Por Marco Fialho
Para quem conhece o universo denso e pesado do diretor Kiyoshi Kurosawa, famoso sobretudo pela atmosfera de horror de seus filmes, pode estranhar esse "O fim da viagem, o começo de tudo", um drama de personagem, intimista, com toques de aventura, suspense e musical. O carisma da atriz Atsuko Maeda nos envolve a cada cena, interpretando a jovem impetuosa, mas ao mesmo tempo assustada repórter Yoko.
Yoko vive um conflito. Ela precisa realizar reportagens pitorescas sobre o desconhecido Uzbequistão, cuja língua ela não domina sequer o mínimo e em seu tempo livre se atira em vôos cegos nos recantos desse estranho país, com visíveis ranços machistas e cercado por exóticas mitologias envolvendo animais.
Kiyoshi Kurosawa vai despretensiosamente construindo uma história singela, crítica aos formatos superflúos do jornalismo de variedades (que diga-se de passagem não é só um fenômeno japonês), ao mesmo tempo em que tece um universo de delicadezas dessa jovem mulher, repleta de sonhos, como tantos de nós. Kurosawa então trabalha uma dubiedade típica da contemporaneidade, a da angústia humana de viver entre a imaginação e a dura realidade. Uma obra emotiva sim, mas jamais piegas, embalada pela terna canção "Hino ao amor", imortalizada na voz incomum de Edith Piaf. Um filme para ser visto com o coração na mão.
Visto no Estação Net Botafogo 3, no dia 15/09/2019.
Cotação : 4/5
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