 | Filmow
O BAILE (1983)
Direção: Ettore Scola
filme inusitado do mestre do cinema italiano Ettore Scola, todo filmado em um único espaço: um salão de dança. Um grupo de bailarinos encenam o século XX por meio de música, dança e figurino. Sem diálogos, "O baile" é uma obra ousada e muito bem fotografada por Ricardo Aronovich. Destaque para os figurinos muito bem pensados para nos situar em cada momento histórico retratado.

A Balada de Narayama - 1958 | Filmow
BALADA DE NARAYAMA (1958)
Direção: Keisuke Kinoshita
Drama belíssimo que foi refilmado em 1983 por Shohei Imamura. O filme se passa em uma pequena comunidade japonesa e fala de um antigo costume em que pessoas ao chegarem aos 70 anos teriam que morrer nas montanhas sozinhas. O destaque dessa versão de 1953, é que Kinoshita filmou essa tocante obra sob a influência do tradicional teatro Kabuki. Reparar também no apuro visual do filme e na sua exuberante fotografia.

Acima das Nuvens - Filme 2014 - AdoroCinema
ACIMA DAS NUVENS (2015)
Direção: Olivier Assayas
O diretor Olivier Assayas vem se destacando dentro do cenário do cinema contemporâneo francês e "Acima das nuvens" é uma dessas obras consistentes que realizou recentemente. A personagem de Juliette Binoche é uma atriz convidada para participar de uma nova versão de um antigo sucesso, mas agora sob a pele de uma personagem mais velha. Crise de identidade e uma das facetas mais cruéis da vida de um ator, a da constatação do envelhecimento. Destaque para a competência de sempre de Jiuliette Binoche. 


Paris nos Pertence - Filme 1958 - AdoroCinema

  PARIS NOS PERTENCE (1960)
Direção: Jacques Rivette
Um dos ícones da Nouvelle Vague Francesa, Rivette faz uma bela celebração da vida nesse seu filme de estreia. O teatro como metáfora para a nossa grande capacidade de reinvenção da vida. Destaque para a liberdade narrativa desse filme, bem ao gosto da nava onda que nascia com esses novos cineastas. 

Viagem à Lua - Filme 1902 - AdoroCinema
VIAGEM À LUA (1902)
Direção: Georges Méliès
Esse filme tão marcante para o cinema, reafirma a teatralização como uma marca dos primeiros cinemas. Como as primeiras câmeras eram muito pesadas, o que dificultava sua movimentação no set cinematográfico. Méliès abusa da presença de atores nessa "Viagem à lua", mas o filme se destaca pelas trucagens cinematográficas rebuscadas. Sem dúvida um filme ousado e criativo para 1902.   

Meu Jantar com André - 1981 | Filmow    
MEU JANTAR COM ANDRÉ (1981)
Direção: Louis Malle
Esse instigante filme de Louis Malle põe o teatro no centro das discussões entre dois amigos de personalidades distintas. Um filme que consegue mergulhar de forma profunda sobre o papel do teatro na vida e no mundo. Destaque para a dupla de atores (Andre Gregory e Wallace Shawn) que contracenam maravilhosamente. Só falta um respiro entre as cenas.

César Deve Morrer – Wikipédia, a enciclopédia livre
CÉSAR DEVE MORRER (2012)
Direção: Paolo e Vittorio Taviani
Premiado filme dos irmãos Taviani sobre a montagem da peça "Julio Cesar" de Shakespeare em um presídio. O encantamento desse filme está na sua capacidade de expressar o valor da arte para a integração de um coletivo, artístico ou não, em prol de um trabalho. A valorização do processo, da superação de diferenças e da possibilidade de estabelecer novas relações humanas fazem desse filme uma preciosidade sem igual. Destaque para o elenco todo formado por pessoas em condição presional.

366filmesdeaz: 68 - Moscou (Moscou) – Brasil (2009)
MOSCOU (2008)
Direção: Eduardo Coutinho
Coutinho acompanha a montagem do Grupo de teatro mineiro Galpão para a clássica peça de Tchekov, "As três irmãs". O interesse de Coutinho era mostrar esse processo de criação, suas curvas, suas dúvidas. O interessante é que aqui temos dois processos que correm em paralelo: o grupo de teatro a buscar sua forma e um cineasta a buscar seu filme. Em "Moscou" você não verá a peça em si e talvez nem o filme em si.

Film (film) - Wikipedia
FILM (1965)
Direção: Alan Schneider e Samuel Beckett
Experimento cinematográfico com duração de 20 minutos concebido pelo dramaturgo Samuel Beckett. Minimalista, filosófico e intrigante. Um homem velho esgueira-se pelas ruas até chegar em seu arruinado apartamento, um pequeno cubículo claustrofóbico. Sem diálogo, o personagem de "Film" busca um isolamento e se desfaz dos rastros de qualquer ser vivo. Ver Buster Keaton em um filme de 1965 já valeria muito à pena, mas "Film" também vale por lembrar as experiência inusitadas dos surrealistas franceses dos anos 1920.     

Irei Como um Cavalo Louco - 22 de Novembro de 1973 | Filmow
IREI COMO UM CAVALO LOUCO (1973)
Direção: Fernando Arrabal
O dramaturgo Fernando Arrabal se aventura pelo cinema numa proposta surrealista de um homem que junto a um eremita vive experiências e devaneios ao se comunicar com animais. Filme libertário, para mentes que se permitam realizar as viagens desse transgressor e pungente pensador contemporâneo.     

Pedalando com Molière - Filme 2013 - AdoroCinema
PEDALANDO COM MOLIÈRE (2013)
Direção: Philippe Le Guay
Mesmo sendo bastante açucarada na sua proposta, o filme se vale em alguns aspectos. Um deles são os conflitos e dúvidas do personagem em crise que promove um auto-exílio, um ator que está insatisfeito com os rumos de sua carreira, e claro, uma peça de Molière pode mudar sua perspectiva. Destaque para a atuação do grande ator Fabrice Luchini como o ator em crise.
        
Lírio Partido - 13 de Maio de 1919 | Filmow
LÍRIO PARTIDO (1919)
Direção: David Griffith
Esse é um ótimo exemplar da influência do teatro no início do cinema. Griffith conta com dois cenários que vão se revesando e se modificando no decorrer das filmagens. Um drama de amor brutal, diferente dos seus épicos clássicos ("O nascimento de uma nação" (1915 e "Intolerância" (1916). Destaque para a presença de Lilian Gish, grande estrela do cinema mudo, que numa das carreiras mais longevas do cinema, trabalhou como atriz até 1987 (no filme "Baleias de agosto").

Os Palhaços - Filme 1970 - AdoroCinema
OS PALHAÇOS (1970)
Direção: Federico Fellini
Esse documentário não convencional entrega antes de tudo a paixão de Fellini pelo circo, e mais especificamente, pelos palhaços. O fato dele mostrar muitas apresentações também evidencia o mesmo. Circo e sonho são elementos que caminham juntos na filmografia felliniana e aqui não é diferente. Fellini fala com amor de uma profissão que segundo ele está morrendo. Um misto de alegria e tristeza marcam a beleza desse filme, assim como a vida desses seres tão especiais. "Os palhaços" não dexa de ser também uma homenagem a Giulietta Masina, a palhaça preferida de Fellini.     

depois do ensaio, ingmar bergman - Livraria do Teatro
DEPOIS DO ENSAIO (1984)
Direção: Ingmar Bergman
O teatro sempre foi a maior paixão de Bergman e "Depois do Ensaio" tem um quê de autobiográfico. É o mergulho na complexidade que é viver e viver de teatro. Destaque para a dupla de atores Lena Olin e Erland Josephson.

Mishima: A Life in Four Chapters – Wikipédia, a enciclopédia livre
MISHIMA: UMA VIDA EM QUATRO TEMPOS (1985)
Direção: Paul Schrader
Filme intenso sobre o controvertido escritor Yukio Mishima. O diretor e roteirista Paul Schrader divide o filme em 4 episódios. Destaque para a cenografia teatral, inusitada e criativa. Outro destaque é a música precisa de Phillip Glass a pontuar cada momento da vida do escritor. 

Pina (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
PINA (2011)
Direção: Win Wenders
Win Wenders, Herzog e Godard são exemplos de diretores que investiram na realização de filmes em 3D. Wenders foi o que mais usou e Pina foi a sua primeira experiência. É isso mesmo, esse é um filme em 3D sobre a coreógrafa alemã Pina Bausch. O trabalho de Bausch pela desconstrução do corpo em nossa sociedade cada vez mais normatizada e mecanizada é ressaltada nesse instigante documentário. Destaque para o apuro visual do filme, que mesmo em 2D consegue manter a sua beleza imagética. Em 3D então nem se fala.            


FILMES ADAPTADOS DE PEÇAS TEATRAIS

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ESTE MUNDO É UM HOSPÍCIO (1944)
Direção: Frank Capra
Para quem gosta de um humor cáustico, este é um filme perfeito. E quem conhece Capra pelo drama natalino "A felicidade não se compra" pode até estranhar sua face mais ácida. Dois elementos ligam o filme ao teatro. 1) Ser uma adaptação da peça teatral de Joseph Kesselring; 2) O protagonista, vivido pelo sempre excelente Cary Grant, ser um crítico teatral e o nosso destaque vai justamente para a sua atuação de gala nesta hilária obra.

Filme: «Amar, Beber e Cantar » 01/04, 19h - Espaço Le Corbusier ...
AMAR BEBER E CANTAR (2014)
Direção: Alain Resnais
Último filme de Resnais, essa obra adaptada da peça de Alan Ayckbourn, trata da montagem de uma peça. Aqui o filme é motivado por uma peça, tudo bem ao estilo de Resnais, que desde seu primeiro longa "Hiroshima mon amour" se notabilizou em cultivar formas ousadas em suas narrativas. Um filme terno de um experiente diretor que acredita na força do coletivo na criação artística. Destaque para a cenografia nada realista desse sensível e derradeiro drama de um mestre do cinema.

As Duas Vidas de Mattia Pascal - 1985 | Filmow
AS DUAS VIDAS DE MATTIA PASCAL (1985)
Direção: Mario Monicelli
Esse filme foi inspirado em um romance de um dos maiores dramaturgos italianos, Luigi Pirandello. Encontramos nessa comédia de costumes, uma crítica ferrenha à sociedade burguesa italiana. Produção requintada e luxuosa em que se destaca a grande parceria entre o astro Marcello Mastroianni e o diretor Mario Monicelli.    

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TARTUFO (1925)
Direção: F. W. Murnau
Um ano antes de realizar "Fausto", de W. Goethe, Murnau filmou "Tartufo", do dramaturgo francês Molière. Murnau, genial como sempre, se aproveita bem do talento de Emil Jannings no papel título para explorar a hipocrisia social e humana. Destaque para o roteiro soberbo de Carl Meyer. 

Fando e Lis - 1968 | Filmow
FANDO & LIS (1968)
Direção: Alejandro Jodorowsky
Sensacional encontro do mestre chileno Jodo com o grande dramaturgo espanhol Fernando Arrabal. O filme conta a história fantasiosa de um casal na busca por uma cidade mítica, a única ainda existente na Terra, que encontra-se destruída. Jodo abusa dos simbolismos em suas cenas para falar de uma época pós-apocalíptica. Destaque para a direção arrojada de Jodorowsky. 

Eles Não Usam Black-tie (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
ELES NÃO USAM BLACK-TIE (1981)
Direção: Leon Hirszman
Nessa adaptação de Hirszman para  o cinema, ele contou com uma dupla ajuda do autor da peça, Gianfrancesco Guarnieri: como coautor do roteiro e como protagonista no filme. Trata-se de um drama político contundente sobre operários que lutam por aumento de salários e melhoras de condições de trabalho. Destaque para o elenco, que conta com a sempre irretocável dama do teatro e cinema Fernanda Montenegro. 

Uma Rua Chamada Pecado - 18 de Setembro de 1951 | Filmow
UMA RUA CHAMADA PECADO (1951)
Direção: Elia Kazan 
Obra-prima do cinema essa adaptação de Elia Kazan para a clássica peça de Tennessee Williams (Um bonde chamado desejo). Texto, montagem, atores, fotografia e cenografia, são elementos muito bem azeitados. Como manter sonhos em um mundo tão rude? Um belo exercício do método actor's studios, no qual o mestre Kazan impulsionou o mergulho dos atores em seus personagens, o que modificou a maneira de atuar no cinema americano. Destaque para as atuações de Brando e Vivien Leigh.     

De Repente, No Último Verão - 1959 | Filmow
DE REPENTE, NO ÚLTIMO VERÃO (1960)
Direção: Joseph L. Mankiewicz
Tennessee Williams é um dos dramaturgos mais densos dos Estados Unidos e nessa obra a dramaticidade vai longe. Liz Taylor está no auge de sua beleza e talento e Mankiewicz é o diretor ideal para esse drama psicologicamente denso. A atuação dos atores é algo a ressaltar nessa obra com um final revelador.   

Gata em Teto de Zinco Quente - 1958 | Filmow
GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE (1958)
Direção: Richard Brooks
Nessa obra Tennessee Williams comprova que escrevia sobre todas as classes sociais. Aqui são os ricos seus personagens. Williams não gostou dessa versão cinematográfica de sua peça e muitos criticam o fato de que Brooks (um dos roteiristas do filme) apenas sugestiona a homossexualidade que na peça é evidente. Destaque para a dupla de atores Paul Newman e Liz Taylor (como a bela mulher não satisfeita sexualmente pelo marido).   

Infâmia | Trailer legendado e sinopse - Café com Filme
INFÂMIA (1961)
Direção: William Wyler
Filme baseado na peça da dramaturga Lilian Hellman em que põe em evidência os preconceitos sociais. Expõe como uma sociedade conservadora lidaria com a possibilidade da existência de uma relação lésbica e sua criminalização. Wyler não esconde na sua encenação a origem teatral do texto. Destaque para a atuação das atrizes Audrey Hepburn e Shirley MacLaine.                 

Conduzindo Miss Daisy Dvd Original Lacrado Morgan Freeman... - R ...
CONDUZINDO MISS DAISY (1989)
Direção: Bruce Beresford
Muitos não sabem, mas esse filme super premiado no Oscar foi baseado na peça de Alfred Uhry, que também assina o roteiro do filme. Essa obra expõe o racismo norte-americano numa relação entre uma idosa aristocrática (Jessica Tandy) e o seu recém-contratado motorista negro (Morgan Freeman). Tandy arrebatou o Oscar de atriz em 1990 por essa sua atuação. Morgan foi indicado, mas quem levou a estatueta pra casa foi Daniel Day Lewis (Meu pé esquerdo).      

Incêndios - Filme 2010 - AdoroCinema
INCÊNDIOS (2010)
Direção: Denis Villeneuve
Esse filme colocou o nome de Villeneuve em total evidência. O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011, mas quem levou foi o dinamarquês "Em um mundo melhor"(Susanne Bier). O filme é baseado na peça de Wajdi Mouawad e o que mais se destaca é o incrível trabalho de Villeneuve de apagar qualquer traço de peça em seu filme. 

Deus da Carnificina - Filme 2011 - AdoroCinema
DEUS DA CARNIFICINA (2011)
Direção: Roman Polanski
A própria autora da peça, Yasmina Reza, em parceria com o diretor Polanski assinam o roteiro dessas adaptação teatral. Interessante reparar que a estrutura da encenação preserva o aspecto da teatralidade. A atuação dos quatro atores protagonistas é o destaque desse filme que trata de maneira pessimista os limites da tolerância e a resiliência humanas.

Quem Tem Medo de Virginia Woolf? - Filme 1966 - AdoroCinema
QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF (1966)
Direção: Mike Nichols
Para quem gosta de intensidade super indico esse filme de Mike Nichols. Baseado na peça de Edward Albee, aqui os limites humanos são testados. Liz Taylor no melhor papel de sua carreira faturou o Oscar de melhor atriz por esse filme, em que interpreta uma alcoólatra casada com um professor de história .    

Tudo Sobre Filme : Museu Guido Viaro apresenta "Edipo Rei".
ÉDIPO REI (1967)
Direção: Pier Paolo Pasolini
Pasolini, como de costume em sua trajetória cinematográfica, atualiza para uma visão contemporânea essa peça clássica de Sófocles. Pasolini muda a ordem cronológica da peça e opta por imagens duras dessa tragédia. Ressalta também aspectos sociais de Tebas, em especial as descrições da peste que assolou a então região grega. As diversas andanças de Édipo e os diversos cenários percorridos, afirmam uma visão cinematográfica, enquanto que as interpretações nos aproximam de uma ideia de teatralização. Filme difícil, mas necessário de ser visto.                               

senhorita julia, alf sjöberg, senhorita julia alf sjöberg ...
SENHORITA JÚLIA (1950)
Direção: Alf Sjöberg
Adaptação para o cinema da mais conhecida peça do grande dramaturgo sueco August Strindberg, que como de hábito em suas obras, destilava suas críticas ferrenhas à burguesia sueca. Em "Senhorita Julia", a crítica central está nas diferenças entre as classes e a quase impossível capacidade de mobilidade existente quando uma sociedade é marcada por uma forte hierarquização. Uma crítica à família, religião e a ambição humana. Destaque para a interpretação marcante da atriz Anita Björk.           
Filme Oleanna | CineDica
OLEANNA (1994)
Direção: David Mamet
De todas as adaptações que fez de suas próprias peças para o cinema, talvez seja "Oleanna" a que mais guardou suas origens teatrais. Mamet nos oferece uma visão ampla e desconcertante sobre as diversas maneiras de manifestação do poder existentes nas relações hierarquizadas . Uma obra de câmera, intimista, forte e questionadora. Destaque para a interpretação de William H. Macy.            

Dvd American Buffalo - Filme
AMERICAN BUFFALO (1996)
Direção: David Mamet
Baseada na sua própria peça homônima (1975), "American Buffalo" é uma obra sobre a ambição humana. O filme é leve e sem grandes arroubos narrativos, aliás bem ao feitio da maioria das obras cinematográficas de Mamet. Mas é o elenco competente e o texto afiado de Mamet o que consegue segurar nossa atenção nesse filme bastante despretensioso.                 

O SUCESSO A QUALQUER PREÇO - O Rei do Faroeste
SUCESSO A QUALQUER PREÇO (1992)
Direção: David Mamet
Baseado em sua própria peça homônima de 1984, "Sucesso a qualquer preço" é um estudo por dentro do sistema capitalista, seu processo cruel que envolve ambições em um dos espaços mais representativos do sistema, uma imobiliária. Um elenco estelar é o grande destaque do filme.

Dvd - Portal Do Inferno ( Jigokumon ) De Teinosuke Kinugasa - R ...
PORTAL DO INFERNO (1953)
Direção: Teinosuke Kinugasa
"Portal do inferno" foi o primeiro colorido japonês a ser lançado fora do país. Dá para imaginar o quanto encantado ficou o público ao assisti-lo. Sua exuberância no uso das cores até hoje impressiona, e muito. O filme é baseado na peça Kan Kikuchi e ainda conta com fortes influências dos teatros tradicionais japoneses Nô e Kabuki. Destaque para o cuidado e esmero na direção de arte de Hiroshi Ozawa.                 

Um Limite Entre Nós DVD - Saraiva
UM LIMITE ENTRE NÓS (2016)
Direção: Denzel Washington
O filme revela uma direção impecável de Denzel. Um drama consistente e intenso de uma família afro-americana e suas vicissitudes. Baseada na peça de August Wilson, que também roteirizou o filme. Mas o destaque dessa obra vigorosa é a atuação de Denzel e sobretudo a de Viola Davis, que está arrebatadora como Rose Maxson.

O Sol Tornará a Brilhar - 29 de Maio de 1961 | Filmow
O SOL TORNARÁ A BRILHAR (1961)
Direção: Daniel Petrie
Um texto pungente, assim pode ser definido essa obra formidável, cujo roteiro foi escrito pela própria dramaturga Lorraine Hansberry, que foi a primeira negra a ter um texto encenado na Broadway. Basicamente o filme se passa no ambiente do apartamento da família negro. O grande destaque é o texto brilhante de Lorraine, em que todas as vicissitudes pelas quais passa uma família negra do Norte na época da luta pelos direitos civis. A atuação da matriarca, vivida pela atriz Claudia McNeil, é de estarrecer, assim como a de Sidney Poitier. Um filmaço que deveria ser visto por todos.                 

O CINEMA E WILLIAM SHAKESPEARE

Trono Manchado de Sangue - Filme 1957 - AdoroCinema
TRONO MANCHADO DE SANGUE (1957)
Direção: Akira Kurosawa
Kurosawa foi um dos maiores gênios da mise-en-scène no cinema. Suas adaptações shakespearianas são umas das mais originais já realizadas. Em "Trono manchado de sangue" ele consegue unir o bardo inglês com a tradição do teatro Nô japonês. Assim, Kurosawa é duplamente influenciado aqui pelo teatro, uma façanha e tanto. Destaque para o ator Toshiro Mifune, irretocável como o rei fraudulento e Isuzu Yamada, como sua assombrosa esposa.     

Ran - Filme 1985 - AdoroCinema
RAN (1986)
Direção: Akira Kurosawa
Adaptação primorosa de Kurosawa para a peça Rei Lear. Um pai no final da vida vê perplexo seus filhos brigarem pela sucessão do seu trono. A forma na qual o mestre Kurosawa trabalha a cor no seu filme é de encher os olhos e alma. Densidade, rigor estético, interpretativo e pictórico de mais uma obra-prima incontestável. Há de reparar no talento de Tatsuya Nakadai como o rei ancião.
HOMEM MAU DORME BEM - Akira Kurosawa - DVD
HOMEM MAU DORME BEM (1960)
Direção: Akira Kurosawa
Essa obra de Kurosawa, apesar de se passar no mundo contemporâneo traz em sua concepção uma grande inspiração shakespeariana. A trama de corrupção, traição e intrigas que tão bem caracterizam esse universo. Note-se também uma influência do filme Noir norte-americano. A presença de Toshiro Mifune sempre é um atrativo à parte nas tramas de Kurosawa.

A Última Tempestade - 30 de Agosto de 1991 | Filmow
A ÚLTIMA TEMPESTADE (1991)
Direção: Peter Greenaway
A ousadia, a inventividade, a descontinuidade e o hibridismo são marcas do polêmico realizador inglês Peter Greenaway. Nunca espera dele o convencional. Aqui, literatura, teatro, artes visuais, música, tudo vira linguagem para essa adaptação de Shakespeare para lá de inovadora. É Greenaway sendo Greenaway e atraindo para si manifestações exultantes de ódios e amores. Destaque para o grande ator shakespeariano John Gielgud como Próspero.

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SORRISOS DE UMA NOITE DE AMOR (1955)
Direção: Ingmar Bergman
Essa é uma obra de Bergman inspirada em "Sonhos de uma noite de verão", mas cuja história foi deslocada para o início do século XX. É uma obra madura, que fez muito sucesso e prestígio para Bergman se afirmar como cineasta. Transita magnificamente entre uma comédia e um drama romantizado. Traz discussões interessantes sobre as agruras do amor.Destaque para o ator Gunnar Björnstrand, o mais constante na filmografia bergmaniana e pouquíssimo citado. Ainda tem a presença iluminada de Harriet Andersson (estrela de Monika e o desejo).             

SONHOS EROTICOS DE UMA NOITE DE VERÃO - Woody Allen - DVD
SONHOS ERÓTICOS DE UMA NOITE DE VERÃO (1982)
Direção: Woody Allen
Versão bem-humorada de Allen para o clássico "Sonhos de uma noite de verão". Allen realiza uma mistura entre Shakespeare e Bergman (que filmou Sorrisos de uma noite de amor inspirado no mestre do teatro inglês). O curioso é que apesar de ser um filme de época, tudo nele soa muito contemporâneo, ao melhor estilo das comédias de Allen. Filme que ainda trazia Mia Farrow como sua musa inspiradora.

Dvd Hamlet, Kenneth Branagh, Julie Christie 2 Dvds 1981 + - R$ 76 ...
HAMLET (1996)
Direção: Kenneth Branagh
Kenneth Branagh é um dos mais respeitáveis shakespearianos do teatro e cinema ingleses. "Hamlet" é a sua produção mais cara e luxuosa que produziu baseada em uma peça de Shakespeare. Apesar dessa grandiosidade, o filme possui uma cenografia essencialmente cinematográfica, com reconstituições primorosas, o que destoa do texto excessivamente teatral, o que faz com que as peças não se encaixem. Destaque para um elenco estelar que tem além do próprio Branagh, nomes como Depardieu, Jack Lemmon, Charlton Heston, Robin Williams, Kate Winslet e Julie Christie.        

Dvd - Muito Barulho Por Nada - ( Much Ado For Nothing ) - R$ 195 ...
MUITO BARULHO POR NADA (1993)
Direção: Kenneth Branagh
Essa comédia shakespeariana é para mim uma das melhores adaptações de Branagh para uma obra do bardo inglês. O teatro e o texto teatral aqui adentram com suavidade, como um eco e isso traz leveza para esse filme. Mais uma vez Branagh mostra sua capacidade de reunir um elenco estelar de peso. Aqui ele contracena com Denzel Washington, Keanu Reaves, Emma Thompson, Michael Keaton, Robert Sean Leonard e Kate Beckinsale,   

Henrique V - 6 de Outubro de 1989 | Filmow
HENRIQUE V (1989)
Direção: Kenneth Branagh
"Henrique V" é o primeiro trabalho de Branagh como diretor no cinema. O que mais chama atenção é o quanto ele ainda está tomado por suas experiências precedentes na televisão. Essa obra muito se alinha a um conceito televisivo e o texto muito marcado pelas entonações teatrais de projeção de voz. Como sempre nas obras de Branagh, o elenco é o que impressiona. Aqui ele tem astros incontestes como Judi Dench, Emma Thompson, Ian Holm, Derek Jacobi e Paul Scofield. 

Othello (1995 film) - Wikipedia
OTHELLO (1995)
Direção: Oliver Parker
Uma adaptação de Oliver Parker para essa obra de Shakespeare. Talvez seja a mais equilibrada na relação entre as linguagens do cinema e do teatro, mas falta uma personalidade na direção de Parker, o que não é comum em seus trabalhos. Destaque para a escolha de um ator negro, Laurence Fishburne, para viver o papel do mouro Othello. Mais uma trama repleta de traições, ciúmes e brigas pelo poder, no melhor estilo shakespeariano.                                             

Othello (1951 film) - Wikipedia
OTHELLO (1952)
Direção: Orson Welles
A aproximação de Orson Welles com a obra de Shakespeare sempre foi algo para além da admiração e inserida como arcabouço teórico de sua concepção cinematográfica. Em Othello, Welles embrenha-se na tragédia da peça com soluções eficazes no texto e nas escolhas dos elementos cinematográficos. Destaque para a precisão de Welles na direção dessa densa obra.                                          

Ricardo III - Um Ensaio - 11 de Outubro de 1996 | Filmow
RICARDO III - UM ENSAIO (1996)
Direção: Al Pacino
Essa é mais do que uma adaptação e o incrível é que ela não foi realizada por um diretor renomado, mas sim por Al Pacino, um ator consagrado. Esse "Ricardo III - um ensaio" fala do processo da montagem da peça título, mas vai além, resgata também a importância de Shakespeare para o nosso mundo, o que traz para essa obra um quê de relevante e original.         

Badaladas à Meia-Noite, Diretor Orson Welles * Melhores Filmes
FALSTAFF: O TOQUE DA MEIA-NOITE (1965)
Direção: Orson Welles
Essa é uma obra mais desconhecida de Shakespeare e também de Welles. O conhecimento de Welles sobre a obra do bardo inglês era tanta que se deu ao luxo de fazer esse filme, em que ele escolhe um personagem que aparece em três obras shakespearianas para criar uma história só para esse personagem. Estilisticamente essa é uma comédia burlesca, livre, leve e solta e assim a câmera igualmente se comporta flutuando sobre as cenas. Welles, para variar dá o seu show de sempre.    

Macbeth - Reinado de Sangue - 1948 | Filmow
MACBETH: REINADO DE SANGUE (1948)
Direção: Orson Welles
A versão de Welles para Macbeth é soturna, com fortes traços expressionistas. Welles não tinha muitos recursos para realizar o filme e optou por a adoção de econômicos cenários teatrais. Há uma predominância narrativa pela imagem, enquanto o texto shakespeariano é posto em segundo plano. Destaque para a atmosfera criada por Welles, onde as neblinas muito dizem sobre a história narrada.

Hamlet (1948) | Cineplayers
HAMLET (1948)
Direção: Laurence Olivier
A versão de Olivier é a mais clássica de todas e de certo modo serviu de base para todas as outras que vieram em sequência. A influência da escola inglesa é evidente. Destaque para a interpretação do próprio Laurence Olivier como Hamlet. 

DVD Macbeth - Roman Polanski: Amazon.com.br: DVD e Blu-ray
MACBETH (1971)
Direção: Roman Polanski
A versão de Polanski para Macbeth é densa, mas possui adaptações textuais, já que o inglês elisabetano de Shakespeare é aqui amenizado. Já em relações às imagens, Polanski busca criar percepções cinematográficas no tratamento dos planos e enquadramentos escolhidos. Destaque para a produção caprichada, com riqueza de detalhes nos figurinos e cenários.


ESPECIAL NELSON RODRIGUES NO CINEMA

Boca de Ouro (1963) – Wikipédia, a enciclopédia livre
BOCA DE OURO (1963)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
"Boca de ouro" é uma obra contundente. Nessa adaptação à obra homônima de Nelson Rodrigues, a crítica social é frontal e uma oportunidade para Nelson Pereira dos Santos desenvolver seu cinema preocupado com as contradições sociais no Brasil. Um bicheiro que arranca todos os seus dentes saudáveis para colocar implantes de ouro são em si uma metáfora sobre uma suposta superação da miséria. Destaque para a atuação de Jece Valadão como o protagonista Boca de Ouro.     

Os 7 Gatinhos – Wikipédia, a enciclopédia livre
OS SETE GATINHOS (1980)
Direção: Neville D'Almeida
Podemos dizer que "Os sete gatinhos" é uma obra que aponta o dedo para o patriarcalismo brasileiro. E com certeza é a interpretação de Lima Duarte que garante que isso fique bem evidente. No filme, os homens são construídos como animais exercendo seu poder sexual sobre as mulheres. Assédios e estupros são as consequências mais latentes desses comportamentos desviantes.   

Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende – Wikipédia, a ...
BONITINHA, MAS ORDINÁRIA OU OTTO LARA RESENDE (1981)
Direção: Braz Chediak
A mistura de humor e erotismo rodriguiano no cinema brasileiro talvez tenha seu ápice em "Bonitinha, mas ordinária". O filme trabalha também as diferenças sociais, mas não morais. Pobres e ricos estão suscetíveis à lascívia e se entregam aos seus instintos sexuais. Destaque para Lucélia Santos e sua interpretação como a jovem Maria Cecília.             
A Dama do Lotação (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
A DAMA DO LOTAÇÃO (1978)
Direção: Neville D'Almeida
Esse papel reafirmou Sônia Braga como o sex symbol brasileiro dos anos 70 e 80, já conquistado em seu papel anterior no filme "Dona Flor e seus dois maridos". Em "A dama do lotação" o sexo se torna o motor da sua libertação sexual, um prato cheio para Neville A'Almeida, cineasta vindo da estética underground desfiar os seus atributos lascivos. Além da entrega de Sônia Braga ao papel de Solange, o destaque fica para a participação de Nelson Rodrigues assinando o roteiro junto com o diretor Neville.             

Toda Nudez Será Castigada (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA (1973)
Direção: Arnaldo Jabor
Nessa versão, a obra de Nelson Rodrigues é levada ao limite a sexualidade da sua obra. Ao narrar a história de um viúvo que se encanta por uma prostituta, Jabor expõe a faceta hipócrita, altamente reprimida, repleta de desvios morais e culpabilidade da sexualidade brasileira. Destaque para a interpretação de Darlene Glória como a prostituta Gina.

A Falecida (filme) – Wikipédia, a enciclopédia livre
A FALECIDA (1965)
Direção: Leon Hirszman
Talvez uma das melhores adaptações de Nelson Rodrigues para o cinema. O grande acerto do cinemanovista Hirszman é conseguir fugir do texto teatral e construir uma obra essencialmente cinematográfica. Destaque para a cena onde a personagem Zulmira (Fernanda Montenegro) se delicia longamente na chuva, um marco de nosso cinema.

O Beijo no Asfalto (1980) – Wikipédia, a enciclopédia livre
O BEIJO NO ASFALTO (1981)
Direção: Bruno Barreto
Uma obra ousada para época que aborda uma sociedade preconceituosa e reprimida. Boa direção de Bruno Barreto eque ainda traz a hoje reclusa atriz Lidia Brondi no elenco.

O Beijo no Asfalto - Filme 2017 - AdoroCinema
O BEIJO NO ASFALTO (2017)
Direção: Murilo Benício
Em sua estreia na direção, Murilo Benício realiza um filme rebuscado e audacioso. A proposta em preto e branco tem como base a desconstrução do espaço cênico e cinematográfico. Um filme-processo, profundamente humano e crítico ao mundo que nos forma e conforma. Destaque para a presença luminosa da grande dama do teatro e do cinema Fernanda Montenegro.      

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