O cinema como matéria do existir Crítica de Marco Fialho Há muito tempo um filme não me mobilizava tanto quanto "Arábia". O que passa à nossa frente é de grande impacto, uma profusão de sentimentos e de encontros. E é justamente por meio de um encontro inusitado e casual entre um rapaz e um caderno repleto de anotações que somos apresentados a um personagem. Curiosamente já havíamos visto esse personagem, mas ele parece apenas nascer para nós a partir da leitura de seus pensamentos, ou melhor, a partir da sua fabulação sobre a sua vida, como se a nossa parca existência precisasse desse processo de autofabulação para poder existir. E isso para mim é o que mais fascina em "Arábia", fazer necessário o próprio existir do cinema por meio da nossa memória, como bem diz nosso Cristiano o que fica é a nossa lembrança de tudo que vivemos. E devido a isso essa obra nos soa tão pulsante, pois ela nos fala fundamentalmente do cinema, do seu processo para existir, da neces...
Blog de crítica de cinema de Marco Fialho, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema)